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Compositor Vicente Barreto lança novo álbum

Álbum tem participações de Zeca Baleiro, Maria Beraldo, Alessandra Leão, Ricardo Herz, Rafa Barreto, Rodrigo Caçapa, entre outros, e estará disponível em formato digital e CD. A direção geral e artística é de Manu Maltez

 

Lançado pelo Selo Sesc, o décimo segundo disco do compositor, cantor e violonista baiano Vicente Barreto, “Paleolírico“, chega às Lojas Sesc em CD e também estará disponível nas plataformas de áudio e Sesc Digital a partir de 23 de setembro.

Vicente tem uma longa trajetória como compositor e um vasto repertório de parcerias com artistas da música popular brasileira, como Vinicius de Moraes, Tom Zé, Alceu Valença, Paulo César Pinheiro. Esse último, parceiro frequente, compartilha com Vicente a autoria da faixa “Roda de Capoeira”, escolhida como single para anunciar o lançamento do álbum.

 

Repertório

O repertório acompanha uma investigação arqueológica das memórias musicais mais antigas do compositor nascido em Salgadália, distrito de Conceição do Coité, no interior da Bahia, mas criado na cidade de Serrinha. O disco tem onze canções, 10 inéditas, e inclui uma homenagem a Niède Guidon, arqueóloga franco-brasileira conhecida mundialmente por sua luta pela preservação do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí. Há também no álbum uma composição com um poema de Miró da Muribeca, escritor e poeta pernambucano falecido no último mês de julho.

Nesse caminho de retorno às paisagens da infância, me deparei com a ideia de um instrumento que existe no Nordeste, chamado sanfona de oito baixos, ou sanfona Pé de Bode. Essa sonoridade, que eu ouvia desde criança, é parte de uma atmosfera presente nas minhas lembranças mais antigas, relacionadas à música e aos cantadores, e foi a partir dela que eu comecei a compor esse disco. A sanfona Pé de Bode foi o mote e o esqueleto desse novo álbum. E eu trago a dinâmica dessa sanfona para o meu violão”, explica Vicente.

 

Busca por origens sonoras

Curiosamente, na empreitada de busca pelas origens sonoras, Vicente aponta para o futuro ao aliar-se a uma nova geração de parceiros, como seu filho Rafa BarretoMaria Beraldo, Caê Rolfsen, Alessandra Leão, Rodrigo Caçapa, Ricardo Herz, Zeca Baleiro, entre outros, e o multiartista Manu Maltez, também responsável pela direção artística do CD e projeto gráfico.

Para Maltez, “É um disco sobre o tempo. De um Vicente aos setenta anos escavando as memórias do menino de sete, para a pura invenção no agora”. E complementa: “O título do álbum, uma palavra que inventei para batizar/conceitualizar o disco, remete ao período de maior duração na história, ou pré-história, da espécie humana. Época em que éramos apenas caçadores e coletores, nômades, soltos por aí. Quiçá o tempo mais feliz de nossa espécie, quando já havíamos inventado a arte, mas não a agricultura e, por conseguinte, a exploração do trabalho, o excedente de produção, a mais valia, e assim por diante, até a bomba atômica, o fast food, os vibradores, as redes sociais. Acredito que todos trazem nos genes um fiapo de lembrança desse tempo antediluviano, desse nosso paraíso perdido, da infância da humanidade. Ao mesmo tempo, Paleolírico traça um paralelo com a infância de cada um, daquele tempo imensurável da criança, onde tudo é assombro e encantamento. De quando sabíamos falar a língua dos bichos, das árvores, das pedras. Paleolírico fala desses paraísos perdidos, por um instante reencontrados, na canção Vicentina, na poética Barretiana, sempre procurando (e achando) seu frescor.”

 

Album de memórias

A respeito do álbum, Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo, pontua: “As composições navegam pela memória pessoal do compositor, que é também uma memória sonora coletiva do interior do Nordeste brasileiro. Da menção ao violão que emula o som da sanfoninha Pé de Bode à alusão à flor que nasce do cimento na cidade de São Paulo, temos um inventário artístico de Vicente Barreto, em som e palavras. O Sesc apoia a valorização de nossas tradições sonoras, bem como a difusão dos novos expoentes da música nacional. Paleolírico, de Vicente Barreto, alia essas duas pontas – o tradicional e o experimental – numa produção cuidadosa, coerente e inventiva”.

Na cidade de São Paulo, na rede Sesc, o show de lançamento está previsto para o mês de novembro.

Luciana
Jornalista e editora, mestre em rádio e televisão.

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