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Por que educação é tão importante?

A educação é um dos direitos fundamentais de maior importância, não apenas no âmbito pessoal, mas para o desenvolvimento econômico do país.

 

Ao longo de toda a história da espécie humana as gerações mais velhas transmitiram conhecimentos e ensinaram crenças, práticas e culturas para as gerações mais novas. Podemos entender esses processos como uma educação mais ampla, diferenciando da educação institucional da modernidade e contemporaneidade.

A era moderna, a revolução industrial, o avanço da ciência estabelecem uma nova realidade, agora baseada no conhecimento e informação. Leitura, matemática e saber operar as tecnologias da sua época – seja uma máquina, um telégrafo ou um computador – torna-se conhecimentos e habilidades indispensáveis para uma vida plena em sociedade.

 

Educação e democracia

Hoje, a educação institucional é sobretudo a educação escolar. Reconhecida como direito universal, a educação escolar de crianças, adolescentes e jovens é obrigatória e condição fundamental para o exercício de uma vida democrática, condição para o desenvolvimento econômico pessoal e social, e, para a produção cultural humana.

O modelo republicano, de divisão de poderes (executivo, judiciário e legislativo), os processos eleitorais, o parlamento, a noção de direitos e deveres, entre outras coisas da vida democrática são elementos complexos, abstratos, que ordenam a vida em social. Isso são princípios aprendidos na escola e uma vida em democracia requer que as pessoas se comuniquem minimamente, tornando a leitura importante para a democracia como o direito ao voto.

Isso se conecta com outras dimensões, como a dimensão cultural e emocional das sociedades. As artes e o mundo da cultura são formas de interpretação do mundo em que vivemos. Essa produção está totalmente relacionada à capacidade de observar, analisar, interpretar e compreender o mundo. Essas habilidades devem e são – em diferentes contextos – estimuladas e desenvolvidas na escola.

Da mesma forma, a resiliência, a empatia, o controle da ansiedade, a capacidade de ouvir, a disposição para o trabalho em equipe, entre muitas outras habilidades socioemocionais também devem ser desenvolvidas na escola, como preparação para o mundo democrático e do trabalho. Países com altos níveis educacionais, são, em geral, também países com vasta produção cultural, alto capital social e boa confiança interpessoal. Além de estabilidade e segurança.

 

Educação e economia

Por conseguinte, reconhece-se a extrema relevância da educação para o desenvolvimento econômico. Num mundo onde conhecimento, inovação e tecnologia são os propulsores da economia avançada, a educação torna-se fundamental. Theodoro Schultz (1973) na década de 1970 trouxe o conceito de capital cultural para o debate econômico mundial. Seus estudos e extensas pesquisas mostraram que o investimento em educação e pesquisa é uma variável importante do crescimento econômico. Ele demonstra que a diferença entre um crescimento econômico alto e sustentado está no quanto se faz de investimento na formação de pessoas, portanto, em capital humano. 

Cinquenta anos depois, essa compreensão de Schultz apenas se confirma. Cada vez mais as exigências de conhecimento e informação são maiores, e quanto mais desenvolvimento educacional um país tiver, mais facilidade ele terá para entrar na economia do conhecimento; hoje baseada em patentes, softwares, códigos, algorítmicos, análise de dados, produção cultural especializada, economia criativa; técnicas e tecnologias logísticas, administrativas, informacionais; entre outros. O contrário disso é ter uma economia baseada em processos poucos intensos, como mineração, agropecuária ou indústria de baixa competitividade, como no Brasil.

O Brasil possuí significativos desafios no campo da educação. A começar por questões básicas ainda não resolvidas, como o analfabetismo, tanto o absoluto como o funcional. Em 2015 a taxa de analfabetismo no Brasil para pessoas com 15 ou mais era de 7,9%. Para pessoas com 25 anos ou mais era de 9,7%, percentuais ainda altos em pleno século XXI.

 

Educação no Brasil e analfabetismo funcional

Em 1950, a taxa de analfabetismo era de 50% da população de 15 anos ou mais, mostrando que houve avanço significativo ao longo dessas décadas. No entanto, essa taxa é uma referência bastante objetiva e limitada, não consegue destrinchar o nível de leitura das pessoas. Análises mais avançadas mostram que a capacidade de leitura, entre outras relacionadas ao conhecimento, no Brasil, estão muito aquém do padrão internacional e do mínimo aceitável para uma economia globalizada e baseada no conhecimento e inovação.

Segundo dados de proficiência em leitura do PISA 2018, apenas 25% dos jovens de Ensino Médio brasileiro conseguem atingir níveis razoáveis de leitura e interpretação de texto. Esses níveis exigem que os alunos consigam entender o sentido literal do texto, identificar conflitos argumentativos, consigam diferenciar fato de opinião, e, que possam produzir respostas minimamente críticas e analíticas.

Isso implica em reconhecer que a maioria dos jovens brasileiros de 15 anos – idade amostral do PISA – não consegue entender o que lê ou não é capaz de reagir criticamente ao que lê.

Tão drástico como o analfabetismo absoluto é o analfabetismo funcional, que impede o desenvolvimento social e econômico de qualquer sociedade. Hoje, diante da desinformação que crescentemente circula nas redes sociais, a capacidade de ler e fazer isso criticamente se torna também uma necessidade social e política para a vida democrática.

 

Países que mudaram os números na educação

Alguns países emergentes, que tinham índices educacionais semelhantes ou até piores que o Brasil em meados do século passado, hoje são referências mundiais. Finlândia e Coréia do Sul eram países pobres e com economias irrelevantes no pós-guerra. Hoje possuem índices educacionais elevados, PIB per capita maior que o brasileiro e uma economia complexa e integrada à ciência.

A própria China, que apesar de não ter resolvido o problema da integração de seu oeste rural, também é um exemplo de melhoria educacional e crescimento econômico. Na América Latina, Argentina, Chile e México também apresentam resultados interessantes e que mostram a possibilidade do Brasil, a maior economia da região, de fazer um turnround educacional. Construindo as bases para um desenvolvimento social e econômico sustentado, sustentável, avançado e integrado com os padrões de vida das melhores experiências internacionais.

 

 

 

 

Referências/Para saber mais:

Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2015. Disponível em:< http://atlasbrasil.org.br/>.

Mapa do Analfabetismo no Brasil. Brasília: INEP/MEC, 2001.

Relatório Brasil no PISA 2018. Brasília, INEP/MEC, 2019.

SCHULTZ, Theodore. O capital humano: investimentos em educação e pesquisa. Rio de Janeiro: Zahar, 1973.

 

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