Eurípides foi o mais jovem poeta da tragédia grega clássica. Nasceu em Salamina em 480 A.C. e faleceu em Pela no ano de 406 A.C. Eurípides se destacou em sua arte por destacar em seus trabalhos as agitações da alma humana, destacando a feminina.
Durante sua época, Eurípides, um observador de tudo que acontecia ao seu redor, percebeu que seus contemporâneos estavam vivendo de maneira descontrolada e sem qualquer parâmetro.
E para este poeta grego, as tradições eram importantes para uma sociedade de valores, que tem a necessidade de crescer e se desenvolver em ações e pensamentos.
Biografia
Como qualquer outro grande poeta de seu tempo, sobre Eurípides, não existem registros confiáveis, apenas lacunas que são preenchidas por especulações. Mas, segundo algumas informações, este poeta era austero e pouco sociável.
Eurípides era um apaixonado por debates de ideias, estudos e investigações, no entanto, tais qualidades lhe traziam mais aflições. Alguns historiadores alcunharam-no de “filósofo de teatro”. Não existem registros que comprovem seus estudos em uma escola para filósofos, mas que pertencia a grupos.
Durante sua existência, provavelmente devido as suas ideias, Eurípides foi considerado um marginal e por isso, acabou sendo satirizado por semelhantes, entre eles, podemos citar as comédias de Aristófanes.
Por isso e por causa de sua incompreensão à condição humana, Eurípides decide viver recluso, acompanhado apenas por seus preciosos livros, até o dia de sua morte, algum dia em 406 A.C. Para fins de registro, Sófocles, outro artista grego que já falamos por aqui, morreu dois anos depois.
O estilo de Eurípides
Por se tratar de um ser pensante e reflexivo, para ele, os mitos nada mais eram que uma coleção de histórias que tinham como finalidade perpetuar a crença sobre concepções primitivas.
É por essa razão que Eurípides registra em seus trabalhos a história dos vencidos ou negados. Um grande exemplo disso podemos encontrar em As Troianas. Nesta obra, o autor relata as histórias e, detalhe, em um tempo que a mulher nem era considerada parte da sociedade.
Esse é um detalhe extremamente importante na carreira de Eurípides. Seu estilo era único e o diferenciava de seus contemporâneos. Existia um rompimento na veia criativa dos poetas daquela época, como dito acima, Eurípides observava o outro lado da moeda, com isso gerou cenas memoráveis e analises psicológicas primorosas.
As tragédias de Eurípides não contavam com a participação da realeza ou dos deuses. Ele preferia se inspirar em pessoas mais próximas de sua realidade, e por isso, seus personagens eram, camponeses que viviam ao lado de príncipes, ambos compartilhando a mesma importância.
Eurípides buscou inspiração nas guerras, levando ao público a sua realidade fria e sem glória. Também aproveitou para criticar a religião e chamar atenção do mundo para a existência dos excluídos, como: escravos, velhos e mulheres.
Eurípides também revolucionou a parte técnica das obras gregas. Foi ele o responsável em adicionar o Prólogo à peça, ou seja, a parte que apresenta aquilo que irá passar. Também criou o deus ex machina, que era utilizado para o final da peça.
Eurípides era um defensor da honra e respeito feminino e por essa razão, se esforçava tanto para destacar a mulher e coloca-la em seu devido lugar na sociedade, porém, devido a essa necessidade e gana, Eurípides, em diversos momentos, pareceu machista, ao digamos, exagerar demais em suas descrições.
De todos os poetas gregos, Eurípides foi o único a ser premiado nas competições tão poucas vezes, mesmo contando com um acervo de 92 peças. Talvez, tal número tenha alguma coisa a ver com o fato da escolha de seus protagonistas.
No final do século V, A.C., contou com uma súbita popularidade, algo que acabou acontecendo nos séculos subsequentes. Eurípides, como mencionado, foi um dos poetas que menos venceu as competições de seu tempo, no entanto, atualmente, sua importância é muito maior que seus contemporâneos.
Os recursos empregados em seus trabalhos, serviram de base para alguns gêneros que, atravessaram séculos e mais séculos, como por exemplo: comédia nova, novela, drama e o melodrama. Seus primeiros trabalhos foram apresentados em 445 A.C., mas só começou a vencer em 441 A.C.
Eurípides foi o último dos grandes poetas gregos e, apesar de não ser um dos maiores vencedores, além de sua capacidade de criar técnicas para facilitar a dramaturgia, são as suas obras, as que mais chegaram até nós em números. Conheça abaixo uma lista com suas obras.
Tragédias de Eurípides
- Alceste (438 a.C., segundo prêmio)
- Medeia (431 a.C., terceiro prêmio)
- Os Heráclidas (c. 430 a.C.)
- Hipólito (428 a.C., primeiro prêmio)
- Andrômaca (c. 425 a.C.)
- Hécuba (c. 424 a.C.)
- As Suplicantes (c. 423 a.C.)
- Electra [Há uma outra tragédia grega, homônima de Eurípedes (o Electra, de Sófocles)]. (c. 420 a.C.)
- Héracles (c. 416 a.C.)
- As Troianas (415 a.C., segundo prêmio)
- Ifigênia em Táuris (c. 414 a.C.)
- Íon (c. 413 a.C.)
- Helena (412 a.C.)
- As Fenícias (c. 410 a.C., segundo prêmio)
- Orestes (408 a.C.)
- As Bacantes e Ifigénia em Áulide (405 a.C., póstumas, primeiro prêmio)
Tragédias incompletas
-
- Telephus (438 aC)
- Cretans (c. 435 aC)
- Stheneboea (antes de 429 aC)
- Bellerophon (c. 430 aC)
- Cresphontes (c. 425 aC)
- Erechtheus (422 aC)
- Phaethon (c. 420 aC)
- Wise Melanippe (c. 420 aC)
- Alexandros (415 aC)
- Palamedes (415 aC)
- Sisyphus (415 aC)
- Captive Melanippe (412 aC)
- Andromeda (412 aC junto com Helena, dele)
- Antiope (c. 410 aC)
- Archelaus (c. 410 aC)
- Hypsipyle (c. 410 aC)
- Philoctetes (c. 410 aC)