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The HandsMaid’s Tales

Nos últimos anos a mídia tem falado muito sobre feminismo e totalitarismo no mundo atual. Com essa avalanche de informações, e claro, pessoas pesquisando e falando sobre, fez com que a TV também buscasse utilizar isso no entreternimento.

Mas ao contrário de muitos filmes, que decidiram colocar a mulher como personagem principal e salvadora do mundo, a série The HandsMaid’s Tale chega trazendo esse tema através de um mundo distópico, onde as mulheres são mais inferiorizadas que atualmente.

A série e o livro se baseiam em um mundo onde as mulheres já não conseguem dar a luz. A maioria se tornou estéril e as que conseguem engravidar possuem um alto nível de abortos espontâneos. A raça humana está finalmente se extinguindo.

Um grupo radical religioso toma o poder nos Estados Unidos e recria  o país com o nome Gilead. Com bases bíblicas do velho testamento, eles voltam a por a patriacardo no poder e as mulheres devem obediência a eles. Elas são separadas por castas, com códigos de vestimentas e cores.

Como em qualquer distopia, as proibições são grandes. Nada que enalteça os 7 pecados capitais é permitido: produtos industrializados não são mais comercializados, nada de revistas ou livros, televisão, e por aí vai. Mas o pior está nas decicisões das atividades das mulheres: aquelas que conseguiram ter filhos e não faziam parte da seita, são obrigadas a copular com os homens para engravidar.

Basicamente, elas são estupradas todo mês, até que engravidem. Após o nacismento, o filho é retirado de seus braços e passa a fazer parte da família que ela reside. Após a amamentação a aia é enviada para outra família e voltar ao ciclo estupro/gestação/amamentação.

Não é uma história bonita, é dolorosa e crua como as distopias de Orwell (1984) e BradBury (Adimirável Mundo Novo).

Nada novo, tudo transformado

Atwood não inventou códigos de postura e vestimentas para a sua história, tudo foi baseado em situações que já aconteceram em alguma parte do mundo. Em entrevista dada há alguns meses, Atwood falou:

“Organizar pessoas de acordo com o que elas vestem é uma vocação humana muito, muito antiga, data do primeiro código legal conhecido, o Código de Hamurabi, que dispunha, por exemplo, que “apenas damas aristocráticas tinham o direito de usar véus”. “Se uma escrava fosse apanhada usando um véu, a pena era a morte. Usar o véu significava fingir ser quem ela não era.”

A cor vermelha foi escolhida por diversos motivos, uma delas está na religião, que sempre retrata Maria com vestes azuis e Maria Madalena com vestes vermelha. Em relação a concepção de crianças, isso vem do nazismo e outras decisçoes políticas:

“Há muitas utopias e distopias de base econômica, mas essa vai direto à raiz absoluta: quantas pessoas existirão em uma sociedade? Como essas pessoas serão concebidas?” Tiranos como Hitler e Ceausescu ditaram regras para a fertilidade em seus países e trataram como criminosos quem não as cumprissem. “Não foi por acidente que Napoleão proibiu o aborto. Ele desejava que as mulheres tivessem filhos para que não faltassem soldados.” acrescenta Atwood.

A série é produzida pelo canal de streaming Hulu e tem dado o que falar. A série, muito bem produzida, possui um roteiro diferente do livro, mas ainda assim Atwood afirma que as mudanças são seguidas de precedentes históricos, tornando a série cheia de detalhes e passível de realidade.

Vale a pena conferir a série e questionar os reais valores das mulheres, não só na história, mas também nos dias de hoje.

 

Luciana
Jornalista e editora, mestre em rádio e televisão.

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