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Precisamos Falar Sobre Kevin

Após ler “Tempo é Dinheiro”“, de Lionel Shriver, fiquei curiosa sobre outro livro da autora, que tanto me recomendaram, “Precisamos Falar Sobre Kevin”. Na pressa para matar a curiosidade sobre a história e com outros livros na fila de “próximos”, resolvi fazer algo que não faço geralmente: assistir o filme primeiro.

Esperava algo perturbador. Mas, confesso, esperava menos do que foi. Talvez porque deixei em mente que “Tempo é Dinheiro” tivesse sido uma história mais densa. Não sei se posso comparar o que li ao que assisti (uma adaptação), mas não considerei assim. “Precisamos Falar Sobre Kevin” me deixou, digamos, mais incomodada, por exemplo no sentido de me deixar pensando nele até agora, dias depois que assisti.

filmeO filme conta a história de Eva, uma mulher que dividida entre sua independência de mulher solteira e uma vida de esposa e mãe, escolhe a segunda. Tudo caminha bem até ela ter seu primeiro filho, Kevin, que desde a infância apresenta-se manipulador e cínico. Eva percebe em Kevin características de um sociopata, mas talvez por remorso, se esforça para ter seu carinho e confiança. Tentativas que se mostram inúteis. À medida que cresce, Kevin torna-se cada vez mais frio e calculista. Mas a história não é sobre Kevin e, sim, sobre Eva. É sobre uma mãe que se vê na situação de ter um filho psicopata, e todos os sentimentos e tentativas de compreensão – se ela é possível – que surgem a partir daí. A história é contada em retrospecto, com flashes de memória de Eva, mostrando exatamente a tentativa da mesma em entender como as coisas chegaram àquele ponto.

O que gostei no filme é que ele não é cheio de dramas. É um filme seco, cru. Mas, ao mesmo tempo, bastante intenso, com algumas cenas muito fortes. Pode ser que essa tenha sido a ideia da diretora ao fazer a adaptação do livro. Em todo caso, esse tom combinou perfeitamente com a história.

Apesar de ter gostado do filme e de recomendá-lo, devo dizer que ao fim fiquei com a sensação de que preciso ler o livro. Tive a impressão de que faltou alguma coisa, de que a história ficou incompleta. Talvez seja pelo fato de ser uma adaptação, certamente é preciso fazer alguns recortes na história original do livro. Talvez a própria história dê essa impressão. Mas confesso que fiquei um pouco confusa acerca da atitude final de Kevin. Não há dúvidas de que ele era um psicopata, mas pelo menos no filme, para mim, ficou uma impressão  que de alguma maneira ele fez o que fez para depositar sobre a mãe uma culpa. Não a culpa de seus atos, mas uma espécie de culpa piscológica, moral. O que certamente acentua seus traços de manipulador e psicopata, mas que não ficou claro se realmente foi assim. Quem leu o livro e assistiu o filme – ou quem só assistiu o filme – pode deixar aí nos comentários se concorda com essa minha sensação. Enfim, assisti o filme a fim de adiar a leitura do livro, mas  o fato é que ele me provocou ainda mais.

Precisamos Falar Sobre Kevin (We Need to Talk About Kevin)
EUA / Reino Unido , 2011 – 112 minutos
Drama

Direção:
Lynne Ramsay

Roteiro:
Lynne Ramsay, Rory Kinnear

Elenco:

Tilda Swinton, Ezra Miller, John C. Reilly, Jasper Newell

 

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