Doze Contos Peregrinos

 

doze contos -gmarquezGabriel García Marquez é um escritor que dispensa apresentações. Ainda quem não tenha lido nenhuma obra desse autor colombiano, certamente já ouviu falar sobre ele, viu alguma adaptação de seus livros ou sabe que ele é um dos maiores escritores do século XX. Não, esse título não é injusto. De fato, García Marquez ocupa um espaço especial na Literatura latino-americana, assim como no jornalismo e na vida política.

 “Doze Contos Peregrinos” é um livro de 1992, que foi reeditado pela Editora Record, em 2013. Trata-se de um conjunto de doze contos – como o título nos informa – narrados por personagens estrangeiros, latino-americanos peregrinos em países da Europa. A maioria dos contos é narrada em primeira pessoa e alguns deles se assemelham a crônicas, em que evidentemente percebemos a voz do próprio García Marquez. Mas mesmo nesses casos, em minha leitura foi como se aparecessem diferentes narradores em cada conto. Diferentes personagens de histórias tão reais e tão fantásticas, ao mesmo tempo.

 O autor justifica esse paradoxo na introdução do livro. São contos que foram reescritos por diversas vezes, ao longo de 18 anos. Sendo que pela última vez tiveram que ser, de fato, reinventados, já que García Marquez havia perdido seus arquivos. Suas lembranças dos lugares em que os contos se passam se misturam a uma nova visão dos mesmos, anos depois e, portanto, com inúmeras diferenças. Suas memórias se confundem com a imaginação e fantasia e a verdade é que o resultado disso não poderia ser mais instigante. É como quando nos lembramos de algo que aconteceu há muito tempo e inventamos coisas para ocupar os lapsos de memória. Mas no fim já não sabemos o que foi imaginado e o que realmente aconteceu.

 Destaco meus contos preferidos. “Boa viagem, senhor presidente” é o primeiro do livro. Conta a história de um ex-presidente de um país da América Latina, exilado em Genebra. Um lugar em que, sozinho e doente, não é reconhecido por ninguém. Bem, até certo momento. A história começa justamente quando alguém o reconhece no hospital em que faz tratamento. Outro conto que gostei muito se chama “Me alugo para sonhar”. Esse me chamou a atenção porque além de apresentar a história de uma mulher muito interessante que ganha vida – e a confiança de grandes figuras públicas – sonhando, conta com a participação, como personagem, de um escritor que gosto muito, o chileno Pablo Neruda. É uma história sensacional! Assim como “Tramontana”, que apesar de um pouco triste, é lida em um só fôlego. Conta sobre o vento misterioso – a Tramontana – da aldeia de Cadequés, na Espanha, que traz consigo a morte.

Destaquei esses três, mas todos certamente podem interessar os leitores que já apreciam o modo de escrever de García Marquez, e também os que pela primeira vez estarão em contato com uma obra do escritor. A propósito, definitivamente, recomendo esse livro como uma introdução às suas obras. É como entrar em um mundo fantástico em que realidade e imaginação se misturam e isso é encantador!

 

Doze Contos Peregrinos

Autor: Gabriel García Marquez

Editora: Record

Páginas: 255

 

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