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O Sinal e o Ruído

O sonho de qualquer pessoa é conseguir prever o futuro. Quem aqui nunca desejou poder prever quais seriam os números da mega sena ou o que acontecerá na sua vida amanhã? Ok, sei que as ideias que propus são impossíveis de se conseguir, mas conseguir prever requer um conjunto de informações que, juntas, podem sim nos ajudar a acertar o futuro em algumas situações.

A possibilidade de prever, e nisso encontra-se também  o que podemos prever,  é discutida no livro de Nate Silver, O Sinal e o Ruído (Ed Intrínseca, 544 páginas). O autor é formado em estatística e ficou conhecido nos EUA após seu site “acertar” a qual candidato à presidência seria vencedor nos estados americanos (para ser mais detalhista, dos 50 estados americanos, ele acertou 49). Com tanto palpite correto, dá até ânimo de perguntar a ele nosso futuro não é? O problema é que em O Sinal e O Ruído, ele deixa claro que prever, muitas vezes é impossível.

Parece contraditório alguém que coseguiu usar a matemática para prever o futuro, mas no livro Nate nos explica a complexidade dos dados e que a complexidade dos dados influencia no resultado da previsibilidade. O livro foi dividido em partes, e em cada uma delas o autor esclarece e justifica os motivos da previsão ser possível ou não.

Mas o ponto mais importante do livro não é saber se a previsão é possível ou não, mas entender porque a previsão possível é por vezes ignorada e a impossível as vezes é levada tão em conta. Esta informação é o supra sumo da obra, um detalhe importantíssimo e que faz uma grande diferença na vida não só dos estatísticos, mas de todos nós e é daí que saiu o título do livro. É difícil explicar essa informação, por isso irei parafrasear o autor:

“O mundo percorreu um grande caminho desde a invenção do tipo móvel. A informação deixou de ser um bem escasso; hoje temos uma quantidade tão grande de informação que não sabemos como usa-la. Todavia, a quantidade de informações úteis é relativamente reduzida. Nós a percebemos de forma seletiva e subjetiva, sem dar atenção às distorções resultantes. Pensamos querer informação quando, na realidade, queremos conhecimento.

O sinal é a verdade. O ruído é o que nos distrai, afastando-nos da verdade. Este é um livro sobre o sinal e o ruído.”

Para facilitar o entendimento, o livro é repleto de gráficos para exemplificar o que ele está falando (sim, parece nosso antigo caderno de matemática, mas acredite, ajuda e muito a entender o que ele está falando).

O autor define as pessoas que fazem esses tipos de previsões em duas categorias: porcos-espinhos, que acreditam em grandes ideias e que a previsão é inevitável, e as raposas, pessoas com foco nos detalhes, que buscam diversas opiniões e são cuidadosas. Para Silver, as raposas são aqueles que têm o maior número de acerto nas previsões políticas e econômicas.

Para Nate Silver, as previsões que mais acertam são as metrológicas (acreditem ou não). O autor esclarece que a informação passada pelas emissoras de TV é distorcida para atrair mais telespectadores, mas as previsões feitas pelo instituto metrológico passou e está em constante melhoria, o que tem feito as previsões mais corretas. Ele deixa claro que em algum casos é impossível prever qualquer coisa, mas com humildade e cuidado, podemos nos aproximar de informações mais seguras.

Luciana
Jornalista e editora, mestre em rádio e televisão.

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