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Conheça Lélia González

Conheça Lélia González, uma das maiores intelectuais negras do Brasil e qual sua importância na luta antirracista do Brasil e do mundo.

 

Lélia González foi uma grande intelectual, uma política, professora, um filósofa e também antropóloga brasileira. Ela nasceu na cidade de Belo Horizonte e se mudou para o Rio de Janeiro com a família em 1942. Ela se formou na faculdade história e de filosofia, mestre em comunicação e doutora em antropologia social. Seu Ph.D., ela se decidiu se especializar em estudos de antropologia da política, dedicando-se aos estudos do gênero e raça
 
A filósofa Angela Davis disse durante sua visita ao Brasil em 2019 que as pessoas brasileiras precisam saber mais sobre Lélia Gonzalez.
 
“Eu me sinto estranha quando sinto que estou sendo escolhida para representar o feminismo negro. E por que aqui no Brasil vocês precisam buscar essa referência nos Estados Unidos? Eu acho que aprendo mais com Lelia Gonzales do que vocês poderiam aprender comigo”, argumentou Davis.
 
Para Davies, ela foi grande contribuidora para o estudo de gênero classe do mundo, pioneira na discussão das relações entre raças.

 

Quem foi Lélia Gonzalez

 

Lélia nasceu na cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Ela era filha do ferroviário Accácio Joaquim de Almeida e da ajudante doméstica indígena Urcinda Serafim de Almeida. Ela era a penúltima em uma família de 18 irmãos, entre esses irmãos o jogador de futebol Jaime de Almeida, um dos ídolos do Flamengo.
 
Seu pai faleceu quando Lélia ainda era uma criança. Se mudou para o estado do Rio de Janeiro no ano de 1942.
 
Lélia formou nos cursos de História e de Filosofia pela Universidade Estadual da Guanabara (UEG). Ela recebeu um mestrado na área da comunicação social e um doutorado na área da antropologia política. Então, ela começou a se voltar aos estudos de relações que envolve gênero e raça. Ministrou aulas sobre cultura nacional na PUC-Rio, e também chegou a chefiar o Departamento de Sociologia e Ciência Política.
 
No final dos anos 60, atuando como professora do Ensino Médio, suas aulas sobre filosofia tornaram-se um espaço de crítica e resistência política e social. Marque os pensamentos e ações dos seus alunos.
 
Mas em 1976, Lélia Gonzalez foi convidada pelo renomado diretor Rubens Gerchman para se tornar professora da Escola das Artes Visuais no Parque Lage e ministrar cursos sobre cultura negra.

 

Criadora de grandes instituições

Ela ajudou a estabelecer instituições como, por exemplo, o Movimento Negro Unido (MNU), o Instituto da Cultura Negra (IPCN), a Organização Coletiva das Mulheres Negras N’Zinga e o Olodum. Suas ações defensivas em favor de mulheres negras a levaram ao Comitê Nacional de Direitos das Mulheres, onde ficou atuando de 1985 até 1989. Foi a candidata para deputada federal pelo Partido dos Trabalhadores, e não foi eleita, mas foi deixada como primeiro substituto.

No pleito seguinte, em 1986, concorreu à deputada estadual do PDT, deixando de ser eleita e permanecendo como reserva.

Ao mesmo tempo, seus escritos foram infiltrados pelo surgimento de ditaduras políticas e dos movimentos sociais. Isso revelou múltiplas inserções, e mostrando sua atenção contínua na expressão da luta ampla entre a sociedade e as demandas especiais dos negros, especialmente de mulheres negras.

Em artigo sobre a Lélia Gonzalez publicado em 2010, Alex Ratts apontou um problema amplamente discutido em todo o movimento negro brasileiro hoje: a saúde física e mental dos militantes.

Lélia morreu de infarto em 11 de julho de 1994, na sua casa, localizada no Cosme Velho, lá no Rio de Janeiro

 

O Legado de Lélia

 

Entre as diversas homenagens, Lélia ganhou o nome de um colégio público no Rio de Janeiro. Hoje é referência da cultura negra e um grupo da USP Estudante das Relações Internacionais. A seção africana Ilê Aiyê cita-o em duas versões de Carnaval baiano: 1997, no enredo Pérolasnegras do sabre, e 1998, com Candaces.
 
O dramaturgo Márcio Meireles escreveu e encenou “Candace-Reconstrução de Fogo” em 2003 a partir da obra de Lélia.
 
Já em 2010, o governo da Bahia instituiu o Prêmio Lelia Gonzalez, para incentivar políticas públicas para as mulheres baianas.
 
É indiscutível a importância de Lélia para a comunidade negra. Afinal, ela influenciou inúmeros pensadores negros que discutem os problemas raciais no Brasil e no mundo.
 
Suas ideias e obras sobre gênero e raça com certeza é um legado importantíssimo para os movimentos negros espalhados pelo país.

Luciana
Jornalista e editora, mestre em rádio e televisão.

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