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Violência Contra Professores

O Brasil acumulou diversos problemas educacionais ao longo de décadas. Além disso, a crescente violência e diversas crises sociais acabam por afetar ainda mais o cotidiano escolar.

 

Segundo o Relatório TALIS (Teaching and Learning International Survey) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de 2013, o Brasil lidera o ranking de violência contra professores. Os dados apontam que os professores brasileiros são comumente vítimas de agressão verbal, moral e física.
 
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva a pedido do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) informa que 54% dos professores paulistas já sofreram algum tipo de violência em seus locais de trabalho. Em 2017, o percentual era 51%; 44% em 2014. Revelando um aumento significativo e preocupante.
 
Esses dados evidenciam que a profissão de professor no Brasil, além de seus clássicos desafios pedagógicos e de carreira, ainda precisa lidar com a triste presença da violência. Violência essa aparentemente em crescimento. Essas situações de agressões verbais e físicas acontecem sobretudo por conflitos com alunos e/ou seus pais. É possível saber de diversos casos de agressão a professores pelos noticiários, em diversos locais do país.

 

Causas e consequências

Essa situação leva-nos a pensar sobre as causas dessa violência e sobre o aparente aumento dessa situação. A primeira questão a se considerar é que os estudantes também vivem em situação de estresse. Muitas vezes são causadas por circunstâncias extraescolares.
 
Adolescentes e jovens, sobretudos da rede pública, estão cercados por um contexto social conflituoso e tenso. Para muitos desses, a violência é um comportamento padrão dentro da família. Outros, convivem com a realidade da violência das periferias brasileiras.
 
Além disso, a escola é inúmeras vezes vista como ambiente desagradável, não conectado com a realidade da juventude. Para muitos, infelizmente, a escola não é um ambiente potencializador, mas uma obrigação até se completar a maioridade.
 
Associações de professores também apontam para a ausência de políticas públicas, locais e nacionais, para o combate a violência nas escolas. O empregador, que para a grande maioria da classe é o Estado, precisa garantir um ambiente de trabalho seguro, estável e próprio para o docente.

 

Problema Complexo

A violência nas escolas é problema complexo e multivariado. Envolve as condições de risco e vulnerabilidade em que se encontram inúmeras escolas brasileiras. Em muitas comunidades, a ausência do estado só não é completa graças a presença de uma escola.
 
No entanto, isso cria uma situação particular de fragilidade e desafio para os professores e funcionários dessas instituições. Além disso, é preciso analisar a fundo o impacto das condições familiares de estudantes de comportamento violento. É preciso refletir sobre os aspectos psicológicos relacionados à impulsividade e à regulação da raiva nos jovens.
 
É inaceitável que a escola seja palco de violência contra o professor, ou mesmo de professor contra aluno, de igual maneira de aluno contra aluno. A escola precisa ser um ambiente agradável, sem intimidações, agressões verbais ou físicas. Mas um local que permite tanto o livre exercício da docência quanto o livre-aprendizado por parte dos estudantes.

 

Referências/Para saber mais:

Relatório TALIS, OCDE. Disponível aqui.

Violência contra professores e alunos cresce na rede pública paulista. Disponível aqui.

 

Luciana
Jornalista e editora, mestre em rádio e televisão.

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