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O que é o Coeficiente de Gini?

Criado em 1912 pelo italiano e matemático Conrado Gini, o Coeficiente de Gini é um instrumento que mede o quanto há de concentração de renda em um determinado grupo social.

 

O que é o Coeficiente de GIni

A desigualdade social e a concentração de renda são problemáticas sociais antigas. No entanto, é a partir do desenvolvimento das economias capitalistas ocidentais que essas questões ganham destaque e importância. O capitalismo, em todas as suas variações, é notadamente um sistema capaz de garantir crescimento econômico e riqueza. No entanto, ter riqueza não significa riqueza distribuída e ser um país rico não significa que todos os seus cidadãos usufruam minimamente dessa riqueza. Um exemplo dessa situação é o Brasil, que nas últimas décadas variou como a 6ª e 10ª economia mundial, possui uma renda per capita de pelo menos 8 mil dólares e amarga as piores posições em termos de concentração de renda do mundo.

O Coeficiente de Gini, por vezes chamado de Índice Gini ou Razão de Gini é amplamente utilizado para verificar a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Em geral, utilizado para calcular a desigualdade de renda entre países.

Como funciona o Indice

O índice varia de zero a um (também representado de zero a cem). Zero significa situação máxima de igualdade de renda. Ou seja, hipoteticamente, um país com índice zero significaria que todos possuem a mesma renda. Opostamente, índice um, significaria que uma única pessoa concentra toda a renda.

Há também um Gini para educação, que mede os níveis de desigualdades educacionais entre grupos sociais e/ou países, do mesmo modo como se mede a desigualdade de renda.

Os países que se destacam atualmente pelos menores índices de concentração de renda são os do extremo norte europeu, ou escandinavos. Finlândia (0.271), Noruega (0.275), Dinamarca (0.281) e Suécia (0.292) se destacam nesse quesito, além de altos níveis de qualidade de vida. Alemanha (0.317), Austrália (0.322), França (0.327) e Reino Unido (0.327) também se destacam pela média-baixa concentração de renda.

Estados Unidos (0.415) e China (0.495) são respectivamente a maior e segunda maior economia e apresentam significativa concentração de renda. Por sua vez o Brasil (0.513), figura no grupo de países com as mais altas taxas de concentração de renda, perdendo nesse quesito apenas para países de extrema concentração como o Haiti (0.607) e África do Sul (0.630). Esses são dados de 2015, que tendem a piorar visto as crises econômicas e políticas recentes e principalmente pela pandemia da COVID-19.

Informações sobre os dados

Esse indicador pauta o debate sobre a desigualdade de renda no mundo, situa-se numa agenda global sobre o tema. Algumas pessoas, no entanto, consideram que o combate à desigualdade de renda não deveria ser considerado um imperativo social ou nem mesmo a consideram como um problema. Afirmam que o combate à miséria e a garantia da dignidade humana é que deveriam centralizar o debate, argumentando que a pobreza e não a desigualdade de renda é que deveria ser o alvo de mitigações.

Tensionando essa afirmação, Thomas Piketty (2014) argumenta que a alta concentração de renda, como vista no mundo contemporâneo, pode ser uma ameaça ao próprio funcionamento do capitalismo, uma vez que são prejudicados os fluxos de investimentos, consumo e relação capital-trabalho. Como solução, o economista francês sugere aumentar um pouco a taxação sobre grandes fortunas e fluxos financeiros e que tais recursos sejam investidos em políticas de educação, saúde e redistribuição de renda.

 

Referências/Para saber mais:

 

Desigualdade de renda. Our World in Data. Acesso em: https://ourworldindata.org/income-inequality

 

PIKETTY, Thomas. O capital no século XXI. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014.

Luciana
Jornalista e editora, mestre em rádio e televisão.

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