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O que é Socialismo

Após a segunda guerra o mundo se tornou dividido entre países que eram capitalistas e os que eram socialistas. mas até hoje, décadas após o fim da guerra fria, muitos não entendem bem o socialismo, o que se buscava e porque não deu certo.

Socialismo possui inúmeras vertentes e escolas de pensamento, mas de forma geral, o socialismo defende que as desigualdades humanas não são naturais e que, portanto, é possível reduzi-las. Ao contrário dos comunistas, os socialistas em geral não defendem o fim do capitalismo, mas argumentam por ajustes e atuações da coletividade para produzir bem estar-social e evitar a extrema concentração de riqueza, estrutural do capitalismo.

Com o avanço da Revolução Industrial e das suas consequências sociais, surge, sobretudo na Europa, o início de um pensamento de crítica e tensionamento ao modo como a economia e as relações entre empregador (capital) e trabalhadores (trabalho) vinha se dando. Os séculos XVII, XVIII e XIX foram de muita pobreza, onde uma grande massa de trabalhadores era submetida a condições precárias de trabalho, vida e moradia. Pensadores como Saint-Simon (1760-1825) argumentavam que as necessidades básicas da classe trabalhadora e/ou industrial precisavam ser satisfeitas para o bom funcionamento da economia e da sociedade. Esse tipo de pensamento, busca, então, não destruir o sistema capitalista, mas tentar aprimorar e garantir uma relação mais equânime entre aqueles que possuem os meios de produção (terra, maquinário, capitais) e os que possuem apenas sua limitada e frágil força de trabalho.

No entanto, ao longo do processo de contestação ao capitalismo e suas práticas, muitas vertentes se formaram dando origem a processos que marcaram a história contemporânea. A partir daí surge um pensamento revolucionário, sobretudo comunista, que culmina com a Revolução Russa de 1917, que retirou a monarquia czarista e deu os passos ao que viria a ser a União Soviética. A China, a Coreia do Norte, Cuba e alguns outros países, também experimentam formas diversas de comunismos.

Com a Grande Depressão de 1929 e com o fim das Guerras Mundiais percebe-se que apenas os ânimos e interesses econômicos não poderiam ditar a vida social e política dos países. Se por um lado o comunismo mostrava-se algo extremado, por outro, percebeu-se que a forma como vinha se organizando a economia também não era eficiente e boa para a maioria da população. Nesse contexto surge o New Deal americano, e, o fortalecimento daquilo que viria a ser a socialdemocracia.

A Grande Depressão de 1929 mostrou que o Estado precisa estabelecer alguma forma de controle sobre a atividade econômica e financeira. Além disso, o New Deal americano liderado por Franklin Roosevelt deu as bases reais para a tese de que a sociedade se desenvolve melhor com a harmonia entre Estado e Mercado. A iniciativa privada gera riqueza, mas essa riqueza precisa transformar-se em investimentos e em benefícios sociais. Os recursos precisam circular na sociedade e garantir o mínimo de bem estar-social para a maioria da população.

Os meados do século XX foram de grandes avanços sociais, sobretudo na Europa e Estados Unidos, graças ao desenvolvimento dessa percepção de livre mercado e medidas estatais de compensação das desigualdades. A riqueza produzida, por meio da arrecadação de impostos e da atuação democrática do Estado, pode converter-se em saúde, educação, moradia, infraestrutura, segurança, renda social, entre muitas outras áreas que acabam beneficiando a maioria da população e melhorando ainda mais a sociedade e as condições de produção.

O socialismo é um pensamento político resultado de um longo processo de crítica ao capitalismo e às condições sociais negativas produzidas por ele. Hoje o socialismo se caracteriza por essas teses de intervenção democrática do Estado, circunstanciado pela influência do New Deal e do Keynesianismo, pelo combate às desigualdades sociais e por uma tentativa de generalização das condições de bem estar humano e social, que se caracteriza no crescimento das classes médias, no mundo todo.

Os melhores exemplos da socialdemocracia hoje são os países nórdicos e os demais países europeus, sobretudo Alemanha e França. Noruega, Suécia, Dinamarca e Finlândia são hoje os países com as melhores condições de bem estar social do mundo e são referências naquilo que se concebe como socialismo democrático. Nesses países desenvolveu-se fortemente a ideia de que o capitalismo é um sistema capaz de gerar riquezas como nenhum outro, mas que precisa de controles e intervenções democráticas do Estado para criar um ambiente social e ambiental que beneficie a maioria da população.

Dentro das ciências sociais, há uma série de debates sobre a viabilidade da socialdemocracia mundo a fora, sobre outros elementos como a história e cultura dos países na constituição de suas modernidades múltiplas, entre outros. No entanto, ainda hoje essa realidade produzida pela socialdemocracia é a que produziu as melhores condições de vida social já conhecida, fortalecendo essa concepção de terceira via, contrapondo-se à um capitalismo totalmente livre, e, ao mesmo tempo, ao comunismo.

 

Referências/Para saber mais:

 

BOBBIO, Noberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, GIANFRANCO. Dicionário de política. 11. ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1998. v. 1.

KEYNES, John Maynard. A teoria geral do emprego, do juro e da moeda. São Paulo: Victor Civita, 1978.

LILLA, Mark. O progressista de ontem e o do amanhã: desafios da democracia liberal no mundo pós-políticas identitárias. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

Luciana
Jornalista e editora, mestre em rádio e televisão.

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