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Javier Cercas: de Professor Universitário a Autor Consagrado

Cercas é o maior exemplo de que grandes literatos não são deuses. Eles não vieram de outro planeta. Qualquer um pode se tornar um grande escritor.

 

A trajetória de Javier

Javier Cercas Mena, primo do político Alejandro Cercas, veio de um pequeno município espanhol, onde seu pai era veterinário rural. Aos 23 anos de idade, se formou em Filologia Hispânica, completou o doutorado e já se tornou professor universitário de literatura, trabalhando inclusive nos EUA. Nessa época também começou seu trabalho com jornais e até hoje é colunista do El País, edição catalã.

“Soldados de Salamina”, publicado depois de quatro livros, foi o divisor de águas na sua carreira. Chamou a atenção até de Mario Llosa, além de ter virado uma longa-metragem — que venceu o Prêmio Goya. O que teria sido de Cercas se tivesse desistido no primeiro romance? Llosa declarou inclusive que a obra é magnífica e que Javier provou que a literatura engajada não morreu.

Foi a partir desse grande sucesso literário que, em 2001, Cercas decidiu deixar de ser professor e se dedicar completamente à escrita, apesar de trabalhar com traduções também. O escritor se consolidou de vez na literatura quando publicou “A Velocidade da Luz”, outro grande fenômeno.

Uma de suas influências, evidente na sua literatura de fácil compreensão, é a obra Dom Quixote. Outras grandes inspirações são: Jorge Luis Borges e seu método ao contar histórias; e Franz Kafka.

Em relação a sua posição política, Javier se considera de Esquerda. Embora não endeuse o movimento esquerdista, o autor criticou Francisco Franco várias vezes em seus livros — que, entre outros temas, tratam da Guerra Civil Espanhola.

Por ter vivido boa parte da sua vida na Catalunha, ele também é pró-independência, embora descarte ideais nacionalistas. Ou seja, Javier costuma ser ponderado em seus posicionamentos, sempre beirando um meio-termo. Quanto à religião, ele confessa ser ateu.

Hoje, com seus 49 anos, vive ao lado de Mercè, sua esposa, e filho, Raül. Certo dia, um jornal publicou uma notícia falsa de que ele teria sido flagrado em um bordel de Barcelona. Equilibrado, ele respondeu que não iria processar porque não queria ser intolerante, já que a história da Espanha carrega períodos de ditadura e inquisição.

O trabalho literário de Javier

Uma das principais características da sua escrita é misturar a ficção com a realidade, de tal forma que o leitor não sabe quando começa ou termina os limites do verdadeiro e do imaginário. Normalmente, os cenários das histórias são urbanos, o tom da narração é amigável e, às vezes, engraçado.

Outro traço de Javier é o método usado para começar um livro: responder uma pergunta. Similar ao método científico, ele não precisa de muito para criar uma obra. Basta pensar em um tema específico, elaborar uma pergunta e respondê-la na narração. O simples pode gerar altos resultados. Novamente, o escritor espanhol prova que não é preciso ser escolhido por um deus para escrever bons livros.

Cercas também soube ser estratégico. Um dos motivos de ele ter abordado tanto a Guerra Civil Espanhola, por exemplo, em vários romances, foi o fato de que, na sua geração, as pessoas só queriam consumir conteúdos como os do Tarantino e Almodóvar. Ele veio para fazer diferente, para agradar os que não eram contemplados. Outro motivo para focar nesse tópico é sua própria filosofia e vida pessoal. Seu tio, por exemplo, morreu na guerra e ele era praticamente o único herói da sua mãe.

Javier Cercas veio ao Brasil em 2018 para debater com Alejandro Zambra e concedeu uma entrevista muito interessante. Clique aqui para ler.

 

 

Colaborador Beco das Palavras
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