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Kindred – laços de sangue

Oi, pessoas!

Finalmente estou aqui para contar minhas impressões sobre esse livro maravilhoso da Octavia Butler. Na última publicação falei sobre a escolha da obra e compartilhei um vídeo bem bacaninha, que conta um pouco sobre a autora e a importância de suas histórias. Se vocês não viram, sugiro que voltem lá e assistam. Hoje o assunto é o livro Kindred, que li para meu desafio literário do ano passado.

Começar esse texto dizendo que o livro é maravilhoso já indica pelo menos duas coisas: a primeira e óbvia é que amei fazer essa leitura; a segunda é que não tem como ser imparcial quando falamos sobre livros. Meu objetivo aqui não é fazer uma análise de crítica literária, é só contar o que gostei ou não gostei e tentar incentivar a leitura dessas escritoras incríveis que tenho lido nos últimos anos.

Octavia Butler é incrível por diversas razões e, ao ler Kindred, é possível identificar várias delas, porque esse livro é, ao mesmo tempo, uma história fantástica de ficção científica que te prende do começo ao fim (você não quer parar de ler!) e um soco no estômago porque tem como contexto histórico o período escravocrata nos Estados Unidos.

Falar de contexto histórico, na verdade, é meio estranho, porque a protagonista é uma viajante no temp. Mas podemos dizer que a maior parte da história se passa nesse período horrível para os negros na América em geral e, especificamente, nos EUA.

Dana é a protagonista e também a narradora do livro. Aqui abro um parêntesis para reforçar algo que já disse em algum momento: que todos os livros escritos por mulheres que tenho lido têm as personagens principais (femininas) como narradoras. São mulheres contando suas próprias histórias e isso é incrível.

Pois bem, Dana é uma jovem escritora que vive em Los Angeles, no ano 1976. Em determinado momento, ela tem uma vertigem e em poucos segundos se encontra em uma fazenda, diante de um garotinho se afogando. Ela não entende o que está acontecendo, mas salva o menino e descobre que ele é filho do dono dessa fazenda. Porém, o mais aterrorizante descobre pouco tempo depois do episódio: trata-se de uma fazenda em Maryland, sul dos EUA, em uma época um pouco anterior à Guerra de Secessão. Em outras palavras: ela era uma mulher negra que foi parar na fazenda de um homem branco no período escravocrata. Parece um verdadeiro filme de terror, mas, para Dana, era a realidade.

Como foi parar ali? Por quê? Como voltar? Questões como essa vão sendo respondidas ao longo do livro. O que Dana descobre logo no início é: 1 – ela não consegue controlar essas viagens para o passado;  e 2 – salvar a vida desse menino – chamado Rufus – é uma missão constante no decorrer da história porque disso depende sua própria existência, já que Rufus é, na verdade,  um de seus antepassados. Dana descobre que sua bisavó é filha de Rufus e Alice – uma mulher escravizada por ele – e se vê diante do conflito de salvar a Rufus cada vez que volta ao passado, mesmo sabendo de toda sua crueldade e de sua participação no sistema escravocrata.

Aliás, esse é só um dos problemas que Dana tem que enfrentar, pois também precisa sobreviver nessa sociedade onde ela, uma mulher livre em sua época, é escravizada. Octavia Butler não nos poupa de todos os detalhes de exploração e crueldade da escravidão. A autora descreve cenas de tortura e de morte. Também aborda as atitudes e sentimentos complexos em uma sociedade que tentava normalizar e justificar a escravidão.

É um livro pesado, não dá para mentir. Mas não há como fugir da História e ainda bem que Butler tem a coragem de uma mulher negra para tratar desse assunto sem romantismo algum, porque simplesmente não há como romantizar a barbárie.

Não quero contar o final do livro. Para saber o que acontece com Dana, com Rufus e com toda essas viagens no tempo, vocês têm que ler Kindred. Faço isso bem de propósito mesmo porque acho que ler Octavia Butler é necessário. Se você não gosta de ficção científica, garanto que Butler vai  te ajudar a gostar.

Se vocês quiserem me contar suas impressões sobre o livro, fiquem à vontade, vou adorar conversar!

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A edição que li de Kindred foi essa AQUI.

Se querem ver minha lista completa do desafio literário de 2018, com os links para todos os livros e autoras, clique AQUI.

Em breve volto para falar sobre Contornos do dia que vem vindo, da escritora Léonora Miano.

Até mais ler!

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