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Malangatana Valente Ngwenya

Moçambicano lutou pelos seus ideais e produziu grande obras em seu país

 

Malangatana Valente Ngwenya foi um poeta e artista plástico moçambicano, conhecido mundialmente pelo seu primeiro nome “Malangatana”. Ele produziu vários trabalhos em diversos meios e suportes, que vão desde a pintura ao desenha, da escultura a cerâmica, poesia a música. 

Considerado um artista mais que completo, é um dos nomes mais populares da arte moçambicana. Confira um pouco mais sobre a sua vida.

 

Biografia

Malangatana Valente Ngwenya, conhecido apenas como Malangatana, nasceu no dia 6 de junho de 1936 em Matalana, Moçambique. Ele passou toda a infância ajudando sua mãe na fazenda enquanto estudava na escola missionária protestante suíça, onde aprendia a escrever e ler.

Com 12 anos, se mudou para Lourenço Marques, atual Maputo, para procurar trabalho, tendo praticado diversos ofícios até, em 1953, conseguir se tornar apanhador de bolas em um clube de tênis. Foi com esse trabalho que ele conseguiu voltar a estudar, frequentando as aulas noturnas.

Foi nessas aulas que seu interesse por arte surgiu, onde teve como grande mestre o arquiteto Garizo do Carmo. Um dos integrantes do clube de tênis, chamado Augusto Cabral, lhe ofereceu material de pintura e o ajudou a vender seus primeiros trabalhos.

No ano de 1958 ele ingressou no Núcleo de Arte, uma organização artística daquele local, onde recebeu o apoio de Zé Julio. Um ano depois, expôs suas obras em público pela primeira vez, em uma exposição coletiva, passando a ser um artista profissional graças ao apoio de Pancho Guedes, que cedeu um espaço onde ele criou o atelier, além da aquisição de dois quadros mensalmente.

Com 25 anos, fez a sua primeira exposição individual no Banco Nacional Ultramarino, em 1961. Dois anos depois, publicou alguns dos poemas criados no Jornal Orfeu Negro, e foi incluido na Antologia da Poesia Moderna Africana.

Prisões

Nesse período ele foi indiciado como um membro da FRELIMO, uma organização anticolonial e revolucionária, ficando preso até o dia 23 de março de 1966, quando foi absolvido.

Ele fez uma exposição chamada Malangatana – Os anos da Prisão, em Lisboa, onde contabiliza como “anos da prisão” também aqueles que seguiram o cárcere, onde ele representou de forma genuína.

Em 1971 foi detido novamente, para esclarecer o simbolismo de seu quadro “25 de Setembro” exposto no Núcleo de Arte. Essa prisão colocou em risco a sua partida para Portugal, onde tinha conseguido uma bolsa para estudar cerâmica e gravura.

Em 1976/1977, Malangatana esteve detido num centro de reeducação como castigo pelo seu comportamento na época colonial. Na mesma altura, foi apresentada na Facim (Feira de Maputo) e numa exposição de artes plásticas organizada pelo Centro Organizativo dos Artistas Plásticos e Artesãos, com sede no antigo Núcleo de Arte, uma obra dele que foi cedida por sua mulher.

Após a independência de Moçambique, se elegeu deputado pela FRELIMO em 1990. Em 98, foi eleito para a Assembleia Municipal de Maputo e reeleito cinco anos depois. Faleceu em 2001, no Hospital Pedro Hispano, em Portugal.

 

Prêmios e homenagens

Ele foi galardoado com a medalha Nachingwea, graças à sua contribuição para a cultura de Moçambique, e investido a 16 de fevereiro de 1995 Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

No ano de 1997, a UNESCO o nomeou “Artista pela Paz” e lhe foi entregue o prêmio Príncipe Claus. Em 2010, um ano antes de sua morte, recebeu o título honorário pela Universidade de Évora e a condecoração, atribuída pelo Governo da França, de Comendador das Letras e Artes.

Malangatana foi também um dos poucos estrangeiros nomeados como membros honorários da Academia de Artes da RDA.

Em Junho de 2016 a Escola Básica N.º 3 de Alcoitão, no Bairro da Cruz Vermelha, na freguesia de Alcabideche do concelho de Cascais, foi rebatizada com o seu nome.

 

Colaborador Beco das Palavras
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