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Colette

Não muito conhecida pelos brasileiros, a escritora francesa Colette maior nome feminino das letras francesas na primeira metade do século XX, mas precisou lutar contra seu próprio marido, que assinou as obras como se fossem dele. 

 

Sidonie-Gabrielle Colette nasceu a 28 de janeiro de 1873, numa pequena aldeia da Borgonha, de nome Saveur-en-Puisaye. Da infância, ela guardou sempre uma memória feliz, influenciada pela figura da mãe, Adèle-Eugénie-Sidonie, a quem ela adorava e chamava de Sido. O pai, Jules Colette, um incurável sonhador, fora capitão dos zuavos e perdera uma perna em batalha.

 

Casamento com Willy

Em 1893 casou com Henri Gauthier-Villars, escritor e crítico teatral, conhecido popularmente por ‘Willy’. Ele era 14 anos mais velho que Colette e posteriormente acusado de charlatanismo e degeneração de costumes. Afirma-se que ele pagava para que terceiros escrevessem livros, peças teatrais, etc, que ele publicava como sendo o autor.

Foi ele quem encorajou a esposa a escrever para que ele tivesse uma nova obra publicada. Consequentemente, Colette publicou o seu primeiro romance em 1900.

Claudine à l’École constitui o início da série ‘Claudine’, da qual a autora completou quatro volumes em apenas três anos, assinando-os com o nome do marido. Descrevendo as aventuras e desventuras de uma adolescente, Claudine desafiava os conceitos de decência da época, o que em muito contribuiu para o seu sucesso imediato. A série logo se tornou num fenômeno comercial, dando origem ao aparecimento de uma linha de produtos alusivos à personagem, como um uniforme, charutos, sabonetes, perfumes, e mesmo um espetáculo musical.

Mas para conseguir que Colette escrevesse as obras, Willy escravizou a esposa, chegando a trancá-la escrevendo por até 16 horas em um só dia.

Colette se inspirou na sua vida conjugal para escrever seus romances. Após ler o original, Willy chegou a fazer algumas alterações no livro, mas sob consentimento de sua esposa. Após Claudine, Colette escreveu as sequências Claudine em Paris e Claudine na Escola, todos com a assinatura de seu marido. A trilogia foi um sucesso.

Divórcio Conturbado

A falta de reconhecimento pelo seu trabalho começou a incomodar Colette, que chegou a sugerir ao marido que ambos assinassem os livros. Ele não concordou e o caso foi motivo de inúmeras brigas entre o casal. A partir de então, a romancista partiu para luta em busca dos direitos de propriedade intelectual.

Em 1905 Colette pediu o divórcio com base legal nas infidelidades do marido e, no ano seguinte, deu início a uma carreira como atriz no teatro, marcada pelos escândalos. Numa ocasião terá desnudado um seio em palco e, noutra, causado uma rixa no famoso Moulin Rouge, ao simular o ato sexual.

Apesar das suas atuações pouco ortodoxas e comportamentos homossexuais, Colette pôde prosseguir a sua carreira como atriz e escritora.

Tornou a casar em 1912, desta feita com o editor de um conceituado jornal francês, e autor de teatro. O seu envolvimento com o filho do marido despoletou um novo escândalo. O matrimónio durou apenas até 1925.

 

Mais obras e sua morte

Chéri (1920) e Gigi (1944) foram romances escritos em seu próprio nome e se tornaram best-sellers. O último ganhou uma adaptação musical para os cinemas pela MGM em 1958 e continua sendo apresentado em teatros ao redor do mundo.

Colette foi também indicada ao Prêmio Nobel de Literatura em 1948, embora não tenha ganhado. Quem levou o prêmio foi o poeta modernista britânico T. S. Eliot.

Por causa do seu divórcio, a Igreja Católica não quis realizar seu funeral, isso suscitou críticas de católicos devotos como Graham Greene, e até hoje causa admiração e suscita controvérsias. Porém, a escritora recebeu uma cerimônia do Estado e foi enterrada no Cemitério de Père-Lachaise, em Paris. Colette foi a primeira mulher francesa a ter direito a um funeral de Estado.

Em 2018 foi lançado o filme Colette, que conta a vida da autora e estrelado por Keira Knightley.

Luciana
Jornalista e editora, mestre em rádio e televisão.

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