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What Happened Miss Simone

Eunice Kathleen Waymon, mais conhecida como Nina Simone, nasceu nos Estados Unidos, Carolina do Norte em Fevereiro de 1933 e fechou as cortinas de sua apresentação para o plano terreno em Abril de 2003 na França.

 

A vida de Nina Simone contou com altos e baixos, desde pequena quando passou a ser educada para ser uma pianista clássica, entretanto, acabou seguindo para outros rumos, tornando-se uma estrela de destaque no mundo dos compositores e cantoras do Jazz, Blues, Folk, Soul, Gospel e também do R&B.

Mas apesar de seu sucesso, a vida desta artista foi cercada de variações, entre momentos de glória e momentos de solidão, anonimato e até mesmo desprezo. E, tais variações, podemos assistir no documentário co-produzido pela Netflix em: What Happened, Miss Simone? Produzido em 2015.

Além de uma excelente musicista, Nina também era uma ativista dos direitos civis americanos que chamou atenção de todos os americanos quando estreou no mundo da música com seu primeiro álbum: Little Girl Blue / Jazz as Played in na Exclusive Side Street Club de 1958. 

O documentário é assinado por Liz Garbus, uma documentarista que conta com trabalhos reconhecidos até mesmo pela Academia de Cinema, tendo sido indicada no ano de 1998 pelo trabalho: The farm: Angola, USA e se destacado com outras produções também. 

No documentário sobre a vida de Nina, Liz nos conduz em uma viagem artística e pessoal da cantora. O alvo da documentarista é perceptível no trabalho, e podemos conhecer as raízes de Nina e acompanhar sua vida até suas primeiras quedas, causadas devido sua luta pelos direitos igualitários dos negros.

Um detalhe muito importante que ficou de fora do documentário, foi uma melhor documentação a respeito do trabalho musical de Nina. Liz abordou as principais fases da cantora, incluindo os maus e bons momentos, no entanto, deixou de lado a produção musical da cantora. É mencionado o estouro que o primeiro disco causou, no entanto, apenas superficialmente.

Um documentário acerca de uma pessoa tão criativa e importante para a cultura de um país, não deveria ter um trabalho desse porte limitado a sua vida pessoal. Durante os minutos que seguem a produção, acompanhamos uma série de acontecimentos, entre eles, a relação da cantora com um dos grandes nomes da música clássica: Bach.

Também acompanhamos sua participação nos cultos e coros de avivamento onde participava de corpo e alma. Também presenciamos seus altos e baixos, os colapsos, o desiquilíbrio, as questões e sua retomada musical quase no final de sai vida. Mas, o que muitas pessoas esperavam conhecer, não foi possível dessa vez: seu processo criativo, suas gravações, os lançamentos e essas coisas.

O documentário chega até mesmo a entregar descaradamente os conflitos e problemas que Nina tinha em sua casa, infelizmente, a ativista que lutava pelos direitos e igualdade de seu povo, sofria com violência doméstica, algo que, para quem conhece sua vida ou fica conhecendo sua luta, fica pensando como uma pessoa que luta permite algo assim… Tornando-se contraditório, afinal de contas, essa era uma das razões de sua luta, a violência doméstica.

Não se sabe ao certo e no documentário, isso não é possível de compreender, mas talvez, Nina tenha suportado tal situação devido ao amor que sentia pelos filhos, além do sucesso que começava a bater em sua porta, lhe trazendo aquela sensação de dias novos virão, sabe? 

Outro detalhe sobre a falta da cobertura de sua produção musical. Liz traz momentos únicos vívidos pela cantora, entrevistas, apresentações e isso, na falta de um mergulho mais detalhado no processo de criatividade da cantora, ao menos, aquieta os fãs que buscaram por uma Nina mais intimista e reveladora.

Liz acabou focando em seu documentário o momento político em que a cantora estava envolvida e com a luta pelos direitos, colocando a produção musical em segundo plano, como se fosse uma segunda profissão realizada nos momentos vagos da cantora. Claro que esse ponto é importante em um documentário, afinal de contas, a cantora compôs diversas canções acerca de sua ideologia, no entanto, a arte foi superada pela ideologia e tudo acabou se perdendo entre a politicagem do negócio.

Por essa razão, fica difícil dizer que o documentário merece aplausos, já que, não gerou um apanhado geral da vida desta icônica celebridade. Tudo bem que, talvez tenha preferido mostrar a força feminina de Nina e seus princípios, mas ela conseguiu chamar atenção para tais assuntos justamente devido ao seu talento, ou seja, foi a música que lhe permitiu ter voz para ser ouvida em suas reinvidicações sociais. 

Prova disso são as músicas: Mississipi Goddam composta depois do assassinato de um ativista pela KKK e também a To Be Young, Gifted and Black que acabou inspirando diversos jovens negros a erguerem-se e enfrentarem as adversidades. Também podemos acompanhar as performances de Spooky Rock, I Put a Spell On You, Li’l Liza Jane, Strange Fruit, My Baby Just Cares for Me e L Loves You Porgy.

As canções acima, não seguem uma ordem especifica de sua carreira, estão meio que costuradas em diversos momentos, claro que perdemos um pouco a ideia de tempo, entretanto, dá para entendermos muito bem a qualidade e o talento desta cantora que emocionou tantos durante o Jazz Festival em Montreux. 

Enfim, por essas e outras informações, podemos afirmar que, o documentário não é tecnicamente criativo, porém, entrega um pouco daquilo que propõe, levando ao conhecimento do telespectador a vida de uma artista icônica americana que ajudou a caracterizar o estilo de música do país. Acompanhamos seus altos e baixos, às vezes, mais baixos do que altos, no entanto, a arte é repleto dessas artimanhas, a dor sempre transforma uma nota em algo mais belo do que já é.

 

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Colaborador Beco das Palavras
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