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O Beco Indica #14

Toda semana, dez indicações de links para enriquecer sua timeline

O que seria do arco-íris sem suas camadas de cor? Vamos falar um pouco sobre tópicos espalhados pelo caminho da diversidade.

#1

Os dias tem sido sombrios aqui em terras brasileiras. Uma medida de um juiz do DF causou desconforto e indignação para o Conselho Federal de Psicologia, comunidade científica e comunidade LGBT. Uma medida que não tem respaldo científico, apesar de ter usado este argumento (já invalidado pelo Conselho Federal de Psicologia) como ponto de importância para promover soluções e curas para indivíduos. A pergunta que fica é: se a brecha para o estudo e aplicabilidade de terapias de cura para homosexualidade podem ser realizadas com base em uma “liberdade científica”, será que a cura hetero também será estudada? Fica aí a dúvida para a humanidade. E por falar em liberdade científica, vamos de Pirula para pensar um pouco.

 

#2

A resolução do juiz não caminha sozinha. Na semana anterior as linhas dos tempo foram bombardeadas com o conceito de arte e “depravação”. Vou usar depravação entre aspas, pois não consegui interpretar os recortes feitos pelo MBL que foram base de argumento para coibir que a exposição QueerMuseu finalizasse sua temporada em Porto Alegre. De tudo que pude acompanhar, dois posts foram os mais elucidativos possíveis sobre a ação. O primeiro foi feito no perfil do Facebook da jornalista Amanda Carvalho e sabiamente respondido pelo colega Paulo Lannes, também jornalista e estudante de graduação de Teoria da Arte pela UnB que apresenta um cenário complexo para pensar sobre a arte e como ela se relaciona com a época em que está vigente (e após também). A segunda é o vídeo abaixo do Justificando que fala por si só com o Pesquisador, Professor Doutor de Direito na Universidade Federal de São Paulo e ativista LGBT Renan Quinalha.

 

#3

Na contra mão deste tipo de discurso, outras medidas, realizadas por pessoas que pensam o diverso como parte do todo, tem permitido que este tipo de conduta jurídica não prevaleça no cenário mundial. Rihanna, que já é rainha, musa e diva de todas as frentes, criou uma linha de produtos em conjunto com a Séphora que promove a diversidade e amplia as necessidades das minorias, tornando-as parte deste todo fantástico que é o ser humano. São 40 tipos de bases líquidas para 40 tipos de tons de peles. Pode parecer fútil este tipo de nota, mas é de extrema importância em um cenário onde o único é contemplado. A promoção da diversidade é uma pauta LGBT, que busca o reconhecimento de que todos fazem parte da sociedade e não devem ser excluídos. Ponto pra ela.

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#4

A palavra do dia, Diversidade, esteve presente em dois momentos especiais do Rock in Rio. O primeiro é de arrepiar. A apresentação da cantora Pabllo Vittar no palco alternativo acompanhada em coro pela plateia. PAra entender um pouco do que foi a presenta dela no RIR, clica aqui e veja o show inteiro. O furacão foi tanto, que voltou na mesma noite para uma participação surpresa com Fergie no palco central do festival. O segundo momento leva o nome de Elza Soares. Com suas mais de sete décadas de vida e luta, mostrou todo o poder de sua presença ao cantar seu novo repertório em A Mulher do Fim do Mundo. Afinal, a carne mais barata do mercado é a carne negra.

 

#5

Não me recordo bem, mas acredito que desde o ano passado que o Ministério da Saúde vem promovendo ações em consonância com o Conselho Federal de Psicologia para prevenir o suicídio. Mas… diante de tantos artistas que nos deixaram este ano, além de amigos e conhecidos que sucumbiram e seriados que falam sobre o tema, o suicídio ainda é visto como doença e não sintoma. A depressão, doença tão silenciosa quanto a hipertensão arterial, é a principal causa, seguida de ansiedade e outros transtornos de saúde mental. A pessoa pode ser a mais ativa e feliz do mundo, como mostra o vídeo postado nas redes por Talinda, viúva de Chester Bennigton (cantor do Linkin Park) recentemente acometido por uma crise depressiva que o levou ao suicídio. Sabe, eu sei disso. Sofro de depressão há anos. E mesmo que você que não passa por nenhum sintoma de transtorno de saúde mental queira ajudar, o melhor caminho ainda é se fazer presente. Reconhecer a causa é meio caminho andado para a prevenção, desta e de outras doenças que nos assombram silenciosamente.

 

#6

Mas há aqueles que sobrevivem e que acabam por percorrer outros caminhos. Alguns, mais obscuros, mas que elevam o pensamento. Tratado como louco pela mídia do entretenimento norte-americana, Jim Carrey sobreviveu a uma fase sombria de depressão profunda em sua vida e se transformou durante o processo. Com linhas de pensamento próximas do Existencialismo filosófico do século passado (principalmente Albert Camus), o ator passou a um outro nível de relativização da vida e de suas transformações. No último sábado, Prince EA postou um vídeo em sua página de Facebook que me fez acreditar mais ainda nesta hipótese (inclusive citando o mesmo filósofo) que gostaria de compartilhar, não só na minha linha do tempo daquela rede, mas com vocês por aqui.

 

#7

Isso tudo nos faz pensar o porquê de grandes corporações estarem pensando sobre depressão e como combatê-la. Responsabilidade autoral ainda é algo frágil em terras brasilienses, mas em outros países já fazem parte de estudos dirigidos e com início de comprovação científica no campo da profilaxia. Uma dessas ações é realizado nos EUA pela Google. A gigante de tecnologia realizou um teste online para auxiliar as pessoas a identificarem sinais de depressão e procurar ajuda. A ferramenta está associada a busca de palavras chaves que indicam depressão clínica. Nela, um questionário realizado em parceria com a Aliança Nacional para Doenças Mentais usa a metodologia PHQ-9 que é reconhecida como ferramenta de diagnóstico de depressão. A matéria que comenta o estudo e suas interfaces é do Jornal Nexo.

#8

Acompanho uma revista australiana de circo desde o início do ano, a Carnival Cinema. Foi uma descoberta feliz, procurando por vídeos de mulheres malabaristas. E nesse lance de encontros, me deparei com dois temas que tem preenchido meu pensamento nos últimos dois anos: o autismo e o circo. Meu sobrinho é autista e encontrar maneiras de compartilhar momentos que o possa estimular a ser sociável é uma busca de todos aqui de casa. Nessa brincadeira a Carnival fez uma matéria com Kristy Seymour, trapezista e professora de aéreos (técnica circense de equilíbrio em objetos no ar, como o trapézio, a lira e o tecido) que estudou uma metodologia de inclusão de autistas em atividades circenses. Ela criou a Circus Stars e participou de um TEDx bem bacana para explicar todo o processo e os resultados do projeto.

 

#9

Já que mencionamos a comunidade LGBT em muitos tópicos deste nosso ranking, vamos falar da sigla B e como ela também é prejudicada por todos os lados? Mais um excelente momento de Wilbert da página Igreja de Santa Cher na Terra.

#10

O ranking da diversidade finalmente alcançou o Emmy, só que não quase. Apesar de 2017 a premiação celebrar este importante e brilhante momento de inclusão e diversidade nas produções norte americanas, com mulheres, negros, latinos, indianos e muçulmanos levando as melhores indicações da noite, a pedra no sapato foi a participação de Sean Spicer, ex-assessor de Trump na Casa Branca. Talvez uma das poucas na casa que não tenha sido contagiada por risos desconcertantes fora Melissa McCarthy, que concorria justamente com a paródia no SNL da primeira conferencia de Sean após a posse de Trump. Enfim. Após isso, podemos dizer que foi ótimo ver Donald Glover, Riz Ahmed, Elizabeth Moss, Aziz Ansari, Lena Waith subirem ao palco para receber suas estatuetas. O Omelete publicou uma lista completa de onde assistir cada um dos grandes vencedores da noite.

 

YK Teles
Jornalista e aprendiz.
https://becodaspalavras.com/

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