Com um pouco de atraso, aqui estou para falar sobre a leitura de julho do meu Desafio Literário: 12 livros escritos por mulheres para 2017. As leituras estão em dia, o que faltou foi tempo para vir escrever. Mas antes tarde que nunca, certo? O livro escolhido para julho foi Sangue Negro, da Noémia de Sousa. Que livro maravilhoso! Mas, como sempre, antes de falar sobre ele, quero falar sobre a escolha dessa escritora para minha lista.
Se eu disser para vocês que conhecia Noémia de Sousa antes desse ano é mentira. Me lembro de ter escutado um poema dela recitado pelo escritor Marcelino Freire, há poucos anos, em algum evento literário em São Paulo, mas na época não me dei conta de quem havia escrito e não fui atrás para saber. Infelizmente. Se eu tivesse feito isso, já havia tirado um atraso literário da minha vida: o de ler mais obras escritas por mulheres negras. É um atraso que todos nós temos, na verdade. Se na escola e na universidade não somos incentivados a ler livros escritos por mulheres, quem dirá por mulheres negras! Mas chegou a hora de sair do atraso. Ao fazer minha lista de leituras no final do ano passado, pedi indicações para minha irmã, que me deu vários nomes, inclusive, o da Noémia de Sousa. Busquei informações sobre ela e nem precisei me aprofundar em sua biografia para decidir incluí-la.
Noémia de Sousa é uma escritora moçambicana. Mas não é só mais uma, ela é considerada a mãe dos poetas moçambicanos. Seu único livro publicado é Sangue Negro, uma compilação de 46 poemas escrito por ela entre 1948 e 1951. Na época, esses poemas eram escritos para serem publicados em alguns jornais e também circulavam cópias entre as pessoas. Apenas em 2001 todos os poemas foram reunidos em um livro. Noémia de Sousa aborda, em sua obra poética, temas como a situação da mulher africana e moçambicana, a identidade negra, a luta do povo moçambicano pela liberdade e a resistência contra a colonização. Noémia foi uma militante engajada e, por isso, em certo momento precisou exilar-se na França e, depois, em Portugal. Faleceu em 2002, longe de sua terra natal, em Cascais (Portugal).
Preciso confessar: poesia nunca foi meu gênero literário predileto. Não apenas isso, em alguns casos eu simplesmente não entendia a complexidade de comprimir pensamentos tão profundos em poucos versos. Mas, pensando bem, talvez tenha faltado uma boa dose de identificação com o assunto. Ler os poemas de Noémia de Sousa foi uma experiência completamente diferente. Eu entendi, gostei, me identifiquei, senti a força de sua escrita. Mas sobre essa experiência e sobre o livro em si, vou falar no próximo post, então não deixem de aparecer por aqui para ler.
Também não conhecia essa autora, então fiquei muito feliz com seu texto! Afinal, nunca é demais conhecer novos escritores, ainda mais quando isso significa fugir da nossa zona de conforto. Estou super ansiosa pelo próximo post e para saber um pouco mais sobre os poemas de Noémia!