Foto de abertura: UNHCR
Khaled Hosseini é talvez um dos escritores mais lidos na contemporaneidade. Seus livros “O Caçador de Pipas” e “A Cidade do Sol” tornaram-se best-sellers, sendo traduzidos para mais de 70 países. Ainda não tive a oportunidade de ler “A Cidade do Sol”, mas li “O Caçador de Pipas” – no início com um pouco do preconceito que tenho por best-sellers, confesso, mas depois gostei – e em minha opinião, todo esse sucesso é merecido. Uma história muito envolvente, bem construída e que, em certa medida, foge de um padrão de livros com que estamos acostumados atualmente.
Quem gostou desses livros anteriores não vai se decepcionar com “O Silêncio das Montanhas”, publicado pela Editora Globo, em 2013. O livro conta a história de dois irmãos que foram separados na infância, Pari e Abdullah. Uma separação que pesa muito mais para o irmão mais velho, que não perde as esperanças de um dia encontrar sua irmãzinha. Justamente por ser muito nova, Pari cresce muito mais com uma sensação de ausência que com uma lembrança, propriamente dita. A possibilidade de um reencontro aparece para o leitor como quase inexistente em algumas partes do livro, em outras, sentimos a mesma esperança de Abdullah, a sensação de que alguns laços são muito mais fortes que o tempo e o espaço. Obviamente, não vou contar o final porque não quero estragar a leitura de vocês.
Algo bem interessante em “O Silêncio das Montanhas” é que o autor conta diversas outras histórias de encontros e desencontros no decorrer do livro. São histórias que aconteceram em lugares (até mesmo países) diferentes, em épocas diferentes, mas têm em comum o fato de que estão ligadas à história principal. Considero realmente impressionante como Hosseini conseguiu elaborar essa teia de personagens e enredos. Ao longo da leitura, vemos como tudo se encaixa.
O livro, de fato, é muito bom. Mas não posso deixar de dizer que tive uma sensação parecida com a que tive quando li “O Caçador de Pipas”. A sensação de que as histórias ali presentes são um tanto quanto extraordinárias. Quero dizer, soam um pouco como uma novela, um pouco dramático e forçado em alguns momentos. Isso pode desagradar alguns leitores. Me deixa um pouco incomodada em certos momentos, devo confessar. Mas, por outro lado, penso: é um romance contado em um livro, imaginado por alguém, por que não pode ser assim? É algo desnecessário e meio entediante ler um monte de coisas dentro de um padrão só. E a verdade é que histórias assim não deixam de ser uma interpretação da realidade, de qualquer modo. “O Silêncio das Montanhas” vale a leitura daqueles que gostam de uma boa história e gostam de se sentir envolvidos por ela.
O Silêncio das Montanhas
Autor: Khaled Hosseini
Editora: Globo
Páginas: 350
Ano: 2013