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Invisíveis

Sempre gostei de livros que contassem histórias de detetives, crimes a serem desvendados. Como, por exemplo, os livros da grande dama do mistério, Ágatha Christie. Com Poirot ou Miss Maple, os dois personagens principais da autora, ia seguindo as trilhas até chegar à resolução do problema. O mesmo com os clássicos livros de Conan Doyle e seu detetive Sherlock Holmes. Mas confesso que depois de um tempo, fui deixando essa literatura de lado e não tive praticamente mais nenhum contato com histórias como essa, escritas por autores contemporâneos. Por isso, foi uma grata surpresa ter a chance de ler “Invisíveis”, um livro da escritora escocesa Stef Penney, publicado pela Editora Intrínseca.

O livro apresenta a história de Rose e Ivo Janko, um casal de ciganos que tem suas vidas cercadas por uma série de mistérios e questões que há muito tempo permanecem sem respostas. Um casamento arranjado pelas famílias acaba com o desaparecimento de Rose. Sete anos após esse desaparecimento, o pai de Rose procura o detetive particular Ray Lovell, a fim de encontrar sua filha, mesmo desconfiado de que ela esteja morta. Lovell, assombrado por um caso anterior de desaparecimento, sente-se receoso em aceitar investigar a família Janko. Entretanto, todas as pontas soltas na história o deixam instigado a assumir a investigação, assim como o fato de ele próprio ser um “meio cigano”, ou seja, filho de cigano, mas que cresceu como um gorjio (não cigano).

Porém, à medida que avança em sua investigação, Lovell percebe que essa história é muito mais complexa do que imagina. A família Janko, bastante reservada, guarda segredos inclusive entre seus próprios membros. Revelar esses segredos começa a custar caro a muita gente, até mesmo – e principalmente – ao próprio detetive Lovell. Stef Penney construiu um enredo muito bem articulado, que prende o leitor do começo ao surpreendente final do livro. Ao menos eu, não consegui parar de ler até descobrir o que havia acontecido com Rose e todo o mistério ao redor da família Janko.

Um aspecto que considerei bastante interessante é que o detetive Lovell em nenhum momento aparece como um herói, que irá resolver todos os problemas e salvar o dia. Ao contrário, a autora o apresenta como um homem cheio de inseguranças e medos, decorrentes de erros e traumas do passado. Mas, ao mesmo tempo, com uma curiosidade e determinação para chegar até o fim da história, seja ele qual for.  Os outros personagens – como Ivo Janko, Hen (sócio e parceiro de trabalho de Lovell), JJ (sobrinho de Ivo), Tene (pai de Ivo, que conhece e guarda todos os segredos do filho), Lulu (tia de Ivo, que após muitos anos retomou o contato com a família), entre outros – também são personagens muito bem construídos, sem idealizações ou uma visão romântica, mas com dúvidas, sentimentos e conflitos bastante próximos do real.

Para quem gosta de histórias de detetives, “Invisíveis” é, certamente, uma ótima opção de leitura. Digo isso como uma apreciadora desse estilo de história também, e que aguarda para conhecer outros enredos de uma autora que realmente me surpreendeu.

Invisíveis

Título original: The Invisible Ones

Páginas: 384

Gênero: Ficção

Editora Intrínseca

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