Saiba mais sobre a vida do escritor que viveu anos sob proteção da polícia após a publicação de um livro
Nascido em 19 de junho de 1947 em Bombaim, Salman Rushdie veio ao mundo dois meses antes da independência da Índia. Criado por uma família de intelectuais muçulmanos não praticantes, ele incendiou parte do mundo muçulmano com a publicação de “Versos Satânicos”.
Seu trabalho combina realismo mágico e ficção, sempre buscando conexões com diversas culturas, principalmente Índia e o mundo europeu e norte americano.
Formou-se em história na Kings College, Cambridge, mesma universidade que seu pai, um advogado inglês. Casou quatro vezes e possui dois filhos e nos últimos 20 anos vive em Nova York, nos Estados Unidos.
Primeiros passos na literatura
Os primeiros textos de Rushdie foram na publicidade, onde trabalhou como redator na agência Ogilvy & Mather. Foi ali que escreveu seu primeiro livro, Os Filhos da Meia-Noite antes de se tornar escritor em tempo integral.
Seu primeiro livro publicado foi Grimus (1975), que não teve impacto de vendas ou crítica, passando despercebido pelo público. Porém, o segundo livro, Filhos da Meia-Noite (1981) foi diferente. A obra remonta a transição da Índia de uma colônia britânica a um estado independente. Com pitadas de ficção e magia chamou a atenção do meio literário, conquistando o prêmio Booker Prizer, catapultando as vendas nas livrarias.
Nos anos seguintes, o autor publicou outros livros, mas foi no final dos anos 80 que uma obra mudaria sua vida completamente.
Os Versos Satânicos
Em 1988 Rushdie publica sua obra mais conhecida e polêmica, principalmente no mundo islâmico. O livro apresenta uma nova versão de uma lendo sobre o profeta Maomé.
De acordo com esse mito, Maomé teria incluído versos pagãos no Alcorão, a Bíblia dos muçulmanos. Depois, o próprio profeta revogou os tais versos afirmando que sua inclusão tinha sido obra do diabo. Na obra de Rushdie, os versos são creditados ao Anjo Gabriel, que teria sussurrado a Maomé.
Para a comunidade islâmica, a obra foi considerada uma ofensa, e chegou a ser banida de 13 países, sua maioria formada por mulçumanos. O Irã foi além e ordenou a execução do autor por blasfêmia. Por mais de duas décadas, Rushdie viveu sob a proteção da Scotland Yard.
Fora do oriente médio, houve protestos e violência por conta da obra. Livrarias foram incendiadas, protestos e ataques àqueles que ousavam traduzir o livro para idiomas que proibiram o livro.
Ele já havia sofrido tentativas de assassinatos desde a publicação de Versos Satânicos, como um atentado a bomba em um hotel em Londres.
Em 1998, como parte do retorno das relações diplomáticas entre Reino Unido e Irã, o governo do Irã publicou um comunicado oficial dizendo que não iria “nem apoiar nem tentar impedir operações para assassinar Rushdie”. O autor continuou sofrendo ameaças de morte de extremistas depois disso.
Retomada de publicações
Apesar de todos os problemas que vieram com os Versos Satânicos, Rushdie publicou mais livros como O último suspiro do mouro (1995), Fúria (2001) e A Feiticeira de Florença (2008) e diversos ensaios sobre temas sociais e políticos.
O autor mora nos Estados Unidos desde 2000. Em 2007, ele recebeu o título de cavaleiro da Coroa Britânica por suas contribuições à literatura, se tornando Sir Salman Rushdie.