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Como Djonga Captura o Essencial no Rap e Poesia

A poesia nem sempre está no formato tradicional literário. Djonga é um poeta a sua maneira, cuja arte dá voz ao movimento negro no cenário musical.

 

O começo de Djonga

 

Djonga é Gustavo Pereira Marques, jovem nascido em 1994, na Favela do Índio, em Belo Horizonte. Sua família já era musical e festeira, com o gosto voltado para a MPB e poesia. Sua mãe ouvia Cartola enquanto faxinava e a Jovem Guarda era o que rolava nas confraternizações em família.

O mineiro também teve o privilégio de ter uma infância tranquila, de poder brincar na rua e ser um neto querido criado pela avó, a qual seria muito homenageada nas músicas futuras. Mas como nem tudo é perfeito, o racismo já o atingia.

Com 7 a 8 anos ele era fã dos Racionais MCs. Com 16, compôs sua primeira canção. Hot Apocalypse, um rapper, o convidou para um grupo musical e produziu um beat para ele, no estúdio Oculto Beats. Gustavo então combinou o som com uma poesia que ele já havia escrito e assim nasceu “Corpo Fechado”.  Foi Hot que também o ajudou com o nome “Djonga”. 

Ele chamava todos por essa palavra, por brincadeira. Até que Gustavo chegou atrasado em um sarau e Hot colocou o nome “djonga” no papel para ele ir recitar. Então ele ficou conhecido como Djonga. Mais tarde ele descobriu que essa palavra significa uma pessoa quieta, mas atenta.

 

Inspiração

 

As fontes de inspiração do cantor eram o rap nacional e o funk. Além dos Racionais, MC Suave também foi um importante artista que o influenciava desde sempre. Foi com 17 anos que ele começou a frequentar duelos de MCs e saraus de poesia. 

Quanto ao funk, ele também ouvia MC Smith, que fez uma releitura de “Vida Louca Vida” do Cazuza. A partir daí ele procurou ouvir mais o rock, como a banda Barão Vermelho.

Poucos anos depois, ele cursou História na Universidade Federal de Ouro Preto, mas não terminou, abandonando o curso no sétimo período. Em entrevista, ele confessa que na faculdade de História era ensinado como alguns integrantes da classe operadora ascendiam no sistema. Isso era frustrante para ele, um jovem da periferia. 

Além disso, ele já ia ser pai de Jorge, seu primeiro filho com a produtora cinematográfica Malu Tamietti. Mais tarde ela dá a luz à Iolanda.

 

A trajetória musical do fenômeno do rap brasileiro

 

Sua profissão começou nos pequenos saraus que frequentava quando adolescente, em 2012. Depois de lançar a primeira música, ele produziu o disco “Fechando o Corpo”, com o Coyote Beats — presente até hoje na vida profissional do rapper. 

Em quatro anos, ele já estava cantando com outro grande rapper, o baiano Diogo, ou Baco Exu do Blues. Nesse mesmo ano, ele também participou do cypher Poetas no Topo 1 com outros MCs de destaque.

No ano de 2017, em sequência, Djonga lança o disco “Heresia”. O trabalho foi considerado o melhor do ano pela Rolling Stones e a faixa “O Mundo é Nosso” concorreu ao prêmio RedBull e atingiu o sétimo lugar. Seu penúltimo álbum, “Ladrão”, venceu o mesmo prêmio como melhor disco do ano.

Djonga confessa que se esforça muito para produzir suas músicas cruas e liricamente agressivas. Nesse último ano, ele morou por uns dias em um lugar afastado, levando toda a família, só para gravar um disco. Esse patamar de dedicação do rapper não é tão facilmente observado em outros artistas nacionais.

O último álbum lançado pelo rapper é “Histórias da Minha Área”. Confira essa análise do disco que o pessoal da B9 publicou!

 

 

Colaborador Beco das Palavras
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