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Espiã, feminista ou escritora: Quem foi Aphra Behn?

Behn foi uma personalidade literária interessante da Inglaterra do século XVI. Conheça sua história repleta de luta e representatividade feminina. 

Aphra Behn quebrou diversas barreiras culturais entre homens e mulheres, ao conseguir viver com seus ganhos como escritora, em uma época que mulheres não eram levadas a sério em nenhuma profissão. 

Aphra Behn e uma biografia hesitante

Não existem informações conclusivas sobre os dados biográficos de Behn, pois ela mesmo cuidou para que ficassem em sigilo. Sabe-se, porém, que a autora nasceu durante a Guerra Civil Inglesa, em 1640. Hipoteticamente, estes foram seus possíveis pais:

  • John Amis, um barbeiro, e sua esposa Amy
  • Bartholomew Johnson, outro barbeiro, e Elizabeth Denham, uma ama de leite
  • Tenente-geral do Suriname, na história do seu livro “Oroonoko”

Ela possuía os seguintes apelidos: Ann Behn, Sra. Bean, Agente 160 e Astrea. Behn era católica e supõe-se que ela foi esposa de Johan Behn, um comerciante alemão. Posteriormente eles se separaram ou Johan faleceu — também não se sabe ao certo.

Sua posição política era monarquista. Em 1666, Behn se aproximou da corte no contexto da guerra entre Inglaterra e Holanda e foi recrutada como espiã. Sua missão era se aproximar de William Scot, filho de um regicida, e transformá-lo em um agente duplo; porém ele acabou traindo-a junto com os holandeses. 

Além disso ela não foi adequadamente recompensada pelo trabalho, o rei demorou a pagar a quantia combinada; considerando que realmente tenha pago. Isso foi a sua motivação para escrever peças de teatro, sendo “O Casamento Forçado” sua primeira obra. Depois de produzir o terceiro trabalho, que não fez sucesso, ela se retirou do ramo artístico por três anos — especula-se que ela voltou a ser espiã enquanto isso.

Depois de escrever em torno de 19 peças e até quadrinhos, nos últimos quatro anos de vida, sua saúde foi ficando debilitada enquanto ela escrevia em meio à pobreza e dívidas.  Morreu no ano de 1689, aos 48 anos de idade. Entre 1670 e 1680 ela foi considerada a dramaturga mais produtiva da Grã-Bretanha, perdendo apenas para o poeta John Dryden. 

A obra da Sra. Bean

Embora tenha ingressado na literatura com peças de teatro, debruçou-se sobre a ficção em prosa e ficou conhecida por isso. Seu primeiro livro foi “Love-Letters Between a Nobleman and His Sister”, novela inspirada no acontecimento real de um nobre que fugiu com sua cunhada. Sua obra mais importante, todavia, foi “Oroonoko”, considerado um dos primeiros livros abolicionistas. Oroonoko foi descrito como neto de um rei africano que, apaixonado pela filha de um general do reino, acaba virando escravo.

Ann Behn e o feminismo

Ela dizia abertamente que era mulher e que escrevia peças. Além disso, algumas de seus textos criticavam o casamento arranjado — prática que era normal e encorajada na época. Mas nem sempre tudo foi tranquilo; em 1673, sua história “O Amante Holandês” foi duramente sabotada pelos críticos apenas devido a sua autoria feminina. 

Aphra também combateu bravamente esses literatos; argumentava que o problema não era a falta de habilidade, mas a educação das mulheres foi lhes tirada, deixando-as excluídas na sociedade. Em 1676 ela escreveu mais peças e, como represália, sofreu ataques em sua vida pessoal, sua obra também foi questionada do ponto de vista moral e ainda foi acusada de plágio em “The Rover”. 

Diante disso ela ainda não se calava, fazia um paralelo por vários dramaturgos escreverem obscenidades e se envolverem em escândalos na vida privada. E mais: se tornou amiga de John Wilmot, conde de Rochester, um dos favoritos do rei e que era abertamente libertino. Por influência dele, Behn escrevia sobre sexo. 

Para saber mais sobre a escritora e o livro Oroonoko, acesse esta transcrição de podcast, ou se preferir, ouça o conteúdo riquíssimo totalmente voltado para o romance. 

 

Colaborador Beco das Palavras
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