A literatura também esteve presente na luta contra o apartheid na África do Sul. Nadine Gordimer foi uma das autoras principais. Saiba mais!
Nadine Gordimer foi uma escritora sul-africana de destaque. A maior parte do seu trabalho foi sobre a degeneração que a sociedade passou enquanto estava sob o apartheid. Seu último trabalho publicado foi em 2009, finalizando aproximadamente mais de 30 livros.
Ela nasceu em 1923, em uma região próxima a Joanesburgo. Seu pai era um imigrante judeu e sua mãe tinha descendência, mas ela cresceu de forma secular. Eles a influenciaram bastante nas questões raciais e econômicas da África. Sua mãe até mesmo criou uma creche para crianças negras.
Hannah, sua mãe, achava que sua filha tinha problemas de saúde, por isso exerceu homeschooling e Nadina quase não ia à escola. Nessa fase um pouco isolada em casa, ela publicou suas primeiras histórias, na década de 30, com apenas 15 anos de idade. Mais tarde, ela entrou para a Universidade de Witwatersrand, mas não completou o curso e voltou para Joanesburgo.
O que a instigou para a militância foi a prisão da sua melhor amiga, Bettie du Toit, no massacre de Sharpeville, que foi uma repressão muito forte a um protesto pacífico durante o apartheid. Gordimer entrou para o ativismo e se tornou até amiga próxima de Nelson Mandela.
Houveram dificuldades também na carreira da escritora sul-africana. Em uma fase da sua vida, ela precisou dar aulas nos EUA. Enquanto isso, o governo sul-africano bania suas obras. A escritora se afiliou ao Congresso Nacional Africano, chegando a esconder alguns dos seus líderes na sua casa para que não fossem presos. No ano de 2006 ela foi atacada, em sua casa, por ladrões e foi confinada na despensa. Ela não ficou ressentida e comentou que eles poderiam ser apenas jovens pobres e sem oportunidade.
Em 1949 ela se casou, com Gerald Gavron, um dentista e teve uma filha chamada Oriane. Depois de 5 anos ela se divorciou e encontrou Reinhold Cassirer, um negociante de arte. Em 2007, ela conheceu o Brasil, a convite da Flip e palestrou ao lado de Amos Óz. Depois de vários anos como ativista, inclusive na área da saúde, em prol dos portadores de HIV/AIDS, em 2014 ela morreu aos 90 anos de idade enquanto dormia.
A literatura de Gordimer
Além do engajamento social, ela escrevia sobre o amor, relações sociais, ambiguidades morais na sociedade, entre outros. Sua primeira novela foi “The Lying Days”, de 1953. A história é semi-autobriográfica e remete à infância da escritora na cidade colonial.
Em “Occasion for Loving” ela colocou o apartheid no enredo, junto com uma história de amor. A personagem principal, Ann Davis, é casada com um homem e apaixonada por outro. Ann é branca e seu amante é negro — ambos vivendo sob o regime que criminalizava esse relacionamento.
A maioria das suas obras tinham esse teor complexo, do entretenimento e da reflexão. Ela inclusive era muito influenciada por escritores como Albert Camus e Bertold Brecht.
Premiações
Nadine Gordimer colecionou muitos prêmios, entre eles o Prêmio Nobel de Literatura, de 1991. Alfred Nobel declarou que ela foi “uma mulher que através de sua magnífica escrita épica foi de muito benefício para a humanidade”.
Ela mesma considerava que “cada escritor ilumina um pouco o mundo”. Seu primeiro prêmio foi britânico, o Prêmio Literário da Comunidade W. H. Smith, em 1961. Ela também foi membro honorário na Academia Americana de Artes e Letras, em 1979 e 1980.
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