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Mama Africa: A História de Miriam Makeba

Zenzile Miriam Makeba foi uma artista engajada, forte e talentosa. Conheça a história de uma das principais cantoras negras da África do Sul. 

Além da música, a vida de Miriam Makeba envolveu luta pelos direitos humanos e contra o Apartheid. Chegou a ser atriz e também embaixadora da ONU (Organizações das Nações Unidas).

Quem foi Makeba?

O nome completo da cantora veio durante o seu nascimento. Porque sua mãe, que era enfermeira, fez o parto sozinha e ela nasceu fraca, sem comer adequadamente. Porém, ela foi se recuperando inexplicavelmente daí o nome “Zenzile” que é algo próximo de “quem pode superar os obstáculos da vida, abre caminho para si mesmo”.

Isso foi comprovado quando Makeba foi para a prisão pela primeira vez: com 18 dias. Porque ainda recém-nascida, sua mãe foi presa por vender bebida alcoólica — o que era proibido no regime do Apartheid. 

Aos seis anos, Miriam foi obrigada a encontrar um trabalho depois que o seu pai morreu. Ela também cantava na igreja protestante da região e ia para uma escola metodista. Seu primeiro emprego foi como babá e as famílias a inseriram no mundo da música secular, colocando Miriam para escutar Ella Fitzgerald, por exemplo.

Ela começa sua carreira musical no grupo Cuban Brothers e, aos 21 anos, entrou para outro grupo musical, de jazz, chamado Manhattan Brothers. Em uma de suas performances encontrou Nelson Mandela o qual disse que “sentiu que essa garota iria longe”. 

Mais tarde ela se muda para os EUA. Mas, na década de 60, ela descobre que a mãe morre e tenta voltar para a África do Sul — na ocasião do massacre de Sharpeville. Seu passaporte é cancelado sendo que dois outros familiares foram vítimas do massacre e até sua filha ainda estava em território africano.

Depois do Apartheid, em 1990, Mandela é liberto e pede que Makeba volte para a África (a essa altura a cantora já viajava entre os países). Ela foi bem ativa, publicou livros e teve um centro para garotas órfãs construído.

Em 2008, em um show na Itália, a Mama Africa com 76 anos de idade sofre um infarto enquanto cantava “Pata Pata” e tragicamente não resiste. 

Seu talento na música sul-africana  

Um dos primeiros estilos de música que ela cantou foi o mbube, gênero que juntava o jazz, o ragtime e os hinos da igreja angliana. Dolly Rathebe, outra cantora africana, foi uma das suas primeiras influências musicais 

Ao longo dos seus 30 álbuns lançados, a Mama Africa chegou a enveredar pelo Afropop e música latino-americana. Ela também tinha presença de palco; dançava e cantava em diversos idiomas africanos — exceto em africâner, a língua oficial durante o regime do Apartheid.

Ela deixou um forte legado, sendo conhecida também como a “rainha da música sul-africana”. Segundo uma revista norte-americana dos anos 30 “sua voz tinha tons esfumados e delicados como a de Ella Fitzgerald combinado ao calor intimidante de Frank Sinatra”.

Como foi a luta contra o Apartheid na África 

Desde que era um bebê, Makeba já enfrentava diretamente os efeitos do regime. Ao longo da sua vida, simbolizava a luta contra o Apartheid e em 1960 participou do documentário “Come Back, Africa”. 

Ela também testemunhou sobre as condições dos negros na África do Sul perante o Comitê contra o Apartheid da ONU, em 1963. O governo racista reagiu banindo seus discos no país. Em 1968, ela casou com o porta-voz dos Panteras Negras o que levou ao cancelamento de vários contratos. 

A música sul-africana possui grandes estrelas. Clique aqui para ouvir uma playlist de 15 excelentes músicas do continente.

Luciana
Jornalista e editora, mestre em rádio e televisão.

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