Por Júnior Nascimento
Eu juro, juro mesmo. Sério, estou aqui de pés juntos da forma mais cristã possível, jurando para vocês que o meu objetivo era dar uma indicação positiva de um romance histórico para vocês. Eu sou simplesmente fascinado por romances históricos bem desenvolvidos, principalmente quando envolve “distorções” interessantes da História real. Some a isso a inclusão de sociedades secretas, uma guilda de assassinos e o fato de se tratar de um livro baseado em uma das franquias mais elogiadas e premiadas do mundo dos videogames.
Não tem como errar, certo? Errado! ERRADO! E R R A D O !!! Holy mother of god, o que o senhor Oliver Bowden fez com Assassin’s Creed?
Contextualizando, o livro é baseado no jogo Assassin’s Creed. Qualquer entusiasta dos videogames como eu já sabe do que se trata logo de cara. Mas, se você tem mais o que fazer do que passar 80 horas na frente de uma TV hipnotizado por personagem fictícios controláveis, eu explico. O livro é baseado no segundo jogo da série (Renascença), na minha opinião, aquele que apresenta o enredo mais interessante de todos. Você controla o rapaz Ezio Auditore, um cabra que logo no icício descobre que sua família vem de uma linhagem de assassinos MUITO SINISTRA e tem entre seus aliados ilustres homens como Leonardo da Vinci. Acontece que essa sua peculiar família se envolve em uma série de acontecimentos na Itália durante o período Renascentista e você literalmente vê a história sendo contada pela perspectiva de alguém que está vivenciado e influenciando seu fluxo.
Simplesmente espetacular. E a partir de agora eu começo a minha resenha fazendo a seguinte ressalva. Se você JOGOU Assassin’s Creed até o final, fez as missões extras e babou no enredo, pode parar de ler essa resenha após a próxima frase: Não leia o livro.
Se você não faz ideia nem de como se segura no controle do PS3 ou do XBOX, leia a resenha até o final.
O livro tem um ponto positivo. É um só, mas é bastante relevante. O enredo é simplesmente genial. A forma como os fatos ocorrem e vão se amarrando uns aos outros, o crescimento de Ezio até se tornar um assassino altamente letal, principalmente considerando que antes ele não passava de um playboy zé brigão qualquer. Mas é isso. E o pior de tudo é saber que isso não é mérito do “autor”. O enredo estava pronto, ele é exatamente igual ao do videogame. Aliás, o autor não é autor (e ele faz questão de deixar isso bem claro com o transcorrer pifio da narrativa), ele é um historiador que possivelmente viu no sucesso do jogo, aliado aos seus conhecimentos históricos, uma chance de fazer uma grana. E provavelmente funcionou, afinal, a franquia se vende sozinha.
O que mais me incomoda mesmo é ver que o livro é escrito por um total amador. Oliver Bowden não domina nenhuma técnica de construção de texto, não tem a capacidade de segurar a tensão ou de traumatizar e impactar os personagens (e, consequentemente, o leitor) com descrições. O texto não tem uma voz definida e não usa a velocidade das palavras para separar o que é relevante do que é acessório.
As falas, engraçadas na maioria das vezes (você consegue até ouvir o sotaque Terra Nostra dos italianos), são bem colocadas e, até o final do livro, a única forma de delinear a voz de cada um dos personagens. Novamente, não se trata de mérito do autor, dado que os melhores momentos são cópias fiéis dos diálogos do jogo.
Enfim, a minha indicação. Jogue o jogo. Ou peça para o seu irmão mais novo com habilidades no controle para jogá-lo e acompanhe a história ao lado dele. O livro? Infelizmente, não posso indicar. Trata-se de um enredo genial que foi maculado por uma péssima execução literária. Uma pena, a série Assassin’s Creed merecia entrar no mundo dos livros de forma mais impactante.
“- Não! Eu vim para matar o Espanhol! Não me importo com seu Profeta, se é que ele existe. Com certeza aqui ele não estã.”
Por Júnior Nascimento
Republicou isso em Memórias ao Vento.
Concordo com tudo que disse! Amo a série de jogos mas quando peguei o livro para ler… Meu DEUS, não conseguir terminar ele.
Uma pena ver uma história com tanto potencial ser feita de mal jeito.