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O Poço e a Mina

Se continuar assim, creio que tornar-se-á uma mania, em minhas resenhas, discordar das opniões de outros autores quanto aos livros em questão. Entretanto, quando você se depara com uma obra tão boa e cativante quanto “O Poço e a Mina” você é obrigado a ser um tanto quanto atrevido a ponto de querer corrigir as palavras da autora Fannie Flagg; os personagens deste livro não te deixam com saudade quando você termina suas histórias, isso acontece muito antes disso. Logo nas primeiras páginas você já se sente parte da família da Tessie.

O enredo principal da história inicia-se em uma noite em que Tess estava na varanda, observando de longe o seu poço, e flagra uma mulher – a qual ela não reconhece – jogando um bebê lá dentro. Chocada com tal acontecimento, ela conta isso à sua irmã, Virgie, e posteriormente à seus pais, Albert e Leta, os quais inicialmente não acreditam na garota. Entretanto, no dia seguinte, Leta acaba tendo uma desagradável surpresa quando, ao tentar tirar água do poço, acaba puxando de lá um pequeno cobertor.

“Depois que ela jogou o bebê, ninguém acreditou em mim pelo maior tempo do mundo. Mas eu continuava a ouvir o barulho da água.” – Página 13

A partir de então, durante todas as as noites, Tess tem pesadelos com o bebê, sonhando que estava lá no poço, junto com ele. Ela e Virgie decidem, então, tentar encontrar a Mulher do Poço, para descobrir quem ela é e os motivos para ela ter cometido tal ato, imaginando que assim os pesadelos de Tess teriam um fim.

Entretanto Gin Phillips não para por aí, existem várias outras coisas que acontecem paralelamente a “investigação”. Com uma crítica social e moral fortíssima vemos o trabalho nas minas de carvão, o preconceito com pessoas negras, o trabalho infantil e muitas outras coisas que nos fazem parar para refletir. Esse realmente é um daqueles livros que dá tapas na nossa cara. Se Albert mostrou à seus filhos a vida das crianças que precisam trabalhar na lavoura, o que toda sua família não mostrará à vocês?

Outro fator que traz uma magia toda especial para esse livro é o fato de ele ser narrado em primeira pessoa por cada um dos cinco membros da família de Tess, fazendo com que as personagens ganhem vida autônoma. Sendo assim, a cada momento você vê a história do ponto de vista de uma delas, fazendo com que você se identifique com suas características específicas e únicas, com seus medos e suas dificuldades.

É incrível como Gin consegue te colocar na visão da Tessie, com sua grande imaginação e sua inocência; de Virgie, com suas preocupações com o futuro; de Jack, o irmão cassula, que nos mostra o que ainda está por vir no futuro da família; de Leta, seu pesado trabalho em casa e sua preocupação constante sobre seus filhos; e Albert, com sua aventura abaixo da terra coberto de poeira e mais poeira de carvão. Todos os personagens são cativantes e interessantes, até mesmo a Mulher do Poço nos consegue trazer uma lição importante.

Procure conhecer essa belíssima história e suas várias facetas. Desde a inocência de Tessie, até a responsabilidade de Albert, tudo neste livro te encantará e te marcará. Uma história emocionante, carivante, bela e moralizante.

“Eu pensei: será que mamãe algum dia olhou para o poço e pensou em como sua vida poderia ser mais fácil?” – Página 26

Luciana
Jornalista e editora, mestre em rádio e televisão.

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