As Viagens de Gulliver

Não existe algo mais mágico que a literatura fantástica. Mas engana-se aqueles que toda literatura fantástica teve a imaginação usada para divertir. Em As Viagens de Gulliver (Ed Penguin- Companhia) o autor, Jonathan Swift utilizou mundos mágicos para criticar a sociedade de sua época.

O livro foi escrito em 1725, e conta a história de Lemuel Gulliver, um cirurgião de navio (seria algo como médico atualmente) que viveu diversas aventuras em lugares remotos e desconhecidos. O livro é separado por partes onde cada uma é passada em um país diferente: Lilipute o país onde as pessoas têm cerca de 15 cm; Brobdingnag, o país dos gigantes; Laputa, a cidade flutuante  e Houyhnhnms, o país dos cavalos. Em cada país, Gulliver nos relata a vida e sociedade local, fazendo comparações e questionamentos sobre como a sociedade e o governo atua.

Em Lilipute, os cargos de chefia são decididos por provas de salto e as leis determinadas por questões frívolas. As guerras são freqüentes e o desejo de dominação de mais terras algo incutido nos reis locais. A referência as guerras contínuas entre França e Inglaterra naquela época é indiscutível.

Já em Brobdingnag, o país dos gigantes, vemos o espanto de um rei que fica estarrecido ao descobrir que existem armas (canhões) que podem matar pessoas facilmente e não aceita que isso seja sequer mencionado em sua terra. A crítica à política inglesa é intensa e começamos a perceber diversos questionamentos sobre a política da Europa.

O terceiro reino em que Gulliver encontra, Laputa, é a parte onde a criatividade de Swift está no auge. O autor cria um país cuja a capital é uma ilha que flutua pelo céu. Por mais incrível que parece, a justificativa para isso ocorrer chega até a ser plausível: A ilha é feita de diamante e possui um grande imã abaixo dela.  Ela flutua graças a imãs que existem no fundo do mar, os imãs da ilha estão posicionados de forma a se repelirem e assim a ilha fica no ar. Para ela viajar por toda a extensão do reino, basta posicionar os imãs de modo a se atraírem, fazendo assim que a ilha se mova.

Apesar de toda a magia do país, este é uma das partes onde o texto é mais ácido. Por diversas vezes fica claro as críticas do autor a diversos políticos da época, onde Swfit não perde a oportunidade para escrever o que pensa sobre diversas situações que ocorridas através de relatos e comentários comparativos no decorrer do texto.

Mas é na última parte que chegamos ao ápice da história. A chegada de Gulliver a Houyhnhnms, um país reinado por cavalos que possuem uma inteligência impressionante. É aqui que encontramos um Gulliver triste e desesperançoso. Os cavalos vivem em paz entre si e sem doenças. Não existe inveja, brigas políticas, muito menos fome. Gulliver começa a questionar como o homem possui em sua alma desejos que nos tornam invejosos, sempre em busca de mais bens e incapazes de dividir. As comparações se dão graças aos relatos de Gulliver sobre seu país aos cavalos, que percebem a familiaridade com os yahoos, seres que vivem ali muito parecidos com os homens, mas sem capacidade de pensar como os cavalos.

As Viagens de Gulliver é um livro longo e fantasioso escrito séculos atrás, mas repleto de críticas que até hoje são atuais. Embora seja uma leitura um pouco cansativa, vale a pena ler e se deliciar com cada página do livro de Swift, que posso dizer com sinceridade: é realmente um clássico da literatura.

Luciana
Jornalista e editora, mestre em rádio e televisão.

8 thoughts on “As Viagens de Gulliver

  1. um dos primeiros livro que li na adolecencia, e até hoje mágico.
    realmente literaturá fantásticas. E uma bela critica como você disse.

    sou fá desse tipo de literatura,
    murilo rubião e jorge luiz borges, são meus favoritos

  2. Já ouvi alguns comentários sobre esse livro, mas ainda não tinha despertado minha curiosidade pra ler. Até agora. Essa coisa fantasiosa que ao mesmo tempo é bem real (pelas críticas [à la Orwell, um pouco]) muito me agrada. Aliás, literatura fantástica é algo que aprecio muito. Só lamento não ter mais tanto tempo pra ler.

    Vou incluir esse na minha lista das férias. rs.

    Beijão.

  3. Não podemos esquecer que o prefácio do livro é do George Orwell, que afirma que adorou o livro. Vale a pena ler.

  4. Foi a primeira resenha que li no blog, confesso que o que me motivou foi a promoção de aniversário, mas devo dizer que está muito bem escrita, separando os locais visitados por Gulliver no livro, e nos dando uma boa noção do mesmo.

  5. Parece muito bom, e é sempre interessante se aventurar em livros mais antigos, dão uma visão muito mais íntima da época, que os típicos livros didáticos de história.

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