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As Primeiras Páginas da Imprensa Brasileira

 

As primeiras décadas do século XXI vieram para romper com o que entendemos sobre comunicação. A agilidade com que a informação passa de um lado ao outro do planeta. Em pouco tempo, o jornal impresso passou de figura principal na divulgação de notícias para um posto quase extinto. 

Mas a comunicação escrita, como fonte de informações para quem está distante da notícia, nunca sai de moda. Inclusive, para alguns pesquisadores, a carta escrita por Pero Vaz de Caminha inaugura a figura do repórter no Brasil. 

O Brasil Colônia e o caminho para os jornais brasileiros

Apesar da carta do descobrimento captar imagens da paisagem, dos indígenas, da cultura nativa e se aproximar do que hoje conhecemos como texto jornalístico ou reportagem, o texto não foi escrito com a intenção de compor as páginas da imprensa. Já que, no século XVI, a linguagem jornalística ainda estava em construção.

Duzentos anos após a chegada dos navegadores portugueses, nada parecido com a imprensa existia no país. Na Europa, os jornais em língua portuguesa ainda estavam iniciando operações no século XVI. Mesmo que a invenção da prensa tenha possibilitado a cópia e distribuição de notícias, a imprensa como conhecemos hoje ainda estava longe de existir.  

A Imprensa Régia: os jornais no Brasil e a corte portuguesa

O poder e a informação sempre estiveram ligados, enquanto o Brasil era colônia, jornais impressos serviam aos interesses do rei de Portugal. Quando D. João VI fugiu para o Brasil em 1750, e o centro da metrópole passou para a colônia, os primeiros passos para existência de jornais produzidos no país foram dados. 

A nau Medusa, que integrava a esquadra da corte portuguesa, trouxe para as terras do hemisfério sul a primeira tipografia que passou a funcionar de forma sistemática. Em 1808, o primeiro jornal foi autorizado por D. João. A imprensa régia deveria publicar somente assuntos do interesse e funcionamento das atividades da corte portuguesa. Esse periódico depois de passar por transformações políticas e do tempo deu origem ao que hoje é o Diário Oficial da União.

Correio Braziliense: a informação caminha para a liberdade

Os prelos trazidos para o Brasil pela corte portuguesa não publicavam informações livres da censura e até mesmo proibição, pois a Imprensa Régia mantinha controle das publicações. Mas a situação mudaria em 1808 quando foi lançado o jornal Correio Braziliense ou Armazém Literário. O jornal, que foi publicado até 1822, marca a imprensa brasileira como a primeira publicação regular livre de censura, em língua portuguesa. Mas apesar de ser publicado em português, o jornal fundado por Hypólito José da Costa (patrono da imprensa brasileira), era produzido e impresso em Londres. 

O jornal tinha textos contestadores e Hypólito José da Costa era visto como uma figura incendiária aos olhos da coroa portuguesa. Até hoje o jornal é visto como um marco do jornalismo crítico em língua portuguesa. Como não era publicado no Brasil, os portugueses reclamam o berço do Correio Braziliense e os brasileiros fazem o mesmo. 

A produção – com informações que não eram bem vistas pela coroa – e transporte dos jornais eram caros, então o periódico não era muito popular. Além de inaugurar a história da imprensa no país, o Correio Braziliense marcou a história do Brasil por documentar os processos que levaram à independência.  

Gazeta do Rio de Janeiro: um jornal brasileiro de verdade

No mesmo ano que o Correio Braziliense começou a ser distribuído no Brasil, foi fundada a Gazeta do Rio de Janeiro. A primeira edição da Gazeta saiu meses depois do Correio Braziliense, mas ao contrário do jornal de Hypólito José da Costa, era produzida e impressa no Brasil. Na primeira edição da Gazeta do Rio de Janeiro, disponível no site da Biblioteca Nacional, pode ser lido que o jornal foi reproduzido pela “Impressão Régia”. Apesar da importância da Gazeta entre os primeiros jornais brasileiros, o material e pesquisas sobre o periódico bissemanal é escasso, seu fundador frei Tibúrcio José da Rocha não tem o mesmo brilho dado ao fundador do Correio Braziliense. 

Ao contrário de outras publicações da época que republicavam notícias, avisos e cartas, a redação feita por Tibúrcio que tinha autonomia para escrever textos sobre acontecimentos locais. 

 

Depois da Gazeta do Rio de Janeiro, surgiram outros jornais no mesmo modelo:

  • Idade d’Ouro do Brazil lançado em 1811, na Bahia 
  • Aurora Pernambucana começou a ser publicada em 1821
  • O Conciliador do Maranhão – que já circulava como manuscrito- foi lançado em 1821 O Paraense foi publicado pela primeira vez em 1822
  • Compilador Mineiro foi publicado pela primeira vez em 1823

 

Com o tempo a imprensa saiu do período colonial e entrou na fase publicista quando os textos eram voltados para a política e tinham um tom agressivo. Quer conhecer mais sobre o caminho dos jornais brasileiros até hoje? Uma boa fonte é o livro “História da Imprensa no Brasil” que está disponível em livrarias e sebos. 

 

Luciana
Jornalista e editora, mestre em rádio e televisão.

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