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Quem foi Nelson Rodrigues

Nelson Rodriguez (1912-1980) foi um escritor, jornalista e dramaturgo brasileiro. Revolucionou o teatro com peças como “Vestido de Noiva”, “Boca de Ouro”, “A Falecida”, “Toda Nudez Será Castigada” e muitas outras. 

Sua trajetória foi marcada pela crítica, explorando o cotidiano da periferia do Rio de Janeiro, entre crimes, incestos e diálogos repletos de tragédia e humor.

Nelson Falcão Rodrigues nasceu em 23 de agosto de 1912 em Recife, Pernambuco. Ele foi o quinto de 14 filhos de Maria Esther e Mário Rodrigues.

Em 1915, aos cinco anos de idade, Mario mudou-se com a mãe e o irmão para o Rio de Janeiro, onde o pai tentou ganhar a vida como jornalista.

Em 1925, seu pai co-fundou o jornal A Manhã com o sócio Antônio Faustino Porto.

 

Repórter

Aos 13 anos, Nelson começou a trabalhar como repórter policial para o jornal que seu pai fundou. Aos 14 anos, escreveu um ensaio “A Tragédia de Pedra”, que foi um sucesso.

Em 1929, após a aquisição do jornal por um sócio, seu pai fundou o jornal “A Crítica”. O assassinato de seu irmão, ilustrador e pintor Roberto Rodriguez, acontecerá.

Atormentado pela morte de seu filho, Mario tornou-se viciado em bebida e morreu em 15 de março de 1930. Milton e Mário Filho assumiram o jornal, que foi fechado alguns meses depois, na Revolução dos 30 Anos, com a vitória de Getúlio Vargas.

A família Rodriguez está enfrentando dificuldades financeiras. Em 1934, Nelson descobriu que tinha tuberculose. Ele foi internado no sanatório coletivo de Campos do Jordão.

Em 1936, seu irmão, o colunista esportivo Mario Filho, tornou-se membro do Jornal dos Sports, no qual Nelson contribuía para o futebol. Desde então, escreve para o Correio da Manhã, O Jornal, Última Hora, Manchete Esportiva e Jornal do Brasil.

 

Dramaturgo

Nelson Rodrigues escreveu sua primeira peça, “Mulher Sem Pecado” (1942), apresentada pelo grupo Comédia Brasileira no Teatro Carlos Gomes (RJ).

Em 1943, o Teatro Municipal do Rio de Janeiro tornou-se palco para o surgimento do teatro moderno brasileiro, produzindo uma segunda peça “Vestido de Noiva” com o grupo Os Comediantes e dirigida por Ziembinski.

Nelson escreveu “Meu Destino é Pecar” (1944) sob o pseudônimo de “Bandeira Suzana”, publicado como folhetim de 38 capítulos em O Jornal e publicado como livro no mesmo ano.

Assim como Suzanne Flag, ele também escreveu Escravas do Amor (1944), que novamente foi um grande sucesso. Dois anos depois, reaparece com a autobiografia do personagem “Minha Vida” (1946).

Ainda em 1946, compôs “Album de Família”, disco que trata do incesto, obra censurada e lançada apenas 20 anos depois.

Em 1951, o jornalista Samuel Weiner fundou o jornal “Ultima Hora” no qual trabalhavam muitos dos irmãos de Nelson Rodriguez, inclusive mulheres, no qual Nelson publicou “A Vida Como Ela É”, uma série de jornais com crônicas escritas em colunas diárias.

Desde seus primeiros artigos, Nielsen Rodriguez foi considerado um moralista amoral, um gênio que chocou a mídia pública e profissional com seus artigos sobre adultério, pecado e escândalo. Sua peça “Senhora dos Afogados” (1954) foi outra peça censurada e só foi lançada sete anos depois.

 

Primeira vez como ator

Em 1957, Nelson Rodríguez estreou como ator em “Tio Raul”, um dos personagens de “Perdoa-me Por Me Traíres”, encenado no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e dirigido por Léo Jusi.

A peça Seven Kittens estreou em 1958 como uma comédia de quatro quadros dirigida por Willie Keller.

Em 1960, a peça “Boca de Ouro”, com tema de boletim de ocorrência policial, foi encenada no Teatro Federal (atual Teatro Casilda Becker). No ano seguinte foi a vez de “O Beijo no Asfalto” com um elenco enorme que se apresentou no Teatro Ginástico durante sete meses.

Em 1963, estreou “Bonitinha, Mas Ordinária” com seu filho Joffre como um dos produtores. O show foi assistido por dois milhões de pessoas.

Também em 1963, Nelson Rodrigues estreou sua primeira série de TV, A Morta Sem Espelho, escrita por um ator brasileiro e elenco por Fernanda Montenegro.

Em 1965, escreveu a polêmica peça Toda Nudez Será Castigada. O dramaturgo foi acusado de ser um oportunista e sensacionalista. Tudo na peça foi criticado.

Em 1970, Nelson Rodriguez foi diagnosticado com duas úlceras e complicações no esôfago, pâncreas, pulmões e coração. Ele passou por cirurgia e sofria de broncopneumonia, parada respiratória e ataque cardíaco.

Em 1973, Toda Nudez Será Castigada, dirigido por Arnaldo Jabor, foi levado ao cinema, ganhando o Urso de Prata no Festival de Berlim e o primeiro Festival de Cinema de Gramado.

No ano seguinte, a peça “Anti-Nelson Rodrigues” marcou seu retorno ao teatro. No entanto, sua saúde estava piorando. Ele foi submetido a duas cirurgias devido a um aneurisma de aorta abdominal.

Em 1978, baseado na crônica de “A Vida Como Ela É”, estreou o filme “A Dama do Lotação”, estrelado pela atriz Sônia Braga.

Em março de 1980, “Serpente” estreou no Teatro BNH do Rio de Janeiro (atual Teatro Nelson Rodríguez). Nelson morreu em dezembro.

 

Vida pessoal

Em 29 de abril de 1940, Nelson casou-se com Elsa Brittany, que escondeu do juiz a mãe da noiva. O casamento religioso só foi realizado em 17 de maio do mesmo ano.

Nesse mesmo ano, Nelson perdeu 30% de sua visão em cada olho e Elsa engravidou. Joffre nasceu em 1941. O casal teve outro filho, Nelsinho, em 1945.

Em 1963, Nelson e Elsa Brittany se separaram. Ele inicia um relacionamento com Lúcia Cruz Lima, que lhe dá a filha Daniela, que nasceu prematura e tem sérios problemas de saúde. Os dois passaram oito anos juntos.

Após a separação, iniciou um relacionamento com Helena Maria. Em 1977 voltou a viver com Elza Brittany.Nelson Rodríguez faleceu no Rio de Janeiro em 21 de dezembro de 1980, após dez dias de internação. Seus restos mortais foram enterrados no Cemitério São João Batista.

 

 

Luciana
Jornalista e editora, mestre em rádio e televisão.

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