“Felliniesco” é o adjetivo que descreve o estranho incorporado ao que parece comum. Federico Fellini foi o diretor de cinema que criou essa prática.
Federico Fellini veio ao mundo em 1920, em Rimini, Itália. Teve quatro irmãos mais novos com os quais compartilhava uma infância que inspirou alguns filmes como “Os Boas Vidas” e o famoso “81/2”.
Inicialmente, Federico estudou em uma instituição de freiras e depois foi transferido para uma escola pública. Desde o início ele era bem estudioso e, no tempo livre, fazia teatro de marionetes. Ainda na adolescência, ele conheceu o circo, o cinema e as histórias em quadrinhos.
Universidade e Mussolini
Quando entrou para a faculdade, Direito na Universidade de Roma, o regime de Mussolini já estava em vigor e ele foi obrigado a entrar para o “Avanguardista”, um grupo fascista para garotos. Federico não chega a concluir o curso, no qual se matriculou apenas para agradar seus pais e quase não assistia às aulas. Mas ele se envolveu mais profundamente com as histórias em quadrinhos e os roteiros de filmes se tornando, enfim, assistente de Roberto Rossellini.
Com 19 anos ele finalmente fixa residência em Roma e passa a trabalhar escrevendo sátiras para um jornal local politicamente incorreto. Alguns anos depois conhece a atriz Giulietta Masina e casa-se com ela em um ano. Eles têm um filho, Pierfederico, que acaba morrendo de forma prematura, por Encefalite, devido a complicações na gravidez, sofrimento expresso no seu longa “A Estrada da Vida”.
Em 1947, junto com o roteirista Sergio Amidei, recebeu indicação ao Oscar na categoria Melhor Roteiro Adaptado por “Roma, Cidade Aberta”. Um ano depois, o diretor também se aventurou na atuação. Pintou o cabelo de loiro e fez o papel de um vigarista em “O Amor”, de Rossellini.
Aos 73 anos, ele sofreu um infarto do miocárdio e não resistiu. Ele, a mulher e o filho foram enterrados em um mesmo túmulo de bronze no formato de um barco, na cidade de Rimini.
Estética de Fellini e sua ligação com o Neo-Realismo
O diretor trabalhou por quase 50 anos e foi influenciado por Buñuel, Chaplin e até Carl Jung, o psicólogo. A característica principal da sua estética era sua maestria em tornar o fictício uma realidade. O italiano combinava memória, fantasia e sonhos para moldar a visão que ele tinha da sociedade.
Como resultado, Federico conquistou diversas premiações, como o Oscar em 1993 pelo conjunto da obra e 12 diferentes indicações pelos filmes, um Globo de Ouro por “81/2”, quatro premiações no Festival de Cannes, entre outros.
Cineastas de peso como Woody Allen, David Lynch e Stanley Kubrick não só afirmaram que já foram influenciados por Fellini como usaram até símbolos e conceitos do diretor italiano em seus filmes.
Em relação ao Neo-Realismo, ele surgiu no término da Segunda Guerra Mundial, tudo por conta da sensação de libertação do regime fascista, os neo-realistas procuravam mostrar objetivamente a realidade da sociedade e assim se comprometer politicamente.
Era comum encontrar nas obras personagens da classe operária, oprimidos e esperançosos por condições de vida melhores, ou seja, o neo-realismo era a utilização de elementos reais na ficção, assemelhava-se até com documentários.
Rossellini, um dos primeiros mentores de Fellini, foi um grande representante neo-realista. O próprio longa “Roma, Cidade Aberta” mostra registros reais de combate em meio ao drama. Federico entrou em cena apenas nos anos 50, quando a crise econômica já estava suave e a televisão estava em alta, junto com um cinema voltado para o entretenimento puro.
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