Iniciei minha história de como comecei a ter hábito de leitura neste post aqui. Hoje é o dia de falarmos sobre como foi minha adolescência junto aos livros, especialmente em outra cidade.
Mudança de estado e a realidade
Aos 13 anos, me mudei de Minas Gerais para o Distrito Federal. Uma das primeira coisas que me deparei foi a forma como a biblioteca pública em Brasília funcionava.
Para ter o cadastro em uma biblioteca pública, era necessário pagar uma taxa, na época por volta de R$10,00 reais (salário minímo, na época, era R$70,00), ou dois livros para doação. Com a mudança e o alto custo de vida da capital, o início não foi fácil: o que recebíamos de aluguel de uma casa de 4 qaurtos em Minas só pagava o valor do aluguel de uma casa de 1 quarto em Brasilia (eram 4 filhos) e houve dificuldade para que minha mãe conseguisse emprego.
Com esses pormenores, pagar anualmente a biblioteca não era possível para minha família. Como sempre li através de livros da biblioteca, e pela ausência de livraria em minha cidade natal, não possuía nenhum livro além dos didáticos, e que a biblioteca não aceitava. A realidade, é que não é qualquer livro que as bibliotecas do Distrito Federal aceitam, eles possuem uma lista com restrições sobre quais livros podem ser aceitos para doação. Em resumo, eles aceitavam clássicos da literatura brasileira. Se fossem autores mais recentes, o número de livros aumentava para 3 a 5.
Foi aí que entrei em um pequeno hiato em minha vida literária. Não havia onde pegar livro, quanto mais compra-los. Por um tempo, uma vizinha emprestou alguns livros para mim e minha família, mas ao mudarmos de bairro não tive o que ler.
Retornando às bibliotecas
Foi somente em 1998, quase três anos depois de me mudar para o Distrito Federal, que voltei a ler com regularidade. Havia acabado de me mudar de escola e finalmente havia uma biblioteca boa onde estudava, e que era gratuita. Lembro que foi lá que encontrei grandes livros e comecei a ler autores mais conhecidos, embora na época nem sabia.
Um dos achados naquela biblioteca foi A Cor Púrpura, de Alice Walker. Que no início, estranhei a forma como foi escrito, precisei ler algumas páginas para entender que os erros eram uma das características da personagem, que não aprendeu a ler corretamente. (naquela época, estava começando a conhecer as novas narrativas e variações de textos, tinha apenas 14 anos e antes só lia infanto-juvenis, que possuem uma narrativa mais simples e direta).
Entrar naquele novo mundo, onde o narrador se mistura à história, escreve de acordo com seu fluxo de consciência me vislumbrou, e a partir daí passei a ter mais paixão por ler diferentes autores e suas formas de se expressarem.
A descoberta dos gêneros literários
Daí pra frente, os clássicos começaram a viver em minha vida. Ainda tímidos, alterava com outros livros mais recentes, como Marion Zimmer Bradley, Clarice Lispector e Lygia Fagundes Teles.
Foi lá também que li pela primeira vez Tolstói. Na época, nem sabia que era um grande autor russo, lembro de ter assistido uma trailer de Anna Karênina em um dvd, e quando vi o livro quis ler. Foi a primeira vez que li Anna, e fui reler anos atrás novamente (e acredito que está na hora de ler uma terceira vez).
Para mim, essa época, da oitava série até o terceiro ano do esino médio, foi uma época de descobertas. A partir daí chegamos no momento de conhcer os autores, principalmente os russos.
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Que delicia de história, acho que o beco hoje teve muitas visitas porque realmente prende ler e a forma como você escreve, eu leria mais!
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