Haicai, também conhecido como “Haikai” ou “Haiku” é um tipo de poema curto e de origem nipônica
A palavra Haicai é formada por dois termos japoneses, o termo “hai”, que significa brincadeira, e “kai”, que significa harmonia. Ou seja, esse é um tipo de poema humorístico.
Esse tipo de poema foi criado no século XVI e acabou se tornando bastante popular em todo o mundo. Mesmo sendo poemas objetivos e concisos, os haicais possuem uma grande carga poética. Os autores que produzem esse tipo de poema são chamados de haicaístas.
Estrutura e características do Haicai
O Haicai japonês e tradicional tem uma estrutura bem específica, ou seja, uma maneira fixa que é composta por três versos (terceto) que são formados por 17 sílabas poética:
- Primeiro verso: apresenta 5 sílabas poéticas (pentassílabo)
- Segundo verso: apresenta 7 sílabas poéticas (heptassílabo)
- Terceiro verso: apresenta 5 sílabas poéticas (pentassílabo)
Mesmo que essa seja a sua estrutura mais tradicional, o haicai acabou se modificando com o passar dos anos, sendo que certos escritores não seguem esse padrão estabelecido, ou seja, possuem uma silabação mais livre, geralmente contendo dois versos mais curtos e um mais longo.
Haicais são os poemas objetivos com a linguagem simples e podem ou não apresentarem um esquema de títulos e rimas. Os temas que são mais explorados em haicais são referentes à natureza e ao cotidiano.
Além das mudanças de estrutura, os haicais mais modernos podem explorar algumas outras temáticas como os problemas sociais, o amor, os sentimentos do eu lírico, entre outros temas mais diversos.
O Haicai no Brasil
O Haicai veio para o Brasil ainda no século XX, através de uma influência da França, sendo também trazido por alguns imigrantes do Japão.
O teórico literário Afrânio Peixoto foi um dos primeiros que apresentaram esse tipo de poema no Brasil, quando a compara com as trovas no ensaio “Trovas Populares Brasileiras”, que foi escrito no ano de 1919.
De acordo com o autor: “os japoneses tem um tipo elementar de arte, mais simples e ainda que a nossa trova popular: é o haicai, uma palavra que os ocidentais não sabem traduzir senão pondo ênfase, é o epigrama lírico. São tercetos breves, versos de cinco, sete e cinco pés, ao todo dezessete sílabas. Nesses moldes vazam, entretanto, imagens, emoções, comparações, sugestões, sonhos, desejos, suspiros… de encanto intraduzível”.
Hoje em dia, vários escritores já aderiram a esse estilo, sendo que os nomes que mais representam os haicaístas no Brasil são:
- Afrânio Peixoto (1876-1947)
- Guilherme de Almeida (1890-1969)
- Jorge Fonseca Jr. (1912-1985)
- Fanny Luíza Dupré (1911-1996)
- Paulo Leminski (1944-1989)
- Millôr Fernandes (1923-2012)
- Olga Savary (1933-)
A obra de Fanny Luíza Dupré, com o título “Pétalas ao Vento – Haicais” foi o primeiro trabalho feminino deste gênero, publicado em 1949 no Brasil.
O modelo do Haicai produzido pelo Guilherme de Almeida recebeu a alcunha de “modelo Guilhermino”, onde o terceiro e primeiro verso contém rimas e entre eles, no segundo, encontra-se a rima inteira entre a segunda e a sétima sílaba.