Durante muitos e muitos anos, acabamos nos acostumando com um estereotipo que os meios de comunicação dão a entender serem ideais. A indústria da cultura é a grande responsável por essa ideia errônea e, claramente desgastada. Atualmente, outras produtoras, como a Netflix, tem ignorado padrões estéticos para olhar para padrões interiores, digamos assim.
E, devemos agradecer à iniciativa da gigante de streaming, responsável, não somente por valorizar a produção cultural, como também, olhar para a qualidade da mensagem em vez do transmissor dessa mensagem. Por essa razão, podemos estar diante de uma das comédias mais interessantes e hilariantes deste ano pandêmico. E sabe o que é mais interessante, esse projeto ficou engavetado, sendo recusado pela indústria de Hollywood.
Mas, por sorte, Radha Blank não se deixou abater por isso e acreditou e levou seu projeto adiante. Acreditava tanto que, lutou em um frio congelante para conseguir financiar seu filme que, acabou sendo exibido no Festival de Sundance se tornando uma grata surpresa e rendendo todos os holofotes para seus realizadores e olha que estamos falando de uma comédia praticamente autobiográfica, portanto, é de se esperar grandes surpresas e resultados de uma produção já premiada.
Você já deve ter ouvido a expressão “banda de um homem só”, acredito eu… No caso de The 40-Year-Old podemos dizer que é um filme de uma mulher só, quer coisa mais importante em um ano que se fala em empoderamento feminino? Se deparar com um filme, dirigido, escrito e estrelado por uma mulher que se inspirou em sua própria vida para entregar uma comédia de qualidade e fora dos padrões “Sandlerianos” que assistimos repetidamente sendo lançados por aí?
Estamos diante de um trabalho sobre a vida de uma mulher que está beirando os quarenta anos, para muitas pessoas, essa é a famosa idade poética, quarenta que rima com cinquenta, sessenta e por aí vai… O filme traz outro ponto bem atual de nossa história que é sobre os negros, no filme, somos apresentados para uma dramaturga que está com sua carreira em frangralhos, vivendo de um sucesso do passado. Na busca pelo retorno aos holofotes, ela se transforma em professora de teatro, porém, por ser negra, sabe que precisa se “embranquecer” para chamar atenção do público branco da alta sociedade.
E, subitamente, um antigo amor reacende seu coração, deixando-a em uma situação conflituosa que poderá lhe custar todo seu suor e luta. Em uma das mãos, nossa protagonista tem a necessidade de se vender em prol da arte e na outra, seu amor pelo Rap e os desafios que terá que enfrentar em um ambiente dominado por homens bem mais jovens que ela.
No filme, acompanhamos os conflitos da protagonista potencializados pela perda recente da mãe e também, do distanciamento de seu irmão, que traz um tempero dramático para está comédia que surpreende por sua construção natural e sua fuga de todos os clichês e estereótipos que ronda a indústria cinematográfica.
Nossa protagonista não tem medo de rir de si mesma, o que traz um valor autêntico de uma mulher negra, com curvas bem acentuadas e que tenta ganhar a vida pelas ruas de uma das maiores cidades do mundo, New York, mesmo com suas indecisões e sua busca por identidade. Se você está buscando por uma comédia honesta, hilariante e ao mesmo tempo, verdadeira, com certeza precisa conferir The 40 year-old version.