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Censura Não!! Meninos sem Pátria e a Realidade Brasileira

A história do mundo nos fala que vivemos em alternancias: há épocas de prosperidade e abertura da mente, e outra de um ideial contrário, onde há uma certa repressão ou retorno ao antigos modos. Ao que parece estamos vivendo essa época de retorcesso.

George Orwell já previa um retorno a isso em 1984, onde nada mais era permitido. Ray Bradbury criou em Fahrenheit  451 um mundo onde os livros são proibidos e queimados para a manutenção da ordem. Até mesmo Hollywood usou uma história simples no filme Footlose, onde uma cidade proíbe certos livros e música para evitar corromper os jovens.

Na história mundial vimos algo assim feito pelos nazistas e na inquisição espanhola, ao decidirem queimarem todas as obras feitas por judeus. E agora parece que chegou a hora do Brasil se tornar um país intransigente ao censurar Meninos Sem Pátria, de Luiz Puntel.

A importância da obra de Puntel

A obra do professor de português Luiz Puntel foi inspirada na vida de José Maria Rabelo. Jornalista, diretor do jornal O Pasquim e fundador do jornal mineiro Binômio. Rabelo foi perseguido pela ditatura militar no Brasil e precisou fugir do país, se exilando na Bolívia, Chile e França até a lei da anistia ser assinada e poder retornar. Luiz Puntel contou essa história através dos olhos do filho da personagem principal, mostrando como as crianças também sofreram com a perda de identidade ao serem proibidas de pisarem em sua própria Terra.

É uma obra que fala sobre a ditadura militar e exílio, mas acima de tudo, nos fala sobre amor a nossa pátria, o sofrimento de quem mais esse um país e é impedido de viver nele. Ao ler essa obra percebemos a sensação de vazio de pessoas que amam um local, a angustia de querer voltar e não poder.

Se há algum doutrinamento na obra Meninos Sem Pátria, é o doutrinamento ao patriotismo, um amor incondicional ao nosso país. A ditadura e a expulsão de alguns brasileiros (feito coma  campanha: ame-o ou deixe-o) é um FATO, e que ocorreu há menos de meia década atrás.

Em entrevista ao jornal El País essa semana, Puntel fala desapontado da situação:  “Lamento que um colégio reconhecido pelo senso crítico, tenha cedido à pressão de meia dúzia de pais. Eu entendo a posição da diretoria, que deve ter temido um boicote ou ameaça de tirar os alunos da escola, mas isso não é educativo nem democrático”.

Puntel termina a entrevista afirmando seu orgulho por ter escrito a obra: “Eu me orgulho de ter escrito Meninos Sem Pátria, que continua passando de geração em geração. O livro está aí para mostrar que a ditadura realmente existiu”. (a matéria completa pode ser lida aqui).

Minha experiência pessoal

A primeira vez que li Meninos sem Pátria eu possuia uns 12 anos. De todos os livros que havia lido até aquela época, esse foi o que mais me emocionou. Essa obra me fez buscar mais informações sobre a história do país, entender o que é amor pelo país e como muitos lutaram para que hoje eu vivesse em um país democrático e livre. Se hoje possuo o direito (e também o dever por ser comunicadora) de falar e passar a informação, é porque muitos lutaram para que o o Ai 5 (ato institucional que proibiu a liberade de expressão e de informação) foi extuinguido e hoje termos nosso direito de opinarmos restituido.

Não há como aprender sem a leitura. Até mesmo a obra Minha Luta de Adolf Hitler é publicada e vendida no Brasil, não por ser uma verdade absoluta, mas para manter a liberdade de qualquer pessoa de ler e aprender pelos livros. Revendo o passado aprendemos formas de repetir os erros novamente. Portanto, sejamos sensatos e vamos discutir, dialogar, não reprimir.

A História de José Maria Rabelo pode ser vista aqui.

Luciana
Jornalista e editora, mestre em rádio e televisão.

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