Arlindo do Carmo Pires Barbeitos é um escritor, acadêmico e poeta angola. Ele nasceu em Icolo, uma província de Bengo, localizada na Angola, no dia 24 de dezembro de 1940.
Ele é considero um dos principais poetas e acadêmicos de seu país, sendo premiado e homenageado diversas vezes ao longo de sua grande carreira. Conheça um pouco mais sobre a vida desse grande escritor.
Trajetória de Arlindo Barbeitos
Arlindo passou boa parte de sua infância entre o Catete e o Dondo, onde ele fez começou a estudar, e concluiu os seus ensinos primários e os secundários na capital Luanda.
Em meados dos seus 17 anos ele partiu para Portugal, da onde só veio a sair com 21 anos por alguns motivos políticos, Foi para a França e a Alemanha, onde ele fez estudos nas áreas da Sociologia, da Antropologia, além da Filosofia, de Economia e de Estatística na Universidade de Frankfurt. Nesse mesmo período também acabou viajando por toda a Europa.
Toda essa bagagem acadêmica faz dele um dos principais intelectuais de seu país, mas não é só isso que caracterizou a sua vida. A sua atuação política também foi bastante intensa
Por causa das suas atuações políticas, no ano de 1961, foi forçado a fugir de Portugal e ai ele passou para a França, Bélgica, Suíça e, por fim, a Alemanha.
Somente em 1971 ele acabou por retornar a Angola, onde ele atuou como professor nas bases da MPLA de frente leste. Devido a alguns problemas com a sua saúde ele retornou à Alemanha onde, a partir de 1973, decidiu por se dedicar a um doutoramento na área da Etnologia, enquanto atuava em funções de assistente em um Instituto de Etnologia. da Universidade Livre da Berlim Ocidental
No ano de 1974, na cidade de Frankfurt, um editor local, fã da literatura dos africanos, passou a conhecer os trabalhos de Arlindo com poesias
Em 1975, ele novamente retornou à pátria, onde voltou a ser atuar novamente como um professor universitário na Universidade da Angola.
A poesia de Arlindo Barbeitos
As suas poesias, com reminiscências de um poética tradicional da África, de uma tradição oral, e de poesias chinesas e japonesas, para o Francisco Soares: ?As fusões de uma instituição escrita com uma mais tradicional atingem a contenção, o rigor e o alcance invejáveis, levando a reencontrarmos todos os vasos comunicantes de poesia japonesa, e adivinhas e provérbios da África e de lírica europeia dos anos 60… Na lírica do Barbeitos essa transculturação é mais completa, por isso mesmo, por tocar um corpo, as formas, e não somente a alma, a mensagem do enunciado?.
Essa declaração de Francisco Soares destaca um pouco da importância das poesias de Arlindo. Visto de uma percepção fora da África, essa declaração mostra o quão importante são as obras de Arlindo para além dos seus consumidores angolanos.
Desde meados dos anos 70, quando ele publicou a sua primeira obra, os leitores já conseguiriam observar que o Arlindo Barbeitos fazia uma poesia como um instrumento para a libertação.
Os seus poemas acabavam se distanciando da construção de poesia africana que era mais preocupada em denunciar todas as mazelas de um colonialismo, que desencadearia para uma literatura em protesto após o início das guerras coloniais, que vigorou até mais ou menos 1975 no continente africano.
A obra do Arlindo Barbeitos não é eloquente e não tem como objetivo central fazer uma crítica bem explícita à conjuntura daquela desestruturada pela guerra.
Segundo o próprio autor, ?as guerras e a situação colonial não se podem separar, são os dois lados da mesma medalha, são a grande barriga onde cresce toda a minha poesia.?
Porém, isso não faz de Arlindo um poeta menos importante, muito pelo contrário. Atuando como poeta, Arlindo é considerado como o integrante da grande geração dos anos 70.
Também é o membro fundador da UEA, com a colaboração dispersa de vários jornais e das mais diversas revistas angolanas, de Portugal e outras.
Em suas obras, destacam-se os seus títulos Angola, Angolê, Angolema(1977), a Nzoji(1979) e O Rio: Estórias de Regresso(1985), que foi o seu primeiro romance publicado.
Publicações
- Angola Angolê Angolema, 1976, Lisboa, Sá da Costa;
- Nzoji (Sonho), 1979, Lisboa, Sá da Costa;
- «O Rio. Estórias de regresso» (Contos, 1985, Lisboa, INCM),
- Fiapos de Sonho, 1990, Lisboa, Vega;
- Na Leveza do Luar Crescente, 1998, Lisboa, Editorial Caminho