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Jorge Luis Borges: Literatura, Tango e Doce de Leite

O argentino Jorge Luis Borges Acevedo foi um escritor latino-americano com destaque em tradução e produção de ensaios e críticas literárias. 

O início de tudo

Ele nasceu em Buenos Aires, no ano de 1899. Filho de um escritor e professor de Psicologia e uma argentina conservadora. Borges viveu com eles até os 50 anos de idade, indo posteriormente morar na Suíça e na Espanha. Nessa época, adquiriu cegueira e sua leitura passou a ser feita com a ajuda de suas cuidadoras, mãe e esposa.

Há evidências de que Luis Borges não é lido o suficiente para ser um autor conhecido. Uma possível explicação é o fato dos seus textos serem de difícil compreensão e exigirem um nível razoável de conhecimento. Ele mesmo declarou, ao ser entrevistado, que não se orgulha do que escreveu ao longo da vida, mas do que leu. “Antes de ser um escritor, ele era um leitor”, é o que os estudiosos de Borges declaram. 

O literato ainda se auto definiu como um personagem; alheio ao mundo, distante, pairando além da realidade, parado no tempo. Essa autopercepção foi adquirida depois de ele perder a visão.

Fatos marcantes e dificuldades

Borges viveu na época da I e II Guerras Mundiais, Revolução Russa, ascensão do peronismo e golpe militar de 1976. Em 1955, chegou a ser bibliotecário na Biblioteca Nacional da Argentina, mas renunciou ao cargo quando Peron ascendeu ao poder. Porém, após a saída do político, Borges foi admitido como diretor da Biblioteca Nacional. 

Sua posição ideológica variava nesse período de guerras, saindo do apoio ao socialismo na Primeira Guerra para o apoio à causa judaica na Segunda Guerra Mundial. Ele foi intensamente influenciado pelo conservadorismo de sua mãe. Inclusive, seu antiperonismo foi provavelmente o responsável para que não admitissem que ele merecia o Nobel de Literatura Argentina. 

Outro fato memorável na vida de Borges foi sua condecoração pelo ditador Pinochet, nos anos 70. Inicialmente, Borges era a favor da ditadura, mas acabou mudando de posicionamento, discursando contra, causando sua rejeição pelos políticos de sua época. Por isso, o escritor era visto pelos intelectuais de esquerda como um sujeito antinacional, alienado e europeizante.

Seu ponto de vista de que toda forma de nacionalismo é uma aberração indesejável trouxe problemas para os familiares envolvidos na política. No entanto, ainda assim, o argentino recebeu numerosas premiações como o Cervantes de Literatura, o Comendador das Artes e das Letras da França, além do título de Cavaleiro da Ordem do Império Britânico. 

A irreverência de Jorge Luis era muito escancarada, até pela sua famosa frase de que “a pátria não é futebol, é o tango e o doce de leite” — expressando seu interesse pela cultura argentina em detrimento do esporte voltado para a grande massa. O escritor faleceu de câncer, aos 87 anos.

A herança de Borges para a literatura

Jorge Luis Borges escreveu majoritariamente sobre cultura e fantasia, além de poemas. Abordava campanhas militares históricas e cultura regional. Mas seu legado principal foi a literatura fantástica, com textos cheios de descrições de animais surreais, citações de geografias imaginárias, labirintos incríveis, entidades fabulosas, mundos ideais, dentre outros. Uma de suas obras mais emblemáticas “O Aleph”, escrita em 1949, consiste em 17 contos que tratam de física, metafísica, abstração e afins. 

Outro aspecto interessante da narrativa consiste na frequente abordagem da dualidade da vida e da morte, o correto e o incorreto, o bem e o mal, o mortal e o imortal, a coragem e a covardia e assim por diante. 

 

 

 

Colaborador Beco das Palavras
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