O Museu da Língua Portuguesa, no centro de São Paulo, é um destino popular entre os visitantes e um dos mais visitados da América Latina. Talvez esse fato também ocorra por conta da “brincadeira” onde dizem que o português é “meio-irmão” do espanhol dos nossos vizinhos.
Com uma população de mais de 213 milhões, o Brasil é o maior país da América Latina e possui o maior número de falantes de português no mundo. O português é também o sexto idioma mais falado no planeta, em grande parte por causa de antigas colônias como a Angola e o Moçambique.
É mais provável ouvir a língua falada por alguém de um desses países do que um nativo de Portugal. Então é justo que o primeiro Museu da Língua Portuguesa esteja aqui.
Criação do Museu
Concebido pela Secretaria de Cultura de São Paulo e pela Fundação Roberto Marinho como uma forma de chamar a atenção para o idioma e ajudar a revitalizar o centro da cidade de São Paulo, o museu abriu suas portas em 20 de março de 2006.
Localizado dentro da Estação da Luz, uma das estações mais movimentadas da cidade, jóia histórica que abrigou escritórios para a autoridade do trem metropolitano e que ajudou a destacar a cidade, não apenas como meio de transporte de café, mas como destino onde os imigrantes recém-chegados se deparam com um cara a cara com a língua portuguesa.
Enquanto a estação foi projetada e construída no Reino Unido, o museu foi ideia de um designer de museu americano (o mesmo que inventou o museu do Holocausto em Washington DC). Todo o resto foi graças a um grupo de arquitetos brasileiros, designers, diretores artísticos e especialistas no idioma que deram vida ao museu durante o período de quatro anos de sua construção.
Exposições que passaram pelo museu
As exibições de Clarice Lispector e Gilberto Freyre, dois gigantes da literatura brasileira, atraíram grandes multidões. Lispector escreveu vários romances e contos, enquanto Freyre arquitetou a teoria da “democracia racial” – uma celebração dos diversos componentes raciais e culturais que definem o Brasil.
O museu é projetado para ser uma experiência de aprendizagem interativa, com muitas atividades e recursos visuais. No hall de entrada há uma “árvore da linguagem” de três andares, com palavras inscritas em suas raízes e folhas.
Em uma galeria do segundo andar, há telas de televisão que, com o toque de um dedo, levam os clientes a outros países de língua portuguesa em todo o mundo, como Timor Leste e Angola.
Os escuros corredores do andar estão repletos de telas de filmes que mostram vídeos de seis minutos sobre temas de comida a música, incluindo um resumo engraçado sobre como os termos de futebol caíram na linguagem do dia-a-dia.
Não é só de livros que o museu é feito
É fato que, quando o museu abriu, muitas pessoas pensaram que seria apenas um monte de livros. Normalmente, as crianças precisam se acostumar com a linguagem dos museus, mas não no Museu da Língua Portuguesa.
A diretoria e toda a equipe do museu sempre trabalharam e ainda trabalham juntos para tornar o museu mais acessível a estrangeiros que não falam português ou línguas românicas semelhantes. A mudança capitaliza o fato de que, à medida que o Brasil prospera econômica e politicamente, o interesse externo por sua cultura e língua aumentou.
O aumento da prosperidade para os brasileiros significa que os portugueses podem finalmente sair da sombra do espanhol. A difusão das línguas é um resultado da economia. Naturalmente, a nossa também deve se tornar uma das línguas mais conhecidas do mundo.
Incêndio e reconstrução
Em dezembro de 2015 um incêndio atingiu o Museu da Língua Portuguesa, destruindo boa parte do museu. Ele está sendo reconstruído desde 2016 e ainda não tem previsão para reabertura embora já esteja com boa parte das obras prontas, como o telhado, destruído durante o incêndio.
Para visitar o site do museu, clique aqui.
Por Renata Schmidt
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