Certa vez, eu li um livro e lá pela metade dele percebi que houve erros na encadernação, 271, 283, 272, 274…282, 284, 270 e, assim, num vai e vem consegui (felizmente!) entender a história. O livro estava completo, só um pouco desordenado. Ficaria realmente frustrada se, absorta já pela trama, descobrisse que do meio para o final a história fosse completamente diferente!
Por essa mesma situação, passaram o Leitor e Leitora personagens de Se um viajante numa noite de inverno (Companhia das Letras, 1990), do autor Italo Calvino.
Na nossa realidade, é muito simples: é só ir à livraria onde o exemplar com defeito foi adquirido e pedir um outro, com a encadernação completa do romance que você tão ansiosamente desejar terminar! Bem…não é tão simples assim nessa história labiríntica criada por Calvino. Uma história dentro da história, dentro da história. Tramas complexas que levam os protagonistas a situações inesperadas e nos leva a enredos tão diferentes em menos de 300 páginas.
Foi uma experiência muito boa ler este livro sem saber do que se tratava, nunca havia lido qualquer obra de Italo Calvino então não sabia o que esperar e esse desconhecimento combinou muito bem com esta história (acabada?).
O livro foi premiado com Jabuti de melhor tradução em 1993, feita por Nilson Moulin.
Sinopse da obra (Disponível no site da editora):
Nesse romance, Calvino consegue uma proeza notável: unir o prazer voraz da leitura às tortuosas questões da vanguarda literária. No centro de sua preocupação está um tema que os teóricos chamam de “crise da representação”, ou seja, no mundo capitalista contemporâneo, dividido, múltiplo, alienado, não teriam mais lugar os romances tradicionais, com princípio, meio e fim, que constroem personagens e organizam o mundo, dando um sentido às coisas.
O leitor de hoje estaria condenado ou à leitura espinhosa de obras que se debruçam sobre si mesmas e procuram desesperadamente uma saída para a literatura, ou à superficialidade descartável das obras de simples entretenimento. Calvino “socorre” esse leitor que é inquieto e exigente mas que gostaria que os autores escrevessem livros “como uma macieira faz maçãs”. Para isso, faz do próprio leitor seu personagem principal, cuja grande missão é ler romances. E tal como você, leitor(a), ele entra numa livraria e compra este livro: Se um viajante numa noite de inverno. É aí que começa a história.
Por Déborah Casaño
Instagram – https://www.instagram.com/pinkperry_
Calvino é um dos grandes da literatura do século XX. Recomendo o cavaleiro inexistente e o barão nas árvores
Nossa, só pegando o livro mesmo pra ver se eu daria conta dessa leitura hahaha, mas fiquei muito curiosa. Nunca li nada de Ítalo Calvino. Mas quem sabe…
?
Cidades invisíveis esta na minha lista de leitura.
Claro que voce daria conta. Calvino escreve super bem, certeza que vai entender a adorar =)