João Batista Nogueira Junior, ou apenas João Nogueira, foi um compositor e cantor brasileiro, muito reconhecido pelo swing diferenciado dos seus sambas.
João é considerado um dos maiores sambistas de nossa história. Graças ao seu talento como compositor e cantor, além da sua grande irreverência, João marcou seu nome na história da cultura do Brasil com os seus sambas. Confira um pouco mais sobre a vida deste lendário sambista.
Biografia
João Nogueira nasceu no Rio de Janeiro, no dia 12 de novembro de 1941. Ele era filho do músico e advogado João Batista Nogueira e era irmão da também compositora Gisa Nogueira. Isso fez com que a sua vida sempre fosse cercada de música. Logo, aprendeu a tocar violão e a compor com a ajuda da sua irmã.
Ele começou a compor com 15 anos de idade, escrevendo alguns sambas para o bloco de carnaval Labareda, no Méier. Foi nesse contato que ele conheceu Moacy Silva, o dirigente da gravadora Copacabana, que ajudou João a gravar o seu samba Espere, Ó Nega, no ano de 1968.
João só apareceu na cena artística nacionalmente quando no começo da década de 70 emplacou o seu sucesso Das 200 Pra Lá, um samba que defendia a política de expansão da nossa fronteira marítima ao longo das 200 milhas da plataforma continental.
Esse samba foi um sucesso e, a partir dele, João começou a se mobilizar para gravar seu primeiro álbum. O CD levou o seu nome no título, mas só foi publicado em 1972, pela Odeon, selo pelo qual ele lançaria os seus primeiros LPs
Mas a largada para valer de João Nogueira na carreira se deu em 1974, com seu segundo LP, E Lá Vou Eu, disco que chamou a atenção da crítica e do mercado para uma novidade no reino do samba.
Influências e estilo
João Nogueira era um sambista diferente, que não vinha do morro nem das escolas de samba. Ele também não era um compositor de apartamento, como Tom Jobim. Ele se aproximava mais de nomes como Paulinho da Viola, com o seu sambinha de varanda, e o som dos subúrbios das casas avarandadas, de terreno antigo.
Como os cantores velhos, João Nogueira costuma brincar com a divisão e reinventar a síncopa. Estava aberta a porteira pela qual João faria passar sua boiada.
Em 1975, lançou Vem Quem Tem, novo grande disco, no qual se destacou a homenagem que fez a Natal, o todo poderoso dirigente da Portela e bicheiro de Madureira, a quem dedicou O Homem de Um Braço Só.
O Clube do Samba
No ano de 1979 João Nogueira criou o Clube do Samba junto com nomes como Marinho da Vila, Alcione e Beth Carvalho. Essa era uma entidade a qual ele dedicou o título do seu disco lançado naquele ano, onde trazia diversos sucessos do músico.
No início esse clube funcionava na sua casa e mais tarde saiu como um bloco de carnaval para desfilar na Avenida Rio Branco. Funcionou em diversos endereços e junto a isso saiam diversos sucessos do samba.
Pelo seu palco passaram os grandes nomes do samba e compositores das escolas cariocas. Era frequente a programação reunir numa mesma noite gente do naipe de Ivone Lara, João Nogueira e Roberto Ribeiro, que um ano depois de sua morte foi homenageado pelo bloco no Carnaval.
Uma das canções mais cantadas pelo João, uma espécie de hino dos compositores, foi um grande sucesso no disco de 1980, o Boca do Povo. Essa foi feita junto ao P.C. Pinheiro, seu grande parceiro de composições, com quem lançou o CD Parceria em 1994.
Nas dezessete faixas do CD, há uma homenagem a Clara Nunes, morta em 1983, nas faixas Um Ser de Luz e As Forças da Natureza, de versos emocionados como As pragas e as ervas daninhas/ As armas e os homens do mal/ Vão desaparecer/ Nas cinzas de um Carnaval.
Os últimos anos e morte
João ainda lançaria outros discos na sua carreira, que foram cerca de 18 álbuns solo, além de participar de trabalhos coletivos com outros artistas, como Clara Nunes, Nana Caymmi e Martinho da Vila.
Em 1995, com o maestro e pianista Marinho Boffa, João gravaria um CD só com músicas desse mesmo Chico Buarque de Hollanda, num trabalho de Almir Chediak com catorze canções, dentro da segunda edição do projeto Letra e Música.
Esse disco foi lançado com uma apresentação no programa Seis e Meia do Teatro João Caetano. Foi assim ,trabalhando com o que amava que João foi passando nos últimos anos. Porém, alguns problemas de saúde adiantaram a sua morte precoce.
Com apenas 58 anos, João faleceu no dia 5 de junho de 2000. João vinha sofrendo de problemas circulatórios que lhe haviam causado uma isquemia cerebral dois anos antes. Esteve internado em estado grave por um bom tempo, mas conseguiu se recuperar. Sofreu nova isquemia de menor impacto no início de 2000 e outra dois meses depois.
Todos esses problemas afetaram a sua saúde e fez com que o sambista nos deixasse. Junto com a sua partida ganhamos um legado eterno de um dos maiores cantores e compositores que já existiu.