Escrito por Heloisa Prieto e ilustrado por Maria Eugênia, As aventuras de um cão chamado Petit narra de maneira sensível a amizade entre um cachorro, uma menina especial e sua irmã mais velha; livro é inspirado em episódios da infância da autora
“Inseri vários episódios biográficos ao criar a história. A relação que as meninas têm com o cachorro é inspirada na maneira como minha irmã e eu lidávamos com nossos pets.” A declaração da escritora Heloisa Prieto dá pistas sobre como surgiu seu novo livro As aventuras de um cão chamado Petit, lançado pela FTD Educação.
O enredo trata, com delicadeza e afeto, de temas como autismo, dificuldade de socialização e bullying, além da importância da inclusão e do apoio às crianças com necessidades especiais.
Dedicada à irmã Renata, a obra da consagrada escritora, que já publicou mais de 80 livros, narra a história de Olívia, Alice e Petit, um cachorro que chegou pequeno na família, mas que cresceu — e muito —, contrariando seu nome (petit é “pequeno” em francês).
No enredo, Alice é uma garota muito inteligente, que adora brincar no seu próprio mundo e desenhar. Ela também tem o hábito de balançar o corpo e prefere ficar horas sozinha a socializar. Olívia é a irmã mais velha de Alice, que conta a história de como Petit se tornou o melhor amigo das duas. Ela narra também as dificuldades de Alice para se enturmar e a união de forças, em casa e na escola, para acolher a condição especial da irmã.
O livro é ilustrado pelas aquarelas expressivas de Maria Eugênia, que já ilustrou mais de cem livros para crianças e adultos. As imagens dão o tom de cada cena: alegria, apreensão, concentração, estranhamento, partilha, alívio etc. De maneira sutil e lúdica, surgem reflexões profundas e de extrema importância para o desenvolvimento socioemocional do pequeno leitor, integrando a linguagem dos afetos à linguagem literária. A identidade, a alteridade e a valorização da diversidade humana perpassam a narrativa, com foco na inclusão e no respeito.
“Acho muito importante abordar o tema da diversidade neurológica, do autismo e das necessidades especiais, tanto na família quanto na escola. Afinal, cada criança é única, especial, no melhor sentido da palavra e, como diz o personagem da avó, ‘barriga de mãe não é fábrica de brinquedos’”, comenta Heloisa, que também dedicou a obra à avó Lydia (in memoriam). Diálogos reais dela tornaram-se falas da avó do livro.
Além das lembranças e ensinamentos que recebeu da família Prieto na infância, na criação do livro Heloisa contou com a orientação da psiquiatra e psicanalista Raissa Pala Veras, que assina o posfácio, para transformar a narrativa em uma abordagem mais universal, não restrita ao espectro autista.
O texto final de Raissa Pala Veras também dá subsídio ao professor e aos pais e responsáveis para promover a inclusão da criança deficiente, descrevendo as ações fundamentais desse processo. Como diz Raissa, “há algo especial dentro de cada um de nós e isso é motivo para ampliarmos nossa capacidade de nos relacionar. Para tanto, precisamos expandir os limites da nossa compreensão”.