Ataulfo Alves foi um cantor e compositor brasileiro muito importante para a música brasileira. Ele é o autor de grandes sucessos como “Laranja Madura” e “Atire a Primeira Pedra”, além de outros clássicos imortais da música nacional. Confira a trajetória de vida e carreira desse importante músico brasileiro.
Juventude de Ataulfo Alves
Ataulfo Alves de Sousa, ou somente Ataulfo Alves, nas em Minas Gerais, no município de Miraí em 2 de maio de 1909. Nascido na fazenda Cachoeira, ele era filho de Matilde de Jesus e Severino de Sousa e tinha mais sete irmãos.
O seu pai era um violeiro, repentista e sanfoneiro que trabalhava na lavoura muito conhecido na região. Com apenas 8 anos, o pequeno Ataulfo já respondia aos improvisos de seu pai.
Porém, quando Ataulfo tinha apenas dez anos o seu pai veio a falecer, fazendo com que a família tivesse que sair das terras dos Alves Pereira para morar na Rua do Barraco. Ataulfo fazia de tudo para ajudar na manutenção da casa, sendo moleque de recado, engraxate e até mesmo plantador de arroz, café e milho.
Ele estuda no Grupo Escolar Dr. Justino Pereira, mas no ano de 1927, quando tinha dezoito anos, foi convidado pelo Dr. Afrânio Resende, partindo para o Rio de Janeiro na busca de melhores oportunidades de vida na cidade grande.
Sozinho no Rio de Janeiro, Ataulfo começou a trabalhar para Dr. Afrânio em seu consultório. Durante a noite ele ia para a casa do médico para fazer serviços domésticos, e isso lhe deixava insatisfeito, pois não era para isso que ele tinha ido para o Rio de Janeiro.
Ao ver em um jornal o anúcio de emprego de lavador de vidraças em uma farmácia, ele foi a busca do trabalho, pois queria uma vida independente da tutela do médico da sua cidade. Sendo bastante curioso, ele começou a decifrar as receitas e aproveitou a oportunidade para aprender a manipular os medicamentos. Sempre muito dedicado, logo assumiu a responsabilidade do laboratório da farmácia.
Ao terminar os serviços, Ataulfo ia para casa, em Rio Comprido, pronto para participar de uma roda de samba. O antigo repentista que acompanhava seu pai logo demonstrou a sua paixão pelo gênero.
Carreira Musical
Ataulfo então decidiu aprender a tocar violão e já possuía um cavaquinho. Ele começou a organizar um conjunto que tocava nas festas do seu bairro. Promovido à função de prático de farmácia, em 1928, com apenas 19 anos, ele se casou com Judite. Um ano depois nasce a sua primeira filha, Adélia.
Nesse período ele conheceu a jovem Carmem, uma amiga das filhas de seu patrão, que mais tarde viria a se tornar a grande cantora Carmem Miranda.
Porém, os domingos eram os dias para a reunião da turma do Rio Comprido, que formaria o bloco “Fale Quem Quiser”, e Ataulfo se tornou o diretor de harmonia. Na mesma época ele começou a fazer as suas primeiras composições musicais.
No ano de 1934, Ataulfo foi convidado para visitar os estúdios RCA Victor, onde ele foi recebido pelo diretor Mr. Evans, um estadunidense entusiasmado com a música do Brasil. Ataulfo, com seu cavaquinho na mão, começou então a cantar as suas músicas.
Na gravadora, encontra Carmem Miranda, que já gravou algumas músicas e decide gravar uma música de Ataulfo. A escolhida foi “Tempo Perdido” que por ser uma música nostálgica não fez sucesso, mas lançou o nome de Ataulfo.
Últimos anos
A carreira de Ataulfo foi marcada por diversas colaborações musicais até o fim de sua vida. Depois das inúmeras gravações e parcerias, em 1961 Ataulfo ainda participou da caravana que o Humberto Teixeira organizou para a divulgação da música do Brasil na Europa. Ele levaria em sua bagagem: Mulata Assanhada e Na Cadência do Samba.
Numa festa em Estocolmo, Ataulfo se emocionou no momento em que ensaiava e ouviu algumas vozes falando “Nunca vi tamanha exigência”. Ataulfo alegou que sentiu um “nó na garganta” nesse momento.
No ano de 1967 ele lançou a música “Laranja Madura”, uma das suas principais canções e que mereceu diversas gravações, conquistando de forma imediata o público geral.
Dois anos depois, em 1969, ele fez uma nova viagem para fora do país. Desta vez ele representou o Brasil no 1º Festival Internacional de Arte Negra, que aconteceu em Dakar, capital de Senegal. Ataulfo Alves viria a falecer naquele mesmo ano no dia 20 de abril de 1969, no Rio de Janeiro.