A luta de reinvindicações pela participação mais ativa das mulheres dentro da política, concedendo as mesmas o direito pleno a votarem e a serem votadas e ficou conhecida como sufrágio
Até o ano de 1893, que foi quando as mulheres neozelandesas obtiveram direito ao sufrágio, todas as decisões da política de países democráticos eram tomadas pelos homens brancos que pertenciam à elite.
Essa segregação de gênero, classe, raça e escolaridade restringiu durante séculos a atuação de muitas pessoas nos eleitorados e também nas candidaturas. Nesse artigo iremos compreender certos detalhes de como o movimento sufragista foi importante para mudar a nossa realidade, principalmente a das mulheres.
O que foi o movimento
Esse movimento começou no século XIX e consiste em uma luta de reinvindicações pela participação mais ativa das mulheres dentro da política, concedendo as mesmas o direito pleno a votarem e a serem votadas.
Em um período importante posterior à Revolução Francesa, alguns países ocidentais começaram a passar por fortes mudanças sociopolíticas direcionadas à ampliação dos direitos civis. Foi ai que começou a surgir a primeira onda do movimento feminista no mundo, que buscava o sufrágio feminino.
As sufragistas questionavam toda a razão pela qual recebiam confiança para exercer funções importantes, mas ainda não tinham acesso ao mundo da política. Os homens conservadores defendiam que isso iria destruir a família tendo apoio até mesmo de filósofos iluminados como Immanuel Kant e Rousseau, que alegavam uma menor capacidade intelectual das mulheres para desenvolver essas funções.
As sufragistas ao redor do mundo
Mesmo que o movimento sufragista tenha como data o ano de 1897 e ter origens britânicas, existe uma discussão acerca da luta política feminina que existe desde o século XIX. No ano de 1791, a escritora Olympe de Gouges publicou a “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã” na qual criticava a “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”, promulgada na França dois anos antes. Ela foi, então, condenada à pena de morte, sendo acusada de trair os ideais do país que estava sob uma revolução.
Em outros tempos começaram a existir a aprovação do voto feminino, como em 1893 na Nova Zelândia e em 1906 na Finlândia. Essas aprovações, fruto da luta feminista, acabou impulsionando outras mulheres dos paises em revolução, que continuaram lutando pelos seus direitos. Nos Estados Unidos o movimento também ganhava força, por exemplo.
Esse movimento tinha como tática teórica questionar o patriarcado e, em determinado momento, buscava se unir às causas abolicionistas, onde as estadunidenses da classe média alta pressionaram ainda mais os legisladores e governantes com ofícios.
É essencial ressaltar, entretanto, que toda a tentativa par alinhar com a causa negra não significava para a maior parte das sufragistas brancas uma postura anti racismo, muito menos que elas buscavam por fim a essas segregações. Na luta pelos direitos civis da população afro-americana, pelo abolicionismo e pelo sufrágio feminino negro, destacaram-se nomes como os das ativistas Harriet Tubman e Sojourner Truth.
O sufrágio feminino no Brasil
Desde o século XIX, diversos projetos para a reformulação do sistema de eleição foram apresentados no país pelos deputados que defendiam o movimento sufragista feminino, mas nenhum foi aprovado. Um pouco mais tarde, já no início do século XX os movimentos sufragistas e feminista começaram a ganhar força no país.
Em 1910, a professora baiana Leolinda Daltro fundou o Partido Republicano Feminino e, doze anos depois, Bertha Lutz deu início à Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. Ambas as organizações buscavam pressionar o governo em prol da obtenção de direitos para a mulher, como o de votar, realizando congressos, passeatas e abaixo-assinados.
No ano de 1927, as eleições do Rio Grande do Norte passou por uma mudança que deu ponto final nas distinções de gênero nas condições exigidas para votar. Cumprindo praticamente todos os critérios propostos na nova lei, Celina Guimarães Viana tentou e conseguiu uma autorização para votar nas eleições para senador de 1928. Esse ato inspirou inúmeras mulheres a fazerem o mesmo.
Ainda nesse período, depois dos votos femininos serem anulados, Alzira Soriano se candidatou para o cargo de prefeita da cidade de Lajes, e ganhou a eleição se tornando a primeira mulher a assumir um cargo político no país.
O direito de sufrágio para as mulheres brasileiras, assalariadas e alfabetizadas se deu no ano de 1932, com o governo Vargas. Logo mais tarde, depois da Constituição de 1946, o voto passou a ser um direito de todas as pessoas maiores de 18 anos e alfabetizadas. A partir de 1985, todas as pessoas que também eram analfabetos passaram a exercer esse importante papel.