Uso de cores fortes e contrastantes, deformação da figura e pinceladas marcantes são características importantes do expressionismo, assim como na literatura, introduzindo uma simultaneidade no estilo que procurava revelar mais do que explicar em si
Para explicar o que foi o expressionismo é necessário começar pelo significado da palavra. Esse termo deriva da palavra “expressão”, e está muito ligado ao movimento artístico como um todo. Quando o artista percebe a realidade a partir das impressões emotivas, o mesmo tenta expressar a sua maneira singular de observar o mundo.
O que foi o expressionismo
Para ficar mais claro, vamos usar como exemplo a imagem mais famosa do movimento, que é a obra “O Grito”, de 1893. Nessa pintura conseguimos observar uma figura humana sem o sexo definido em um momento de grande desespero. A angústia não está presente apenas no personagem central, mas em todas as figuras que são apresentadas na obra.
As pinceladas deformadas e fortes parecem imprimir a cada objeto que está ali representado o efeito de grito desesperador. As cores que foram usadas são fortes e consegue aumentar ainda mais a sensação de uma emoção intensa que contamina a natureza e se manifesta ali. E, embora esse seja o exemplo mais usado para fixar as características do movimento, o pintor não era necessariamente um expressionista. Edvard Munch foi o precursor desse movimento que começou na Alemanha em meados de 1905.
Está diretamente associada à criação de um grupo de artistas que tinham como foco se opor ao positivismo imposto pelos impressionistas. Eles davam vazão para o mal-estar típico daquela Europa que ia em direção à Primeira Guerra Mundial. A realidade horrível que se desenhava no horizonte não tinha como ser expressa de maneira tranquila. Porém, existem mais características desse movimento que foi explorado depois desse período. Confira no nosso artigo as diversas atuações do expressionismo e os seus detalhes.
Características do Expressionismo
Podemos destacar algumas características como principais traços da pintura no movimento expressionista. São elas:
- Uso de cores fortes e contrastantes;
- Deformação da figura, contornos deformados
- Uso de pinceladas marcantes, como se o gesto fosse determinante da imagem
- Grossas camadas de tinta
- Temas sombrios como forma de deixar clara a relação entre imagem e percepção subjetiva.
O Expressionismo nas artes visuais
O expressionismo foi um movimento muito influente dentro das artes plásticas, deixando algumas marcas profundas nessa cultura. A classificação de uma obra como um trabalho expressionista não tem que representar uma dificuldade para quem observa. A palavra chave para identificar traços dessa escola é a deformação.
Podemos citar como exemplo o filme expressionista “O gabinete do Dr. Caligaris”, de 1920, para mostrar o quão o expressionismo era fácil de ser notado. No filme preto e branco é possível observar nas cenas o gosto pela imagem deformada e pelo exagero.
Em algumas cenas do filme é possível ver como as paredes estão distorcidas, e isso lembra muito os traços do pintor Van Gogh. Os personagens do filme moram em um ambiente bem opressor, e isso é percebido com facilidade por quem assiste. A maquiagem é mais carregada do que o normal, e isso rende um caráter mais dramático para a obra.
É possível sentir com facilidade a catástrofe daquela sociedade europeia apenas observando as cenas do filme. Não foi a toa que Adolf Hitler condenava esse tipo de arte em seu regime. No ano de 1937, o ditador organizou, na cidade de Munique, uma exposição artística de expressionistas e chamou aquelas obras de artes degeneradas.
O Expressionismo na literatura
Existiu no continente europeu uma literatura expressionista da renovação estilística e temática. Os autores daquele período não obedeciam em nada o encadeamento da argumentação baseado na causa-consequência, muito menos na sucessão clara temporal. Eles introduzem uma simultaneidade no estilo que procurava revelar mais do que explicar em si.
Um ótimo exemplo de autor expressionista na literatura e que se aproxima muito desse tipo de postura é Franz Kafka. Esse autor cria alguns enredos alegóricos absurdos nas suas obras. Em um dos seus sucessos, “A Metamorfose”, por exemplo, ele parte de uma situação inicial onde o protagonista, sem nenhuma explicação, se transforma em uma espécie de inseto.
No Brasil não é possível notar grandes expoentes da prosa expressionista. Porém, é comum atribuir alguns traços dessa importante escola às obras de Raul Pompéia, principalmente no romance “O Ateneu”. O escritor naturalista/realista apresenta alguns quadros exagerados devido a uma rande carga de emoção do narrador ao descrever os personagens. Ele acaba reduzindo-os a algumas caricaturas bem grotescas.