Frei Abobora não é frei, mas é conhecido pelos índios assim. Esse é o nome da personagem principal do livro de José Mauro de Vasconcellos, As Confissões do Frei Abóbora (Ed Melhoramentos). Esgotado desde a década de 80, o livro foi ganhador do prêmio Jabuti e se tornou filme protagonizado por Tarcísio Meira.
O livro conta a história de um homem que trabalhava como modelo para estudantes de artes e que após ter uma decepção amorosa se muda para a Amazônia onde dedica sua vida a ajudar os índios.
Estava ansiosa para ler o livro, Vasconcellos é um dos meus autores brasileiros favoritos e seu modo de escrever sempre me agradou. A narrativa dele continua me agradando, mas o enredo não me conquistou. Escrito em forma de flashback, onde os acontecimentos atuais se alternam como fatos do passado é muito interessante e nos leva a conhecer mais Abóbora, mas as vezes senti que a história parecia as vezes forçada, como animais conversando e fazendo comentários parecidos com o de seres humanos (o que tornava as conversas muito repetitivas).
Em determinado momento tive a sensação de estar relendo parte de Meu Pé de Laranja Lima, a parte do natal, onde abóbora vai engraxar sapatos para ter dinheiro para comprar algo para o pai é muito semelhante à mesma situação descrita na outra obra de Vasconcellos, até mesmo em detalhes sobre os amigos que a personagem encontra no caminho.
Apesar de me considerar uma leitora que não larga o osso roído, não consegui terminar o livro tamanho minha decepção. Espero conseguir ler em outro momento e, quem sabe aproveitar melhor o livro. A história não me pegou e a sensação de dejá vu me fez largar o livro por completo.
Apesar disso, continuo tendo o autor entre meus preferidos e quero ler outros livros dele.