Escritora, filósofa, memorialista e feminista, Simone de Beauvoir é uma das maiores representantes do existencialismo na França.
Dona de um espírito inquieto e revolucionário para sua época, Beauvoir rejeitou modelos, hierarquias e valores.
A sua contribuição trazida pela filósofa à luta das mulheres mundo afora sempre foi forte e sua principal bandeira. Suas ideias ecoam nas discussões modernas sobre direitos femininos e na negação das opressões de gênero.
Por isso, muitas de suas frases continuam em voga, como a famosa “Não se nasce mulher, torna-se mulher”.
Infância e estudos
Simone Lucie Ernestine de Marie Bertrand de Beauvoir, nasceu em Paris em 1908. Filha de um advogado e leitor compulsivo, desde a adolescência já sonhava em ser escritora.
Para realizar esse sonho, Simone estudou Filosofia na Universidade de Sorbonne, onde entrou em contato com outros jovens intelectuais como René Maheu e Jean-Paul Sartre, com quem manteve um longo e polêmico relacionamento. Em 1929 concluiu o curso de Filosofia.
Em seguida, aos 23 anos, Simone foi nomeada professora de Filosofia na Universidade de Marseille, onde permaneceu até 1932. Ela também deu aulas em Ruen e, em 1936, retornou à Paris como professora de Filosofia do Lycée Molière.
Simone e Jean Paul-Sartre
Foi também na Universidade de Sorbonne que Simone conheceu Jean Paul-Sartre, parceiro intelectual e com quem teve um relacionamento aberto toda a vida (cerca de 50 anos).
No entanto, ela escolheu nunca se casar e não constituiu uma família com Sartre. Por um lado isto lhe deu tempo para conquistar um grau acadêmico avançado, para lutar por causas políticas. Mas por outro também lhe proporcionou tempo para viajar, escrever, ensinar e ter amantes.
Obras
Sem dúvida, sua grande contribuição foi no campo dos estudos sobre o feminismo e na luta da igualdade de gênero. Aliado a isso, Beauvoir foi adepta da teoria existencialista, onde a liberdade é a principal característica.
Já em seu primeiro romance, “A Convidada”, ela aborda os dilemas existenciais de liberdade de uma mulher de trinta anos. Esta, ao se ver com ciúme, raiva e frustrações com a chegada de uma jovem estudante que se hospeda em sua casa ameaçando desestruturar a vida de um casal.
Em sua obra “O segundo sexo” Simone aborda sobre o papel da mulher na sociedade e a opressão feminina num mundo dominado pelo homem. Nessa época, o livro foi considerado agressivo e incluído na lista de negra do Vaticano.
Já no romance “Os Mandarins” Simone retrata a sociedade francesa no pós-guerra. Ali, temas políticos, morais e intelectuais são discutidos pela autora. Com essa obra, Beauvoir recebeu o Prêmio Goncourt.
De suas autobiografias a obra “Memórias de uma moça bem-comportada” se destaca. É aqui que Simone apresenta relatos reais de sua vida com foco nos dogmas da igreja e nos comportamentos de família. Nessa obra, também podemos notar o feminismo de Beauvoir.
Uma das últimas obras “Cerimônia do Adeus”, Simone sobre o doloroso últimos anos de Sartre. Com estilo de romance, ela fala sobre o declínio da mente poderosa e pela deterioração do corpo de seu companheiro.
Principais polêmicas
Cheia de ideias polêmicas, Beauvoir conquistou muitos admiradores e por outro lado, pessoas que abominam suas ideias.
Um exemplo de suas ideias mais polêmicas está relacionada com o casamento e a maternidade. Para ela, o casamento é uma instituição problemática e falida da sociedade moderna.
Por isso, a maternidade, é uma espécie de escravidão, onde a mulher abdica de sua vida tendo a obrigação de casar, procriar e cuidar da casa. Sendo assim, para Simone a mulher deve ter autonomia.
Também, a independência em relação ao homem é o que trará a liberdade e a emancipação feminina, segundo Beauvoir. Para ela, a manutenção da ideia de submissão feminina é o que garante aos homens a falsa sensação de superioridade.
Mas, no fim, a grande questão é que ela teve um papel imporantíssimo nas ideologias feministas do século XX. Seus estudos estiveram baseados em teorias políticas, filosóficas, históricas e psicológicas.
Morte
Após a morte de Sartre, Simone se entregou ao álcool e às anfetaminas. No fim, ela faleceu em 1986 de pneumonia em Paris, aos 78 anos de idade. Seu corpo encontra-se sepultado no mesmo túmulo de Jean-Paul Sartre no Cemitério de Montparnasse, na França.