O Humanismo é o movimento literário que surge no século XV, após o Trovadorismo.
O Humanismo na literatura surge como demanda da própria sociedade, em amplo crescimento econômico e social.
Período das Grandes Navegações, a sociedade do século XV começa a questionar os princípios do Sistema Feudal, e simpatiza com uma economia burguesa. Ou seja, que dá livre acesso ao comércio, maior liberdade pessoal, direitos civis e religiosos.
O nome burguesia diz respeito aos burgos: construções ao redor dos palácios, protegidas por uma muralha de pedra. Dentro dos burgos havia grande concentração de pessoas e comércios.
Características principais do Humanismo na Literatura
Racionalidade:
O aparecimento da burguesia ressignifica o modo simplório em que as pessoas viviam, e traz uma concepção mais intelectual e científica às produções.
Antropocentrismo
O pensamento intelectual da época permite que se questione práticas teocêntricas, e se passe a valorizar o conhecimento e a razão.
Diferentemente do Trovadorismo, que tinha a religião como direcionadora da sociedade, no Humanismo, o poder e o conhecimento ficam centralizados no homem.
Apego às ideias clássicas
A monarquia perde sua força e é pouco a pouco substituída por um amadurecimento filosófico. Os intelectuais refletem mais sobre questões morais e pessoais que os cercam.
Busca da Perfeição
As criações do Humanismo eram escritas e destinadas aos nobres, por isso buscavam o que é Belo e Perfeito para agradar a seu público.
Nesse sentido, o pensamento Humanista na literatura abarca todas essas referências e conceitos.
Tipos de criações Humanistas
Poesia Palaciana: é um reflexo da poesia Trovadoresca, que era cantada. A diferença é que a criação humanista é agora recitada. Os poemas relatavam o dia a dia da nobreza, ou expressavam sentimentos e emoções.
Meu amor tanto vos quero,
que deseja o coração
mil cousas contra a razão.
Porque, se vos não quisesse,
como poderia ter
desejo que me viesse
do que nunca pode ser?
Mas conquanto desespero,
e em mim tanta afeição,
que deseja o coração.
(Aires Teles)
Teatro (autos e farsas): o teatro Humanista é conhecido pelas obras de Gil Vicente, autor que foi estudado nos vestibulares até pouco tempo atrás.
Os Autos possuíam um caráter religioso, porém com intensa crítica social.
O mais famoso é o Auto da Barca do Inferno. Narra a história de um grupo de personagens mortos, que precisam convencer um diabo e um anjo a irem ou para a barca que vai para o céu, ou a que vai para o inferno.
Veja um trecho perspicaz:
Anjo — Que quereis?
Fildalgo — Que me digais, pois parti tão sem aviso, se a barca do Paraíso é esta em que navegais.
Anjo — Esta é; que demandais?
Fildalgo — Que me leixeis embarcar. Sou fidalgo de solar, é bem que me recolhais.
Anjo — Não se embarca tirania neste batel divinal
As Farsas eram textos de um auto só e extremamente cômicos, com o objetivo de tirarem sarro da sociedade como um todo. Possuíam menos personagens e um enredo mais simplificado.
A Farsa de Inês Pereira é um exemplo:
Inês está concertada
Pera casar com alguém?
MÃE: Até `gora com ninguém
Não é ela embaraçada.
LIANOR: Eu vos trago um casamento
Em nome do anjo bento.
Filha, não sei se vos praz.
INÊS: E quando, Lianor Vaz?
LIANOR Eu vos trago aviamento
Para resumir, o Humanismo na literatura valorizava o pensamento racional e antropocêntrico, com textos que questionamento a estrutura da sociedade.
Para ler o que são as escolas literárias, fizemos um post que fala sobre elas.
Aqui, você pode ler mais sobre o Trovadorismo, movimento que antecedeu o Humanismo.