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Anne Frank: Vidas Paralelas

Em homenagem a Anne Frank que completaria neste ano, 91 anos, a Netflix inseriu em seu catálogo esse documentário com a vida da jovem e o entrelaçamento com mais cinco outras sobreviventes do Holocausto. O documentário é dirigido pelas diretoras: Anna Migotto e Sabina Fedeli.

Além disso, o documentário conta a história de uma jovem nos dias de hoje que, encontrou o famoso diário de Anne, escrito durante o tempo que ficou escondida em uma casa de Amsterdã. A jovem ficou tão maravilhada com as palavras de Anne que decidiu visitar os locais registrados ali.

É possível acompanhar todos os passos, da saída da casa em Amsterdã, até a captura e aprisionamento de toda família e sua transferência para Auschwitz. E ainda, a última viagem de 1944, com sua irmã Margot para o campo de concentração em Bergen-Belsen. E além de toda viagem, conhecemos um pouco das condições impostas às pessoas que ficaram aprisionadas no local.

Apesar de serem fatos resultantes da Segunda Guerra Mundial, o documentário não se prende aos conflitos militares, mas sim as memórias de mulheres idosas que viveram na pele aquela parte tão terrível da história da humanidade (se é que podemos chamar de humanidade)… E ao ouvir os relatos, podemos ter um pequeno entendimento a respeito sobre o que pode ter passado Anne Frank.

Além dessas informações, o documentário traz uma visão atual de como as gerações de sobreviventes, enfrentam esse “shoah”, em Israel e na Europa. Para quem não sabe, essa palavra quer dizer calamidade e se tornou um padrão para eventos dessa magnitude. Isso é algo que os próprios descendentes não permitem esquecer.

Acreditam que, por mais terrível que tenha sido, é preciso manter acesa essa lembrança para que os mesmos erros não sejam cometidos em nosso agora. Por isso, a necessidade de trazer sempre à tona os horrores do Holocausto e todo o sofrimento inquerido aos seus respectivos alvos.

Outro fato que o documentário tenta apagar das mentes das pessoas é a compreensão que, os líderes de tal movimento eram pessoas malucas. Eles não eram malucos, eram pessoas que sabiam muito bem o que estavam fazendo. E isso é algo que poderá acompanhar durante os testemunhos das pessoas que relatam suas histórias no documentário.

Trazer a lembrança tais fatos, pode parecer não fazer sentido, no entanto, segundo alguns relatos, tudo começa através de discursos nacionalistas, que defendem liberdade, entre outras coisas que parecem muito bom para muitas pessoas, no entanto, esse é um tipo de discurso que encobre sua verdadeira intenção.

E isso é algo que precisamos tomar muito cuidado. Os nazistas, em alguns documentários são apresentados como psicopatas e maníacos, poderiam até ser devido a profundidade de suas atrocidades, mas, infelizmente, seu atentado contra a humanidade foi de livre e espontânea vontade e todos estavam dentro de suas respectivas lucidez. 

E quanto a Anne Frank… Quem faz a ligação entre os relatos, a jovem e o diário é a atriz Helen Mirren que não é apenas uma ótima atriz premiada inserida em um contexto para atrair maior expectativa, mas sim devido ao seu poder narrativo e de traduzir o que Anne buscava em suas anotações: esperança de escapar daquela situação.

Os eventos do documentário são tão bem encaixados e apresentados que puxa o telespectador de volta aquele tempo absurdo, onde, entre tantos prantos e desespero, a esperança só deixava de existir quando fechavam finalmente os olhos para aquelas atrocidades. 

É emocionante acompanhar os testemunhos, juntamente com a narração da atriz, pode custar uma noite de sono devido a tristeza de momentos tão negros, no entanto, vale a pena deixarmos tais absurdos vivos para combatermos quando a chama epidêmica e doentia ressurgir entre nós.

 

Aqui no Beco já falamos sobre museu de Anne Frank e outros livros sobre ela, para conhecer mais, clique aqui.

 

Luciana
Jornalista e editora, mestre em rádio e televisão.

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