Mesmo tendo sofrido críticas pesadas em relação ao seu trabalho, Malfatti foi uma das maiores líderes do Modernismo no Brasil.
O começo da carreira de Anita Malfatti
Anita Catarina Malfatti nasceu em 1889, em São Paulo capital. Seu pai era Samuele Malfatti, um engenheiro italiano, e a mãe era Eleonora Krug, uma cidadã norte-americana. Anita nasceu com uma malformação no braço direito e por isso foi levada, com apenas três anos de idade, para a Itália, na expectativa de que a medicina de lá conseguisse curá-la. No fim das contas, ela acabou tendo que lidar com a deficiência, mesmo destra.
Seus primeiros estudos se deram no Externato São José, no ano de 1897. Futuramente ela se tornaria professora. Porém, nessa época, seu pai morre e sua mãe passa a dar aulas para manter as finanças da família. Essas aulas eram justamente de artes e Anita acompanhava todas elas.
Mesmo com essas dificuldades, Anita não deixava de sonhar. Ela queria estudar em Paris e com ajuda das amigas e de um tio conseguiu viajar para a Alemanha. Lá ela foi aluna de Fritz Burger, um pintor pontilhista. Em breve ela entrava para a Academia de Belas Artes de Berlim.
Ela teve outro mestre, Lovis Corinth, que despertou o interesse de Malfatti para o Expressionismo. No começo do século XX, por conta da Grande Guerra, Anita decide retornar ao país natal, depois de quatro anos produtivos de estudo na Europa. Aqui ela fez sua primeira exposição de arte, com 24 anos.
O tio de Anita a ajuda novamente e ela viaja para os Estados Unidos a fim de aprimorar mais ainda suas técnicas. Seu próximo mentor, nesse período, foi Homer Boss, um filósofo e artista. Depois de aproximadamente três meses em território norte-americano, ela retorna ao Brasil e apronta sua famosa exposição modernista criticada duramente por Monteiro Lobato.
A exposição fatídica
O ano era 1917 e após o evento artístico, Lobato publicou sua crítica no jornal Estado. Essa resenha fez cinco dos oito quadros comprados serem devolvidos à artista e alguns quase foram destruídos a golpes de bengala (inclusive pelo tio que tanto a apoiava). O que para Anita era modernismo, para o literato nacionalista eram meras caricaturas.
Monteiro Lobato também afirmava que as obras não tinham nada de novo e que pareciam fruto de uma mente doentia e psicótica. Ela chegou a ter depressão devido a todas essas críticas.
Em 1919, a artista conhece Tarsila do Amaral. Ambas eram alunas do mestre da natureza-morta, Pedro Borges. Com a Semana de Arte Moderna de 1922, ela entra para o Grupo dos Cinco e ganha a frente do movimento modernista brasileiro. O que fazia todo o sentido, já que ela já agia como modernista há anos, mesmo quando recebeu as críticas cruéis inflamadas por Lobato.
“A Boba” foi uma das telas mais famosas. O quadro é um misto de Expressionismo com Cubismo e Futurismo. As cores verdes, laranjas e amarelas destacam as linhas escuras na diagonal, evidenciando a influência cubista, e a fisionomia vaga da mulher é típica do Expressionismo.
Ao longo da carreira ela viaja a estudos e trabalho mais algumas vezes. Ela chega a se casar com outro grande artista modernista, Mário de Andrade. Mas depois que ele e a mãe morrem, ela decide se afastar da vida urbana e se mudar para uma chácara em Diadema, onde viveu até seus 74 anos..
Por incrível que pareça, apenas agora em 2020 que o site sobre a artista foi ao ar com a exibição de cartas, desenhos e outras produções pessoais. Acesse o Ver Anita aqui.