Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça, é ela que passa, fazendo pirraça… Com certeza você já deve ter ouvido essa canção por aí. Ela é tão famosa que já marcou presença em filmes internacionais. Garota de Ipanema foi uma parceria entre Antônio Carlos Jobim e o poeta/compositor, Vinicius de Moraes, que falaremos neste artigo.
Vinicius de Moraes, ou melhor, Marcus Vinicius Melo de Moraes, nasceu no estado do Rio de Janeiro no dia 19 de outubro de 1913. E foi um dos maiores poetas que o Brasil teve orgulho de chamar de brasileiro, além de poeta de destaque, Vinicius também exerceu as profissões: jornalista, dramaturgo, cantor, diplomata e compositor.
Vinicius também era conhecido como “poetinha”, apelido carinhoso que ganhou devido ao lirismo de seus poemas, e o responsável pela alcunha só poderia ser outro grande nome de peso para a arte brasileira: Tom Jobim, amigo e parceiro de grandes canções.
O nosso “poetinha” ganhou fama devido aos seus sonetos, porém, não foi apenas nas letras que Vinicius chamava atenção. No filme do Cazuza, O Tempo não Para, em um momento, o garoto Cazuza e Pedro Bial invadem um apartamento e quem encontram em uma banheira com uma máquina de escrever?
Quem disse: Vinicius de Moraes, acertou. Quando os dois garotos invadem, se deparam com Vinicius sentado na banheira, de samba-canção, copo de uísque, charuto e uma máquina de escrever apoiada em uma madeira que ia de lado a lado da banheira.
Neste momento, podemos perceber que, o que dizem a respeito do “poetinha”, é fundamentado em suas próprias atitudes. Era um poeta que adorava a boêmia, fumar e beber. Era um homem repleto de paixões, tanto é que casou nove vezes.
Vinicius conta com uma obra vasta. Seus trabalhos passam pela literatura, cinema, teatro e música. Mesmo com todos esses atributos e capacidades,Vinicius sempre teve um carinho especial pela poesia, talvez pelo fato de ser ver, antes de qualquer outra, um poeta.
Para você ter ideia da importância do poetinha para a música brasileira. Ele é considerado um dos fundadores da Bossa Nova dos anos 50, estilo musical que não faz sucesso apenas no Brasil, mas no mundo inteiro. Além disso, o nosso poetinha é um dos grandes poetas da Segunda Fase do Modernismo.
Vinicius de Moraes e sua carreira estudantil
Vinicius ingressou no curso de Direito na Faculdade Nacional do Rio de Janeiro no ano de 1929 e seguiu os estudos corretamente até sua formatura em 1933, entretanto, não chegou a exercer a profissão. No ano que se formou, lançou seu primeiro livro de poemas “O Caminho para a Distância”.
Vinicius de Moraes e sua carreira profissional
Claro, era um poeta, no entanto, Vinicius exerceu outras funções, como por exemplo, foi representante no Ministério da Educação e atuava no campo da censura cinematográfica, essa profissão exerceu até o ano de 1938.
Foi neste mesmo ano que, Vinicius, recebeu uma bolsa de estudos na Universidade de Oxford, Londres. Lá ele cursou Literatura Inglesa. No ano de 1939, trabalhou na BBC Londrina e no ano de 1940, começou a trabalhar no jornal “A Manhã”, onde começou sua carreira de jornalista realizando críticas de cinema.
Vinicius de Moraes e sua carreira diplomática
Mas Vinicius queria explorar outras profissões e acabou sendo aprovado em um concurso para Diplomata. No ano de 1943 segue para os Estados Unidos onde ocupa o posto de vice-cônsul em Los Angeles. Também serviu em Paris, Montevidéu e Paris.
Regressou à sua terra natal em 1964 e quatro anos depois, acabou se aposentando compulsoriamente através do Ato Institucional Número Cinco.
Vinicius de Moraes teatro e música
Vinicius de Moraes, no ano de 1956, levou ao palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, a sua peça, Orfeu da Conceição, que contava com músicas em parceria com Tom Jobim. O sucesso da peça foi tão grande que acabou sendo levado às telonas pelo francês Marcel Camus que, batizou o filme com o nome de “Orfeu Negro”, ganhando diversos prêmios, inclusive, o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1959.
Vinicius retorna ao Brasil e começa a se dedicar à sua poesia e a sua grande paixão, a música, para isso, faz grandes parcerias com músicos de qualidade, como por exemplo: Toquinho, Tom Jobim, João Gilberto, Chico Buarque, entre outros.
As músicas mais famosas de Vinicius, são: Garota de Ipanema, Gente Humilde, Arrastão, A Rosa de Hiroshima, Berimbau, A Tonga da Mironga do Kaburetê, Canto de Ossanha, Insensatez, Eu sei que vou te amar e Chega de Saudade.
Rancho das Flores nasceu em 1961 e foi inspirada no tema: Jesus, Alegria dos Homens, de Johann Sebastian Bach. E com a música, Arrastão, em parceria com Edu Lobo, ganha o Primeiro Festival Nacional de Música Popular Brasileira.
Já com a parceria de Toquinho, Vinicius entregou ao mundo músicas imortais, como por exemplo: Aquarela, A Casa, As Cores de Abril, Testamento, Maria vai com as outras, Morena Flor, A rosa desfolhada, Para viver um grande amor e Regra Três.
Vinicius participou de diversas gravações e shows com grandes compositores e cantores, como por exemplo: Chico Buarque, Dorival Caymmi, Elis Regina, Miúcha e Maria Bethânia, Maria Creuza, entre outros. No ano de 1980, ano de seu falecimento, Vinicius lança o álbum Arca de Nóe, uma produção voltada para as crianças e, algum tempo depois, ganhou um especial para televisão.
Vinicius de Moraes e sua produção poética
Ele próprio dizia que seu trabalho na poesia se dividia em dois períodos, isso aconteceu em 1955. Seu primeiro livro chegou recheado de cristianismo e misticismo, essa fase vai de 1933, que foi o lançamento de “O caminho para a distância” e acaba no ano de 1936, com o lançamento de “Ariana, a Mulher” em 1936.
A segunda fase como no ano de 1943, com o livro “Cinco Elegias” e nesta fase, deposita todo seu sentimento, é o momento que podemos nos deparar com poesias mais viril. Segundo ele, nessa fase deixou sua repulsa ao idealismo, às coisas materiais, etc.
O nosso poetinha, falece no dia 09 de julho de 1980, devido a problemas recorrentes de isquemia cerebral.
Obra de Vinicius de Moraes
Poesia:
- O Caminho Para a Distância (1933)
- Forma e Exegese (1935)
- Ariana, a Mulher (1936)
- Novos Poemas (1938)
- Cinco Elegias (1943)
- Poemas, Sonetos e Baladas (1946)
- Pátria Minha (1949)
- Antologia Poética (1955)
- Livro de Sonetos (1956)
- O Mergulhador (1965)
- A Arca de Noé (1970)
- Teatro:
- Orfeu da Conceição (1954)
- Cordélia e o Peregrino (1965)
- Pobre Menina Rica (1962)
- Prosa:
- O Amor dos Homens (1960)
- Para Viver Um Grande Amor (1962)
- Para Uma Menina Com Uma Flor (1966)